Edição 439 | 31 Março 2014

Brasil, a construção interrompida

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Redação

"Não há tema mais atual do que a memória", afirma o pesquisador José Carlos Moreira. "Entender o passado como morto é o caminho mais rápido para eliminarmos nosso futuro", destaca ele em entrevista publicada nesta edição. O direito à memória e ao não esquecimento são as principais razões para a IHU On-Line publicar este segundo volume sobre os 50 anos do Golpe Civil-Militar. As duas edições inserem-se no contexto do Ciclo de Estudos 50 anos do Golpe de 64. Impactos, (des)caminhos, processos, promovido pelo Instituo Humanitas Unisinos - IHU.

Ricardo Ismael de Carvalho, diretor do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, analisa o golpe de Estado a partir da perspectiva da produção intelectual de Furtado, um dos mais importantes economistas brasileiros. Jair Krischke, ativista dos direitos humanos, ressalta a trajetória de mentiras que marcou todo o histórico do regime militar no Brasil e suas repercussões na América Latina, analisando as origens do pensamento militar brasileiro que levou ao golpe de Estado.

José Carlos Moreira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS e vice-presidente da Comissão de Anistia, analisa as relações entre empresários e militares e o favorecimento aos simpatizantes do regime com financiamentos e contratos públicos. Juremir Machado, jornalista, historiador e professor da PUCRS, descreve a relevância do papel da mídia na legitimação do regime golpista.

Marco Aurélio Santana, sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, retrata as dificuldades e conquistas dos movimentos sindicais antes e depois de 1964. Fábio Pires Gavião, historiador e coordenador da licenciatura em História da Universidade Anhanguera de São Paulo, aborda a constituição dos movimentos sociais católicos de esquerda no contexto do golpe civil-militar de 1964.

Antônio Cechin, irmão marista, preso e torturado durante o regime, aponta que grande parte da Igreja Católica apoiou o golpe. No entanto, grupos minoritários alinhados ao Concílio Vaticano II tornaram-se importantes grupos de resistência. Já Alexandre Rocha, jornalista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, resgata a força das manifestações culturais brasileiras antes e depois do Golpe — uma força ativa e criativa combatida pelos militares.

A historiadora Claudia Wasserman, também professora da UFRGS, analisa a Campanha da Legalidade e o seu legado para a sociedade brasileira. Por fim, o documentarista Paulo Fontenelle, diretor de Dossiê Jango (2012), defende que não investigar o falecimento do ex-presidente é fechar os olhos para nossa própria história.

Complementam esta edição entrevistas com o crítico de cinema Marcus Mello, sobre a obra do cineasta francês Alain Resnais, especialmente o filme Noite e Nevoeiro (1955); com o jornalista e escritor Bernardo Kucinski, sobre seu livro com inspiração autobiográfica K. Relato de uma busca (São Paulo: Cosac Naify, 2014); e, finalmente, com o teólogo Charles Camosy, professor da Universidade de Fordham (Estados Unidos), sobre a relação do ser humano com os animais na perspectiva da ética cristã. Integra o material, também, uma matéria especial sobre o Cadernos IHU ideias nº 205, intitulado Compreensão histórica do regime empresarial-militar brasileiro, de Fábio Konder Comparato.

A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana!

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