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Redação
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004
De certa forma pessimista, nesta obra o sociólogo polonês Zygmunt Bauman busca analisar os efeitos da modernidade líquida para o caso das relações humanas e, através de uma discussão teórica bem embasada proveniente de filósofos, sociólogos e antropólogos, estabelece parâmetros sobre a inconstância da alma moderna, a fragilidade das relações e o sentimento de insegurança que vivemos. Devo admitir que já li este livro diversas vezes. Porém em doses homeopáticas e não cronológicas, já que, apesar de não ter grande número de páginas, a densidade da discussão requer muita reflexão. Não é um livro fácil, não mesmo. Bauman utiliza de sua retórica sublime para praticamente estraçalhar todo e qualquer lugar-comum tido pelo leitor.
Passando por exemplos extremos, desde a citação do que seriam os “comportamentos ideais” para uma coluna de variedades de um jornal inglês, o caso da xenofobia na Europa moderna até o uso de cercas e as divisões entre os diversos espaços privados na cidade de São Paulo, Bauman postula que é com o uso de um amor compromissado que podemos estabelecer certas noções universais básicas de convívio em sociedade. Em uma dinâmica de aceleração da vida das instituições e de sua inconstância, e face ao prolongamento da expectativa média de vida, é exatamente neste compromisso, neste “salto de fé”, que devemos embasar nossas relações.
Caio Fernando Flores Coelho, mestrando em antropologia pela UFRGS