Edição 415 | 22 Abril 2013

Dogville e o Outro: entre a inclusão e a violência

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Márcia Junges

“Dogville é uma cidade conservadora, pacata, apegada aos seus valores morais de forma tão sistemática que qualquer acontecimento capaz de quebrar sua rotina é motivo para uma reunião com todos os habitantes para se decidir o que fazer; um perfeito exemplo de democracia contemporânea. Tudo passa pelo voto coletivo, todos se tratam como iguais e se respeitam; mas diante de uma adversidade nenhum indivíduo decide sequer sua ação enquanto indivíduo. Não há espaço para o humano criativo em Dogville”. A declaração é do filósofo Fransmar Barreira Costa Lima em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, edição n. 339, de 16-08-2010, disponível para leitura e download em http://bit.ly/14BCpL2.

De acordo com o pesquisador, a personagem interpretada por Nicole Kidman, Grace, “busca por sua humanidade, pois se encontrava em meio à família de gangsteres em situação semelhante, com a diferença de seu posicionamento em busca do humano, já que ela é capaz de fugir desta realidade e privilegiar sua solidão para ouvir a interioridade no silêncio”. E acrescenta: “É extremamente significativo que ela se esconda primeiramente na mina da cidade, lugar de onde se extrai o que há nas profundezas do solo; é como se Grace buscasse escavar as profundezas de sua humanidade. É no profundo do humano, no âmago da interioridade, que a existência enquanto existência se manifesta, é aí que surge a criatividade do humano no profundo, sua integração com a verdade e com o divino de forma autêntica”. De acordo com Fransmar, Dogville é uma cidade da superfície “desumanizada por sua superficialidade já que não tem mais condições de escavar a verdade na interioridade de seus indivíduos. É uma cidade que não constrói nenhuma individualidade. Tudo ali é, como escrito na saída da mina, dictum ac factum. A principal característica do humano em Dogville é o resgate da humanidade no sentido de que, para reconhecê-la, deve ser percebida como única e singular – como uma verdade autêntica que emerge do profundo do indivíduo, de sua singularidade e de sua existência”.

O filme do diretor Lars von Trier foi exibido em 18-04-2013 dentro da programação do Cinejus, parceria do PPG em Direito da Unisinos e do Instituto Humanitas Unisinos - IHU. O debatedor foi o professor MS. Milton do Prado Franco Neto, coordenador do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos.

O próximo filme a ser exibido pelo Cinejus é 1984 (Michael Radford, Inglaterra, 1984, 123 min), em 02-05-2013. Confira os detalhes em http://bit.ly/ZDJamU.

 

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