Edição 393 | 21 Mai 2012

“Os objetivos da Rio+20 não serão rapidamente atingidos”

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Thamiris Magalhães

A nossa ideia é que tecnologias que permitem evitar as emissões dos gases do efeito estufa venham a ser mais utilizadas, afirma o secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa

O professor titular do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, frisa, em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, que os objetivos da Rio+20 não serão rapidamente atingidos. “Vai haver um período ainda para que essas tecnologias, que estão sendo discutidas, possam ser utilizadas, implantadas. A nossa ideia é que tecnologias que permitem evitar as emissões dos gases do efeito estufa venham a ser mais utilizadas, e é essa a nossa intenção”. O docente acredita que essas tecnologias ainda não estão sendo utilizadas porque são, em geral, custosas. “O barato é o petróleo. O problema do mundo é que o barato está saindo caro porque poderão ocorrer mudanças climáticas e dificuldades que irão afetar as populações dos países. Essa é a questão”. 

Luiz Pinguelli Rosa estará no IHU no próximo dia 23-05-2012, onde abordará o tema “Rio + 20 e a questão das mudanças tecnológicas”. Para maiores informações, acesse http://bit.ly/wh2tt8. 

Graduado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Pinguelli é mestre em Engenharia Nuclear pela Coppe/UFRJ - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, doutor em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ. Foi Diretor da Coppe/UFRJ por três mandatos e é ex-presidente da Eletrobrás. Atualmente é diretor da Coppe/UFRJ, professor titular do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Foi pesquisador ou professor visitante das universidades de Stanford, da Pennsylvania, de Grenoble, de Cracóvia, do Centre International pour l’Environnement et le Développement (Paris), do Centro Studi Energia Enzo Tasseli, do Ente Nazioanale per l’Energia Nucleare e Fonti Alternative, ambos na Itália, e da Fundação Bariloche, na Argentina. Foi ainda membro do Conselho do Pugwash, entidade fundada por Albert Einstein e Bertrand Russel, a qual ganhou o Nobel da Paz em 1995 e tem participado do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima – IPCC (sigla em inglês), instituição que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual o principal objetivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas para a Conferência Rio+20?

Luiz Pinguelli Rosa – Participar do debate nacional e internacional. Nosso interesse é que o Brasil tenha uma atuação importante e que, portanto, nós possamos participar desse debate. 

IHU On-Line – De que maneira as mudanças e inovações tecnológicas podem auxiliar para que os objetivos da Rio+20 sejam atingidos?

Luiz Pinguelli Rosa – Os objetivos da Rio+20 não serão rapidamente atingidos. Vai haver um período ainda para que essas tecnologias, que estão sendo discutidas, possam ser utilizadas, implantadas. A nossa ideia é que tecnologias que permitem evitar as emissões dos gases do efeito estufa venham a ser mais utilizadas e é essa a nossa intenção.

IHU On-Line – Por que elas ainda não estão sendo utilizadas?

Luiz Pinguelli Rosa – Por que são, em geral, custosas. O barato é o petróleo. O problema do mundo é que o barato está saindo caro porque poderão ocorrer mudanças climáticas e dificuldades que irão afetar as populações dos países. Essa é a questão.

IHU On-Line – Em que sentido a Rio+20, tanto do ponto de vista brasileiro como internacional, não está bem equacionada?

Luiz Pinguelli Rosa – Porque as prioridades, em minha opinião, não estão incluindo, por exemplo, essa questão da mudança do clima. Isso é um problema que deveria ser mais desenvolvido na Conferência.

IHU On-Line – Um dos principais temas da Rio+20 será a economia verde. Mas, de fato, do que ela trata? 

Luiz Pinguelli Rosa – Eu também não sei. É um rótulo que se usa e que não é muito bem definido.

IHU On-Line – Outro tema de debate previsto na Rio+20 é a questão da erradicação da pobreza no mundo. Nesse aspecto, quais os passos que o senhor considera fundamentais para que a pobreza seja de fato erradicada em nosso país?

Luiz Pinguelli Rosa – O problema da pobreza tem muito a ver com a questão da exploração do trabalho, com o capitalismo selvagem, que em alguns países ainda existe. Acredito que o Brasil melhorou a sua situação nos últimos anos, com políticas sociais como o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo etc. E isso contribui, mas há muito mais a fazer, porque as pessoas melhoraram de vida, mas ainda tem uma diferença enorme entre as condições de vida das classes média e alta e as da grande população.

IHU On-Line – Quais são as chances de sucesso da Rio+20?

Luiz Pinguelli Rosa – Acredito que não vai ser um grande sucesso. Mas espero que se avance alguma coisa em direção a um mundo um pouco mais equilibrado.

IHU On-Line – De que maneira o senhor acredita que será tratada a questão das mudanças climáticas na Rio+20? Percebe que ela será relativizada durante a Conferência? Por quê?

Luiz Pinguelli Rosa – Sim. Será relativizada e muito pouco abordada, por pressão internacional de grandes interesses econômicos de países e por uma posição nacional do Brasil em relação a isso.

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