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Redação
Professor Mario Fleig, psicanalista e professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Unisinos comenta o filme.
Mario Fleig é psicanalista e presidente da Escola de Estudos Psicanalíticos (EEP) (www.freudlacan.com.br)
“Um método perigoso”, de David Cronenber, versa sobre a relação intensa e conflituosa entre o jovem psiquiatra C. Jung e o inventor da psicanálise, S. Freud , no período crucial da expansão desta nova clínica da alma. O tema, em si, já desperta uma expectativa grande, que em parte é contemplada por atuações ímpares, pela recriação dos ambientes e pelo cuidado com os detalhes. Contudo, para quem leu o livro de John Kerr ou conhece a história da psicanálise, o filme parece mais uma caricatura. Apesar disso, o roteiro de C. Hampton escolhe o tema do sexo como o pivô em torno do qual se desenrola a relação entre Jung e Freud. Nesse embate, prevalece a valorização da posição de Freud em desfavor da pessoa de Jung, que, como se sabe, não aceitava a concepção da sexualidade freudiana. Apesar de que a discórdia entre os dois não possa ser reduzida à triangulação mediada por Sabine Speilrein, paciente de Jung, o filme vale pela magistral apresentação dos efeitos que um homem pode produzir numa mulher. Isso me evoca algo que Lacan dizia: “se para um homem uma mulher é um sintoma, um homem para uma mulher é uma devastação”. E só por isso o filme provoca em nós múltiplas interrogações. Por que o método seria perigoso? No mínimo em razão dele nos confrontar com as imediações (_peri_) do gozo.