Edição 387 | 26 Março 2012

IHU Repórter

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Thamiris Magalhães e Márcia Junges

Professora de cursos da área de TI, como Ciência da Computação e Sistemas de Informação, Vera Maria dos Santos Alves ingressou na Unisinos como estudante da graduação em Matemática. Gostava muito de matemática, mas não queria dar aulas, e sim dedicar-se à pesquisa, então resolveu mudar de curso, e assim integrou a primeira turma de Processamento de Dados da Universidade. Como trabalhava com uma linguagem de programação nova, foi convidada a lecionar no curso. Relutante, aceitou “por um semestre”. E lá se vão 35 anos de docência. Hoje, apaixonada por lecionar, apreciadora de viagens, teatro e leitura e fã de MPB Vera Alves conta um pouco mais de sua vida na entrevista que segue. Confira.

Origens – Nasci em Tramandaí e vim para São Leopoldo aos 19 anos a fim de estudar na Unisinos. Meu pai comerciante e minha mãe dona de casa, embora inicialmente insistissem para que eu ficasse morando em casa, me deram apoio e ficaram muito orgulhosos da minha trajetória. Iniciei a graduação em Matemática, mas como na época eu era muito tímida achava que não teria aptidão para dar aulas, pensava em fazer pesquisa. Durante o curso descobri que não teria muitas oportunidades para trabalhar com pesquisa, em matemática e então ingressei no curso de Tecnólogo em processamento de dados. 

Logo que cheguei a São Leopoldo, tive certeza de que não sairia mais daqui. E foi o que aconteceu. Fiz de São Leopoldo minha cidade. Aqui casei, tive um filho, descasei e vivo até hoje. 

Quem sou eu – Sou uma mulher muito feliz. Adoro minha família e gosto muito do que faço. A cada semestre parece que estou começando, pois a turma é outra. Gosto de ver a evolução do aluno que entra sem saber nada de programação e sai com uma boa base para continuar o curso.  

Família - Tenho um filho, o Daniel, de 26 anos, que é estudante da Unisinos no curso de engenharia elétrica. 

Estudos – Tudo mudou quando, no curso de matemática, fiz uma disciplina chamada “informática básica” que abordava programação de computadores. Quando estudei esse tema, me dei conta de que queria estar num curso que tivesse programação de computadores como o foco principal. No semestre seguinte iniciou na Unisinos o curso de Tecnólogo em processamento de dados. Saí da Matemática, que havia cursado por dois anos, e mudei de área. 

Terminei o curso de Tecnólogo em processamento de dados e fiz especialização em Sistemas de Informação. Posteriormente, fiz mestrado na UFRGS em ciência da computação. Trabalhei em algumas empresas, e também cheguei a ter uma empresa na área de informática.

Hoje, continuo estudando como autodidata para acompanhar as novas linguagens e os novos paradigmas que surgem frequentemente na área de Tecnologia da informação.

Vida profissional – Após concluído o curso de processamento de dados,  já funcionária de uma empresa, fiz um curso na IBM sobre uma nova linguagem de programação que estava tendo muita aceitação no mercado. Recebi, então um convite para dar aula na Unisinos em uma disciplina que ensinava essa linguagem, chamada RPG. Relutei muito porque eu não queria dar aula. O chefe de departamento da época desafiou-me a aceitar pelo menos um semestre, para compartilhar conhecimento sobre essa nova linguagem que quase ninguém dominava. Foi assim que iniciou minha carreira na Unisinos. O que era para ser apenas um semestre já são 35 anos. Descobri minha vocação para dar aulas e passei a concentra-me nelas.

Teatro – Sempre tive atração por teatro, mas nunca tinha experimentado atuar. Foi quando em 1997 nós, do centro de ciências exatas resolvemos realizar uma coisa diferente do que costumamos fazer: uma “Festa dos talentos”. O professor Aníbal Cardoso, da Ciência da computação escreveu a peça “A governadora” e nós fomos os atores. Encenamos a peça em várias ocasiões. Foi uma experiência muito gratificante e inesquecível atuar em uma área totalmente diferente da nossa e onde tudo era improvisado. A Maria Cecília, da Matemática, o Renato Carlson, da Estatística, o Armindo Cassol, ex-professor da Matemática, e eu fomos os atores. Nos apresentamos para os colegas, primeiramente, e depois para os alunos. Na peça havia duas prostitutas como personagens. Uma delas morria e a outra era muito ingênua, cheia de sonhos. A que morria “voltava” na forma de juíza de direito e realizava o sonho da amiga. Depois, tive oportunidade de atuar em mais duas peças aqui na Unisinos.

Lazer – Gosto de viajar, ler, de ir ao teatro, e caminhar.

Livro – Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez.

Filme – O silêncio dos inocentes, de Jonathan Demme.

Política – É uma pena o que está acontecendo em nosso país. Devido à corrupção e a péssima conduta da maioria dos nossos governantes a política virou sinônimo de falcatrua. Penso que as pessoas honestas, com princípios, relutam em entrar nesse campo porque o meio está contaminado e mal visto, e as coisas têm piorado consideravelmente. Cada vez mais, pessoas mal intencionadas ingressam na política para obter vantagens próprias. Todos nós temos uma parcela de culpa, pois criticamos, mas não estamos agindo. No momento que não nos envolvemos, estamos permitindo que isto aconteça.

Religião – Fui batizada na religião católica, mas não sigo nenhuma crença. 

Sonho – Ficar um mês ou dois no exterior aprendendo algum idioma e atuar em mais uma peça de teatro. Para os jovens que ingressam hoje em um curso universitário digo que é preciso correr atrás dos sonhos, e não escolher uma profissão somente pelo dinheiro, porque vais passar a maior parte da vida exercendo aquele trabalho. Então, se você não gosta de algo, não continue nessa área. Escolha ser feliz.

Viagens - No Brasil, meus lugares preferidos são Santa Catarina e Rio de Janeiro. No exterior, visitei alguns países como Espanha, França, Itália, Inglaterra, Portugal, Argentina, Holanda. Foram viagens rápidas, mas muito divertidas. Pretendo repetir algumas e conhecer novos lugares.

Frase - Tudo é importante, mas nada é tão importante. Costumo refletir sobre esta frase quando vejo que estou supervalorizando algum problema, algum insucesso, ou uma perda material. Às vezes, lamentamos porque as coisas não aconteceram conforme planejamos. Passado algum tempo olhamos para trás e concluímos que foi melhor assim. 

Música – Aprecio MPB, sobretudo Caetano, Gal, Gil.

Unisinos – Me perdoem o lugar comum, mas é, realmente, a minha segunda casa! Passo a maior parte do meu dia envolvida com os assuntos daqui. Posso dizer que cresci dentro da Unisinos, pois foi onde houve a transformação de uma menina tímida do interior na mulher que sou hoje. Todas as fases da minha vida, as perdas, as conquistas e os sucessos foram compartilhadas com meus colegas. Alguns que não estão mais na casa e outros que permanecem. Aqui choramos juntos e rimos juntos. Felizmente, a nossa sala de professores é muito animada e as pessoas são muito solidárias. Tive e tenho grandes amigo(a)s aqui dentro. Aproveito a oportunidade para agradecer a todos pelo apoio que recebi quando passei por momentos tristes. Obrigada, pois sem vocês teria sido mais difícil. Espero que tenhamos, cada vez mais, motivos para comemorar e rir muito, pois esta é a característica da nossa sala.  

IHU – Gosto da Revista IHU On-Line, embora não consiga lê-la inteira. A equipe inteira merece parabéns pela qualidade da revista.

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