Edição 385 | 19 Dezembro 2011

Editorial

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Redação

Mística, segundo o professor do programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, Faustino Teixeira, “é uma experiência que integra, em reciprocidade fundamental, as dimensões de anima (feminilidade) e animus (masculinidade) que habitam cada pessoa humana”. “Há uma ‘lógica do coração’ que transborda a ‘lógica da razão’”. A contribuição de mulheres como Hildegard de Bingen, Marguerite Porete, Teresa de Ávila, Maria Madalena, Rabi’a al-’Adawiyya, entre outras, para uma compreensão mais profunda do que é a Mística é o tema de capa desta edição da IHU On-Line.

Contribuem nesta edição pesquisadores e pesquisadoras de diversas áreas do conhecimento.

Marco Vannini, um dos maiores estudiosos italianos de mística especulativa, acredita que, para se entender a mística, é preciso partir da antropologia clássica e cristã: “Não bipartida em corpo e alma, mas tripartida: corpo, alma, espírito”. Só assim podemos entendê-la como “experiência, experiência do espírito”. Já Juan Martín Velasco, professor emérito de Fenomenologia da Religião, da Universidade Pontifícia de Salamanca, em Madri, diz que há uma atualidade da mística numa época de eclipse cultural e social de Deus e de profunda e massiva crise das religiões estabelecidas. Ainda colabora com esta edição a religiosa da congregação das Irmãs de São José e diretora-executiva da FutureChurch, organização estadunidense de renovação da Igreja, Chris Schenk, que defende que Maria Madalena, principal testemunha da Ressurreição, foi “uma líder feminina que entendeu a missão de Jesus melhor do que os discípulos homens”. Maria Madalena está ligada ao que se chama de o rosto feminino de Deus. Para Salma Ferraz, professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina, “passaram-se quase dois milênios para que a Igreja Católica começasse a repensar o papel desta mulher”. Carlos Frederico Barboza de Souza, doutor em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, frisa que mulher ou homem não importa para se “viver a experiência radical de encontro com o Mistério Profundo”. Victoria Cirlot, professora da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona, Espanha, busca resumir um “caso único” da história da mística e da espiritualidade universais. Felisa Elizondo, professora da Universidade Pontifícia de Salamanca e da de San Dámaso, de Madri, por sua vez, avalia que não é possível separar em Hildegard von Bingen suas duas características fundamentais: mística e visionária. O amor é um elemento epistêmico, não mais importante do que a deidade; é a linguagem própria de Deus mesmo, explica Maria José Caldeira do Amaral, psicóloga clínica. A nobreza, para Marguerite Porete, é a condição que nos vem do aniquilamento. Mais vale à alma, ela diz, o nada querer em Deus que o bem querer por Deus. A alma aniquilada é nobre porque, pelo aniquilamento, acolhe a obra de Deus nela”, afirma Ceci Baptista Mariani, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC-Campinas. Sílvia Schwartz, mestre, doutora e pós-doutora em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, pontua que a “teologia” do feminino divino de Porete provém da utilização do “topos da fraqueza feminina: Deus escolhe as coisas fracas – as mulheres – para confundir os fortes – os homens”. Luce López-Baralt, professora emérita de literatura espanhola e comparada da Universidade de Porto Rico, avalia que Santa Teresa escreve para homens e mulheres de todas as épocas e também de todas as religiões. Marco Lucchesi, membro da Academia Brasileira de Letras – ABL, escreve o breve texto “Feminino e mística: ‘Moradas que se abismam’’ que abre a edição.

Este número da IHU On-Line foi construído em estreita parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. A ele, os nossos mais sinceros e profundos agradecimentos.

Ainda nesta edição, Francisco de Oliveira e Amir Khair analisam a crise financeira do euro e nos EUA, e descrevem expectativas para 2012.

A mídia globalizada como base cultural da plutonomia é o tema do artigo de Bruno Lima Rocha, professor da Unisinos e membro do Grupo de pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade - Cepos.

Por fim, o coordenador do Instituto Anchietano de Pesquisas – IAP, e um dos fundadores da Unisinos, Pedro Ignácio Schmitz, conta um pouco de seus 82 anos de história.

A revista IHU On-Line, que é semanal, voltará a circular no mês de março. Assim, agradecendo a companhia na caminhada durante o ano que termina, desejamos a todas e todos felizes férias!

A todas e todos uma boa leitura juntamente com os votos de Feliz Natal e felicidade, saúde e paz em 2012!

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