Edição 369 | 15 Agosto 2011

IHU Repórter

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Graziela Wolfart e Márcia Junges

Uma pessoa sensível, que sabe o que quer e para onde vai. Assim é a secretária referência do PPG em Filosofia da Unisinos, Dinorá Huckriede. Natural de Teutônia-RS, ela conta as alegrias da maternidade, com a vinda festejada e planejada da pequena Valentina, hoje com dez meses. Feliz com seu trabalho e apegada às suas origens familiares, Dinorá recordou momentos marcantes de sua vida, como a infância e a perda do pai. Ao lado do marido, João, construiu uma nova família e, sempre que pode, volta à terra natal para rever a mãe.
Dinorá com o marido João e a pequena Valentina

Quem sou eu – Determinada, brincalhona, teimosa e batalhadora. Por tudo que passei na vida, sobretudo a perda do meu pai, consegui crescer e evoluir bastante. Amadureci muito. Procuro fazer isso com os acontecimentos bons e ruins. Traço objetivos e vou em busca deles. Só assim conseguimos realizar nossos sonhos.

Origens e lembranças da infância – Nasci em Teutônia, no Rio Grande do Sul, quando o município ainda pertencia a Estrela. Uma cidade pequena e tranquila, que gosto de visitar quando posso para rever os amigos e minha mãe. Tive uma infância maravilhosa e guardo boas recordações. Tive muito contato com a natureza; na casa dos meus pais tinha um pátio grande, cercado de muitas plantas e flores e, nos fundos, um pomar de frutas cítricas. Fui muito serelepe; subia nas árvores, comia frutas em cima do telhado e brincava muito. Meus pais, Ethel e Ersi, trabalharam em indústria do setor calçadista. Sou filha única. Quando nasci, minha mãe parou de trabalhar para se dedicar a cuidar exclusivamente de mim. Para ela foi uma decisão difícil, pois não existiam escolinhas boas no interior. Meu pai continuou a trabalhar para sustentar a família. A vida dos meus pais foi mais dura: ele estudou até a 8ª série e minha mãe até a 5ª. Mesmo vindo de uma família simples, nunca faltou nada para mim. Meus pais sempre me proporcionaram tudo, desde afeto, educação até boas escolas. Estudei na Escola Cenecista de Teutônia, onde trabalhei por cinco anos como secretária. Comecei a trabalhar com 14 anos e estudava à noite. Lembro muito bem de um período da minha infância, quando passamos dificuldades financeiras. Quando tinha 7 anos, lembro de ver meu pai chegar em casa e chamar minha mãe para uma conversa. Ele estava desempregado num momento em que faltavam 2 anos para se aposentar. Passamos um período difícil, mas continuei com meus estudos na escola, a família unida e, na medida do possível, organizada. No decorrer daquele ano, as coisas foram tomando rumo e meu pai voltou a trabalhar.

Hoje, minha mãe tem 71 anos. É uma mulher batalhadora, guerreira, com uma história de vida dura. Nosso relacionamento sempre foi bom; ela sempre demonstrou muita abertura para o diálogo amigo e sincero. A confiança continua sendo o nosso ponto forte.

Formação educacional – Do jardim de infância até o segundo grau estudei na Escola Cenecista de Teutônia, onde cursei Técnico em Contabilidade. Em 1997 ingressei na Unisinos, no curso de Secretariado Executivo Bilíngue – Português/Inglês. No quarto ano de curso, ingressei como estagiária na área da Comunicação da Universidade. Fiz dez meses de estágio e era responsável pelos cursos de especialização da área de Comunicação. Foi uma experiência importante. Minha formatura aconteceu em janeiro de 2005. Infelizmente, o curso foi extinto em 2005/1, o que acho lamentável. Fiquei muito triste com isso, porque, quando comecei a trabalhar aqui, havia, inclusive, uma especialização em Secretariado.

Vinda para São Leopoldo – Com 20 anos, deixei a casa dos meus pais e fui morar em São Leopoldo. Posso dizer que foi uma mudança radical e rápida. Coloquei a mochila nas costas, viajei cerca de 1 hora e meia e percorri os corredores da universidade em busca de aluguel de imóveis ou pessoas com interesse em dividir apartamentos com estudantes da Unisinos. Em dois dias, conheci uma pessoa maravilhosa, a Taysa, que hoje é professora no PPG em Direito da Unisinos. Moramos juntas durante cinco anos, foi uma experiência valiosa e enriquecedora. Hoje, almoçamos juntas e nos encontramos quando podemos, para compartilhar novos acontecimentos e relembrar os momentos de crescimento e aprendizado que tivemos juntas. Desde que vim para cá, o aprendizado em minha vida é diário. Após dez meses de estágio, fui efetivada no Instituto de Línguas – Unilínguas, onde trabalhei durante cinco anos com os coordenadores. Há quatro anos trabalho na Secretaria Compartilhada da Área de Humanas, como referência do Programa de Pós-Graduação em Filosofia.

Família – Conheci meu marido numa situação muito delicada da minha vida. Em 2005, meu pai teve um diagnóstico de uma doença grave. Eu estava triste, fragilizada. Foi quando encontrei o João, em uma danceteria, em São Leopoldo. Ele me conquistou de uma maneira tranquila, calma, respeitosa. Ele morava e trabalhava em Horizontina e passamos a nos encontrar todos os finais de semana. Em pouco tempo, ele conheceu meus pais e começamos a namorar. É uma pessoa carinhosa, tranquila e romântica. Seis meses após nos conhecermos, veio o diagnóstico de câncer do meu pai, o que nos abalou demais. Em janeiro de 2006, meu pai passou por uma cirurgia delicada. O médico relatou que o tratamento com quimioterapia não era suficiente e que viveria, no máximo, cinco meses, devido ao estágio avançado da doença. Mesmo assim, encaminhou a um oncologista. Minha mãe acompanhava todas as consultas. Foi então que fizemos um pacto: resolvemos não contar a ele sobre a doença, com medo de vê-lo depressivo e sem ânimo para lutar. Tomamos um cuidado extremo com as visitas e conversamos com os médicos sobre essa decisão. Mesmo à distância, eu estava presente e o João sempre permaneceu ao meu lado, assim como meus amigos daqui e de Teutônia. O médico foi preciso: foram 5 meses de muito sofrimento, internações, cuidados e de muitos atestados meus para poder cuidá-lo no hospital e, também, auxiliar minha mãe, em Teutônia. Em junho de 2006, ele partiu de maneira tranquila. Eu estava presente nesse momento e, de certa forma, tranquila, pois fizemos tudo que estava ao nosso alcance. O João esteve sempre ao meu lado, demonstrando afeto, companheirismo e conforto.

Casamento e maternidade – Em 2007, casamos no civil. A Valentina, hoje com dez meses, foi planejada, e é a maior luz de nossas vidas. Agora compreendo melhor muitas situações e atitudes que minha mãe tinha comigo. Sou uma pessoa mais tranquila. Antes de ser mãe não tinha noção do que a maternidade poderia significar. É um amor incondicional, sublime. A vinda da Valentina trouxe alegria e renovou a vida da minha mãe. A Valentina é o bebê da família. Risonha, tranquila, curiosa e sapeca, conquista a todos com seu jeitinho meigo e carinhoso.

Autor – Adoro ler. É um hábito que foi introduzido logo na minha infância. Meu tio, já falecido, foi sócio-fundador da editora Nova Fronteira e tinha uma livraria em Porto Alegre. Ganhei muitos livros e cheguei a montar uma biblioteca de livros infantis no meu quarto. Um livro que li e gostei foi O caçador de pipas.

Filme – Gosto dos filmes do diretor espanhol Pedro Almodóvar. Atualmente, assisto desenhos (risos).

Lazer – Gosto de estar em família, brincar com a Valentina. Quero proporcionar a ela o que meus pais me proporcionaram: uma infância feliz, uma família unida e muitas brincadeiras. Quero que ela tenha como referência seus pais, assim como meus pais foram para mim. Falo ao João sobre a importância da figura paterna, como referência masculina, para a vida da filha, pois a mulher tem uma relação diferente com o pai. A referência masculina é fundamental para a construção da vida psicológica. Desejo que tenhamos muita saúde para viver muitos anos ao lado da Valentina.

Valores – Quero ensinar à Valentina valores como lealdade, humildade, respeito e preservação do meio ambiente. Penso que não exista criança boa ou má, nem inteligente ou boba. Cabe a nós tocarmos seu coração para estimular seu desenvolvimento.
 
Sonho – a Valentina é um sonho realizado. Além disso, gostaria de viajar com minha família e conhecer vários lugares. De toda forma, sou muito feliz hoje.

Religião – Deus é importante na minha vida. Sou evangélica luterana, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB. Em janeiro desse ano, batizamos a Valentina e casamos em Teutônia. Meu pai fazia trabalhos voluntários para a IECLB, e eu ajudava na medida do possível. Assim, já fui mais envolvida com a igreja. Minha mãe acompanha, semanalmente, os cultos luteranos e, sempre que podemos, o João, a Valentina e eu vamos também. Na universidade, quando posso, gosto de ir às missas na Capela Universitária.

Unisinos – Uma criança em desenvolvimento. Assim é a Unisinos. Acompanho seu crescimento desde que ingressei, em 1997, e fico surpresa a cada ano com as inovações que surgem. Gosto de trabalhar no câmpus. É uma universidade que mantém seus valores e que, ao mesmo tempo, está em constante transformação. Sua expansão é visível, sobretudo porque agora tem vários campi em outras cidades. Para nosso município, é a grande referência.

IHU –
O PPG em Filosofia tem muitas parcerias com o IHU. Acompanho isso e tenho contato com o IHU regularmente. O Instituto também está em constante crescimento e oferece uma gama variada tanto de cunho humanístico como social. São atividades muito interessantes.

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