Edição 342 | 06 Setembro 2010

A contribuição dos jesuítas à Segunda Escolástica

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Márcia Junges e Alfredo Culleton | Tradução Benno Dischinger

Junto dos dominicanos e franciscanos, os jesuítas desenvolveram o conceito de “formação pela ciência”. Método do “Direito natural” fundamenta uma ética e um direito que “ultrapassa culturas”, acentua Ludger Honnefelder

“Ao lado das ordens religiosas mais antigas dos franciscanos e dominicanos, são os jesuítas que, no âmbito da segunda escolástica, já no século XIII desenvolveram ulteriormente o emergente conceito da ‘formação pela ciência’, tornando-a o fundamento da formação para as pessoas da modernidade”. A afirmação é do filósofo alemão Ludger Honnefelder, em entrevista por e-mail à IHU On-Line. Segundo ele, através do método do Direito natural, “os jesuítas desenvolveram uma ética e um direito que ultrapassa as culturas e permite uma ação responsável em vista da moderna ampliação e transformação do Velho no Novo Mundo”.

Ludger Honnefelder é professor emérito de Filosofia da Universidade de Bonn, na Alemanha. Em 1999 foi diretor do Centro de Referência Alemã para a Ética nas Ciências da Vida. Cursou Filosofia nas universidades de Bonn, Innsbruck e Bochum, na Alemanha. Tem doutorado e pós-doutorado em Filosofia pela Universidade de Bonn.

Confira a entrevista.


IHU On-Line - Qual é o valor e a importância da segunda escolástica?

Ludger Honnefelder -
A Segunda Escolástica tem pensamentos centrais que, surgidos na primeira Escolástica, isto é, na filosofia da Idade Média, foram ulteriormente desenvolvidos e transmitidos à Idade Moderna.

- Em nível teórico trata-se do pensamento que só podemos entender a realidade por uma rede de diversas ciências. Pertence a isso uma nova racionalidade científica diferenciada e uma disciplina básica (na forma da metafísica), na qual é tratada a questão da compreensão da realidade pela qual nos guiamos.

- No nível prático é dada válida ao pensamento de que é traço distintivo do ser humano ser ele próprio autor de seu agir e determinar-se livremente a si próprio pela razão. A cada homem é própria a “lei natural” que, por força de sua razão, o capacita a distinguir entre o bem e o mal e vincular-se em seu agir ao bem por concepção pessoal.      


IHU On-Line - Qual é o papel dos jesuítas na segunda escolástica?

Ludger Honnefelder -
Ao lado das ordens religiosas mais antigas dos franciscanos e dominicanos, são os jesuítas que, no âmbito da segunda escolástica, já no século XIII desenvolveram ulteriormente o emergente conceito da “formação pela ciência”, tornando-a o fundamento da formação para as pessoas da modernidade. O conceito por eles desenvolvido da ratio studiorum tornou-se modelo para o desenvolvimento ulterior da universidade.

Além disso, pelo método do “Direito natural”, sobretudo por Francisco Suarez e Gabriel Vásquez, os jesuítas desenvolveram uma ética e um direito que ultrapassa as culturas e permite uma ação responsável em vista da moderna ampliação e transformação do Velho no Novo Mundo.


IHU On-Line - Por que é relevante estudar em nossos dias a Escolástica?

Ludger Honnefelder -
O mundo atual encontra-se ante uma questão decisiva, a saber, como pode ser pensada a “unidade na diversidade”.

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