Edição 326 | 26 Abril 2010

IHU Repórter - José Luís Bolzan de Morais

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Graziela Wolfart

Amante da culinária italiana, da vitivinicultura e do motociclismo, o professor e coordenador do PPG em Direito da Unisinos, Jose Luis Bolzan de Morais percebe em si características do vinho e da moto: “tenho o perfil explorador do motociclista e talvez pretenda ficar um pouco melhor a cada dia, como um bom vinho de guarda, o que só se consegue com muita dedicação ao estudo e à reflexão”. Na entrevista, a seguir, ele conta os aspectos mais marcantes de sua trajetória pessoal e profissional, salientando o orgulho que sente das raízes italianas. Confira:

Origens e família – Venho da quarta colônia de imigração italiana, sendo natural de Jaguari-RS. Meus avós vieram da Itália, da região do Vêneto, e se dedicaram à agricultura. Meu pai era construtor de estradas, e minha mãe era dona de casa. Tenho duas irmãs mais velhas; uma é advogada, e outra engenheira. Sou separado e tenho uma filha de 21 anos, a Giulia, que estuda Direito na PUCRS. Minhas irmãs ainda moram no interior e eu, atualmente, moro em Porto Alegre.  

Formação – Comecei minha formação escolar em Jaguari. E, já no nível médio, passei a estudar em Santa Maria, numa escola marista – o Colégio Santa Maria -, e me mudei para lá, como de costume na região. Em razão disso, moro sozinho desde muito cedo. A distância entre Santa Maria e Jaguari é de 120 quilômetros. Então, alugávamos um apartamento entre amigos e constituíamos uma espécie de “república” de estudantes. Depois, fiz a graduação em Direito na Universidade Federal de Santa Maria e me formei em 1984. Cursei o mestrado em Direito na PUC-Rio, de 1987 a 1989. O doutorado em Direito fiz em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina, além de um ano na França, em função da bolsa sanduíche do doutoramento, junto à Universitè de Montpellier I. Ainda fiz um pós-doutorado em Coimbra, em 2007.  

Culinária e paixão pelos vinhos – O fato de eu morar sozinho desde cedo talvez justifique um pouco o meu gosto pela culinária. Até hoje gosto da cozinha. Também retomei uma tradição familiar, que é a indústria do vinho. Sou sócio de uma vinícola no Vale dos Vinhedos (Milantino Vinhos Finos Ltda), onde se produz vinhos, espumantes e suco de uva. Temos uma área de produção no Vale e outra em Encruzilhada do Sul (Serra do Sudeste). A uva, o vinho e a culinária se mesclam na cultura italiana. Acho que faço uma comida razoável: muito risoto, massas, sem dispensar o churrasco gaúcho. O ato de cozinhar é algo que estabelece um vínculo de convivência com as pessoas, de parceria e de muita conversa (em alto e bom som, nem tanto...) o que é comum em casas italianas, bem como o exagero na comida. Mas isso é típico dos “gringos” brasileiros, por uma questão cultural talvez, do medo de passar fome, trazido pelos imigrantes que chegavam ao Brasil depois de longas viagens e pouca comida, o que pude comprovar no passaporte de meus avós, assinado por Umberto I.

Motociclista – Nas horas de folga, que eu não tenho (risos), sou motociclista, viajo de moto com uma turma que se chama BMW Riders. Tenho duas motocicletas – uma Harley, pela tradição, e uma BMW 1200 GSAdventure, como moto de estrada, para todos os terrenos, que uso para longas viagens. 

Trajetória profissional – Iniciei a carreira docente na Universidade Federal de Santa Maria, onde prestei concurso e passei a lecionar a partir de 1985, e onde fui diretor da Faculdade de Direito. Em 1997, fui contratado pela Unisinos, quando da criação do Programa de Pós-Graduação em Direito da universidade. Nesse meio tempo, fiz concurso para Procurador do Estado, que é até hoje uma das minhas atividades, junto com a Unisinos. Desde 2007, sou coordenador do PPG em Direito da universidade. Atuo, ainda, como pesquisador do CNPq (PQ) e consultor do CNPQ, CAPES e ME-Inep/Sesu. Fora da vida acadêmica, desenvolvo atividades de Procurador do Estado.

Autor – José Saramago e Florbela Espanca.

Livro – Os donos do poder, de Raimundo Faoro.

Filme Piaf – Um hino ao amor, de Olivier Dahan.

Um sonho – Ter mais tempo para a moto e para o vinho.

Política brasileira – Um espaço indispensável e fundamental para a realização de um projeto de sociedade, como o expresso no texto constitucional de 1988.

Desafios do Direito – Tornar-se acessível e usufruível para e por todos.

Unisinos – Uma gigante adormecida. A Unisinos tem muitas potencialidades e por vezes “tropeça” no seu próprio tamanho.

Instituto Humanitas Unisinos – O IHU poderia funcionar como um centro de altos estudos aglutinador fundamentalmente das áreas de ciências humanas numa perspectiva inter e transdisciplinar, tanto para fomentar seu projeto interno quanto para levar a Unisinos para fora.  

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