Edição 304 | 17 Agosto 2009

Sociedade pós-metafísica

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Patricia Fachin

Para o professor Paulo César Nodari, estamos nos encaminhando para a sociedade pós-metafísica, mas simplesmente afirmar que a metafísica está morta é um engano e um erro ingênuo 

Estamos num momento de transição da sociedade metafísica para a pós-metafísica, mas, nesse trajeto, muitos questionamentos se fazem em relação à religião. Na opinião do professor Paulo César Nodari, ela não irá perder o seu lugar. O que se percebe, explica ele, “é um movimento mundial de inversão, ou seja, de volta ao ‘sagrado’”. Depois de todas as críticas que recebeu ao longo dos séculos da história, “a dimensão religiosa volta com muita força”. Contudo, assegura, a volta do sagrado ultrapassa os moldes tradicionais. “Cada um, ao seu gosto e liberdade, constrói o seu sistema de fé. É o fim de uma tradição religiosa herdada. Nesse contexto, misturam-se elementos e aspectos velhos com os novos, tradicionais, ao ponto de serem considerados reacionários, com os revolucionários”. Em entrevista concedida, por e-mail, à IHU On-Line, o professor acentuou que as religiões ainda terão sentido e que “o pensamento religioso não pode taxativamente ser considerado de ilusório e sem sentido”. E dispara: “A razão, ou se quisermos, o espírito humano, enquanto considerado todo-poderoso, não tem nele próprio a fonte última de sentido”.

Nessa sociedade pós-metafísica, acrescenta, “o mais importante não é saber se o apoio estará mais na razão ou na fé, na ciência ou na religião. Ambas as dimensões são importantes e constitutivas da dimensão humana da busca e do ir sempre além do já alcançado”. E conclui: “Trata-se, em última análise, da busca e do aprofundamento incessantes, ou seja, do equilibrado e ponderado ‘discernimento’”.

Nodari possui graduação em Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul, graduação em Teologia pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais e é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pela Universidade de Tübingen, na Alemanha. Atualmente, é professor da Universidade de Caxias do Sul. O pesquisador estará no Instituto Humanitas Unisinos – IHU na próxima quinta-feira, 20-08-2009, às 17h30min, abordando o tema desta entrevista.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Estamos nos encaminhando para uma sociedade pós-metafísica?

Paulo César Nodari - Falar em sociedade pós-metafísica significa supor que houve anterior a essa, a chamada sociedade metafísica. Talvez, por isso, em primeiro lugar, seja importante recordar brevemente o que é e como foi compreendida a metafísica. Em linhas gerais, ela estava presente já na preocupação dos filósofos pré-socráticos. Esses levantaram a pergunta pelo princípio de inteligibilidade da totalidade do real. Com Aristóteles, pode-se dizer que a metafísica ficou conhecida no Ocidente como o estudo do ser enquanto ser, como a filosofia primeira, como o estudo que se propõe penetrar em estudos além do saber físico. Metafísica é o que transcende a física. Pode-se, inclusive, dizer que a metafísica se confunde com o próprio itinerário da Filosofia do Ocidente, enquanto esforço de pensar o ser enquanto ser. Todavia, sobretudo, com o advento da modernidade, a metafísica sofre uma nova interpretação. Lembram-se, aqui, especialmente, entre outros, dois nomes importantes: Hume e Kant. Para Hume, é urgente delimitar o campo e o limite do conhecimento. É imprescindível eliminar as especulações metafísicas que ultrapassam a esfera e o âmbito da capacidade humana de conhecimento. Kant, por sua vez, despertado do “sono dogmático” por Hume, busca sistematizar a resposta à questão da relação entre pensamento e realidade por meio de uma reflexão epistemológica. Esta mudança de postura provoca uma reviravolta fundamental na natureza mesma da filosofia. Trata-se, com Kant, de mostrar como é possível todo e qualquer conhecimento da experiência humana. Passa-se de uma teoria do ente (ontologia) para uma teoria do conhecimento (epistemologia) enquanto tarefa fundamental da filosofia. Kant marca, por conseguinte, uma reviravolta no pensamento ocidental. Ele busca traçar rigorosamente as condições de possibilidade e os limites do conhecer. Deus, alma e liberdade, nessa nova perspectiva, não podem mais ser conhecidos, não obstante possam ser pensados pela razão. Aqui, fica mais clara a perspectiva de que Kant não destrói, por assim dizer, a metafísica, mas dá-lhe um novo rumo. Ela não pode ser provada como ciência. Kant é crítico ferrenho da metafísica clássica. Contudo, segundo Kant, a razão preserva a disposição natural de buscar o incondicionado além da própria experiência, ou seja, a totalidade das condições. Por isso, não obstante Kant seja considerado aquele que acaba com a metafísica clássica, para ele, a metafísica é preservada como uma nova metafísica, classificada por alguns em metafísica da experiência e em metafísica da liberdade. Continuando o caminho reflexivo, dando, todavia, um salto considerável na linha do tempo, podemos dizer que, com Nietzsche, é desferido à metafísica como que um novo golpe. A metafísica é, para Nietzsche, como que uma ilusão que precisa ser desfeita, é como que uma ilusão quimérica do além, devendo ser, portanto, destruída. Heidegger, por sua vez, fala de uma crise do humanismo. Ele fala de um esquecimento do ser. A metafísica, em última análise, para ele, esqueceu de perguntar-se sobre o “sentido do ser”. Entre outros argumentos, à luz do exposto acima, talvez, se possa dizer que a “crise do pensamento e da Filosofia Ocidental” é por uns denominada de “Crise do Humanismo”, por outros, “Crise da Razão”, ou ainda, “Pós-Modernidade”, “Crise da Metafísica”, “Pós-Metafísica”. Nesse sentido, ao perguntarmo-nos se estamos nos encaminhando para a Sociedade Pós-Metafísica, podemos afirmar, sobretudo, após todas as críticas recebidas contra a Metafísica Clássica, é impossível dizer que não estejamos nos encaminhando para a Sociedade Pós-Metafísica. Mas isso não significa dizer, exagerando, ser a Metafísica, doravante, um estudo arqueológico e não significa afirmar que as questões metafísicas não estejam em voga ou não estejam presentes como preocupação na reflexão atual. Isso significa afirmar, por um lado, que refletir sobre questões metafísicas sem tomar em consideração toda a Tradição Ocidental até nossos dias, ou então, simplesmente afirmar estar a Metafísica morta seria engano e erro ingênuo. Isso, por outro lado, significa dizer que a própria Sociedade Pós-Metafísica está sujeita sempre de novo a críticas e a novos desenvolvimentos, uma vez que nenhuma realidade é capacidade plena de realização e efetivação de todas as capacidades e possibilidades. Ela mesma, por isso, deve estar sujeita à crítica.

IHU On-Line - Que transformações o senhor vislumbra na Sociedade Pós-Metafísica em relação à Modernidade? Que parâmetros vão reger esse novo modelo de Sociedade?

Paulo César Nodari - Segundo Habermas, quatro motivos caracterizam a ruptura com a Tradição. São eles: o pensamento pós-metafísico; a guinada linguística; o modo de situar a razão; a inversão do primado da teoria frente à prática. Atualmente, muito se tem falado e refletido sobre a linguagem como o novo paradigma em substituição ao paradigma moderno da consciência, sobre o modo de considerar a razão e o lugar da razão e das emoções na vida do ser humano, sobre as diferenças entre os seres humanos e o multiculturalismo entre culturas, povos e nações. À luz dessas questões, talvez, se possa cogitar a tese de que, na Sociedade Pós-Metafísica em relação à Modernidade, há alguns “problemas” a serem melhor investigados, como, por exemplo: como pensar a diferença sem ignorar e perder a identidade, ou seja, como será possível pensar a unidade na diferença sem a referência da significação e do fundamento último frente às manifestações fenomênicas? Como retomar a discussão e a crítica à razão instrumental e à razão opressora, seja, respectivamente, no viés trabalhado, por exemplo, por Adorno e Horkheimer, da Escola de Frankfurt, e por Foucault? Como retomar de forma sistemática, rigorosa, com clareza na análise, as grandes questões e os grandes temas metafísicos sem deixar-se cair nos possíveis exclusivismos e relativismos, sejam eles de quaisquer espécie e natureza? Como retomar a discussão da relação entre razão teórica e razão prática, tomando em consideração a ruptura do primado da razão teórica frente à razão prática no Pensamento Pós-Metafísico, a fim de possibilitar espaço de argumentação e discussão a respeito do dilema entre o “poder fazer” da ciência e o “dever fazer” da reflexão ética? 

IHU On-Line - As religiões ainda têm sentido na Sociedade Pós-Metafísica? A fé nesse sentido ganha novas características ou se transforma?

Paulo César Nodari - Diante do exposto acima, percebe-se que o mundo mudou radicalmente. Vive-se uma transformação social, econômica e política que se faz acompanhada, sustentada e articulada por uma grande transformação ético-cultural. Essa mudança interveio como sinal de ruptura com o mundo da assim denominada era moderna e industrial. Algumas características manifestam mais claramente os sintomas dessa ruptura radical. Desenvolve-se um novo modo de produção. Constitui-se um novo modo de consumo. Advém, por ironia do destino, uma crise ambiental jamais imaginada. Fundamenta-se um novo modo de relacionamento entre as pessoas. Ocorre um crescimento abissal da assimetria entre pobres e ricos. Fortifica-se, cada vez mais, de certo modo, a crise das instituições clássicas (Estado, Igreja, Sindicatos, Escola, Família etc.). Com os avanços da ciência e da tecnologia, o mundo se tornou uma aldeia global. Ainda com influência e resquícios do Positivismo, permanece a ideia de que a ciência e a tecnologia nos levarão a um reino terrestre de grande prosperidade e ociosidade. Ainda permanece considerável e predominante a ideia do paraíso terrestre. Investe-se, por isso, tudo na tentativa de encontrar sentido no imanente. Busca-se dissipar a relação do ser humano com o Deus transcendente, buscando legitimar as manifestações fenomênicas como bastando-se a si mesmas, sem referência ao fundamento último. A partir, sobretudo, das críticas descerradas à religião, entre outros, por parte não apenas de Marx, Freud e Nietzsche, mas também do positivismo, poder-se-ia pensar que a religião na assim chamada Sociedade Pós-Metafísica perderia seu lugar. O que se percebe, contudo, é um movimento mundial de inversão, ou seja, de volta ao “sagrado”. A experiência religiosa é um fenômeno testemunhado ao longo da história da humanidade, mesmo depois de todas as críticas, neste momento, a dimensão religiosa volta com muita força. Urge, todavia, dar-se conta de que a volta do sagrado se dá não mais nos moldes tradicionais. Esse movimento vem revestido de muitos aspectos novos, bem típicos da Sociedade Pós-Metafísica. Evidentemente, as religiões ainda têm sentido. O pensamento religioso não pode taxativamente ser considerado de ilusório e sem sentido. A razão, ou se quisermos, o espírito humano, enquanto considerado todo-poderoso, não tem nele próprio a fonte última de sentido. Porém, dentro dessa perspectiva de leitura, deve-se dizer que ocorre, nesse momento, de certo modo, uma “bricolagem de crenças”, ou ainda, uma espécie de “trânsito religioso”. Cada um, ao seu gosto e liberdade, constrói o seu sistema de fé. É o fim de uma tradição religiosa herdada. Nesse contexto, misturam-se elementos e aspectos velhos com os novos, tradicionais, ao ponto de serem considerados reacionários, com os revolucionários. Do ponto de vista do discurso religioso com sentido, não é mais possível requerer plausibilidade no discurso argumentativo sem tomar em consideração, entre outras, tais características, se quisermos ganhar espaço na discussão.

IHU On-Line - O pensamento Pós-Metafísico buscará apoio no pensamento religioso ou na razão? Que diálogo se estabelece entre fé e razão na Pós-Metafísica?

Paulo César Nodari - Em primeiro lugar, pode-se dizer que uma tensão entre fé e razão, ou se quisermos, entre ciência e fé, ou ainda, entre filosofia e teologia, existiu, existe e existirá. Em princípio, a tensão não é ruim. Ela se torna ruim quando não há mais possibilidade, e se fecham as portas ao diálogo, à independência e autonomia, que não significa enclausuramento, ao respeito de ambas as áreas. Razão e fé foram pensadas e articuladas ao longo da história da humanidade de diferentes modos. Por isso, em segundo lugar, afirma-se serem necessárias reflexões, discussões e debates amplos, sérios, sistemáticos dentro de cada área especificamente a respeito de tal relação, mas também entre ambas as áreas sem ter como finalidade saber qual das duas é a mais importante ou a mais poderosa. O mais importante não é saber se o apoio estará mais na razão ou na fé, na ciência ou na religião. Ambas as dimensões são importantes e constitutivas da dimensão humana da busca e do ir sempre além do já alcançado. Trata-se, em última análise, da busca e do aprofundamento incessantes, ou seja, do equilibrado e ponderado “discernimento”. A profundidade na reflexão não é obstáculo à relação. O obstáculo está situado e se evidencia muito mais quando se tomam as questões com superficialidade e exclusivismos. Logo, é importante, por um lado, não esquecer que se o discurso filosófico parte da razão humana, a teologia parte da Revelação de Deus, e, por outro lado, ressaltar nesta reflexão acerca da relação e do processo de abertura e diálogo entre razão e fé, que a filosofia é um discurso sobre Deus e não um diálogo com Deus, enquanto a teologia é um discurso sobre o Deus que se revela em Jesus Cristo como o Deus onipotente e criador, mas o Deus que se torna acessível na experiência humana. Mas isso tudo sem perder de vista e sem ter em mente, independentemente, aqui, do juízo de valor, que, nos tempos da Sociedade Pós-Metafísica, vive-se como que o “paradigma da imediatez”, alimentando uma religiosidade do movimento, da mobilidade e da dispersão de crenças.  

IHU On-Line - Como pensar Deus na Pós-Metafísica? Ele terá um novo sentido?

Paulo César Nodari - A mais pertinente de todas as questões é a de Deus e esta, enquanto questão última implica todas as demais. A questão de Deus é percebida, sobretudo, à medida que nos aproximamos sempre mais da totalidade do ser, do todo, da complexidade do cosmos, de sua inteligibilidade, de sua profundeza abissal e de sua beleza que dificilmente se consegue exprimir. Portanto, a questão de Deus apresenta-se como a questão das questões, uma vez que se refere às questões mais pertinentes e últimas de toda vida humana. Em outras palavras, todos procuramos o sentido radical de nossa existência. E sob a luz de sentido ou não-sentido da existência humana coloca-se, então, a questão de Deus. Nossos desejos, nossas expectativas jamais se satisfazem e parecem procurar outra coisa que os satisfaça e que seja infinita. Cada desejo remete para outro desejo, o qual será também relativo não podendo ser plenamente satisfeito. E, nesse sentido, a infinidade do desejo humano só pode ser preenchida por um absoluto. Para Pascal, o abismo infinito somente pode ser preenchido por um objeto infinito e imutável, quer dizer, pelo próprio Deus. O amor verdadeiro deseja a eternidade. O próprio Nietzsche chega a afirmar que toda alegria quer a eternidade, quer a profundeza, a profunda eternidade. Nesse sentido, o desejo de eternidade está nas profundezas de nosso coração. É o desejo do provisório pela eternidade. O provisório está em constante devir rumo ao definitivo. Segundo Panikar, a experiência de Deus, enquanto experiência última, é uma experiência não só possível, mas também necessária para que todo ser humano chegue à consciência de sua própria identidade. O ser humano chega a ser plenamente humano quando faz a experiência de seu último fundamento. Em sendo assim, é muito interessante observar e estar atento que, nos últimos tempos, tem aparecido uma literatura interessante e abrangente acerca da questão de Deus.

IHU On-Line - Em todos os períodos da história, o homem buscou dar sentido à sua existência. Na Pós-Metafísica essa via racional permanece de modo ainda mais exacerbado ou ela é substituída por uma consciência mais espiritual?

Paulo César Nodari - O homem levanta a pretensão de sentido. Ele busca dar sentido às coisas que lhe estão dispostas e do modo como lhe estão dispostas. Ele busca dar sentido ao todo de sua existência, admirando-se diante das coisas como se lhe apresentam, e interrogando-se, contínua e incansavelmente, a respeito de por que as coisas serem como são e não de outro modo. Enquanto ser dotado de reflexão, o homem vive como problemático, isto é, ele está preocupado em compreender a vida, o mundo, o sentido de suas ações, a particularidade de seus gostos, o significado de sua relação com a natureza. Ao tomar consciência dos diversos problemas que povoam seu universo, o homem se coloca a célebre questão a respeito de quem ele é, uma vez que a reflexão sobre o homem, identificando-se, sobremaneira, pela interrogação o que é o homem, permanece, desde a aurora da cultura ocidental, no centro das mais variadas expressões culturais: literatura, ciência, filosofia, ética e política. Dessa singularidade própria do homem, a de ser o interrogador de si mesmo, desencadeia-se o movimento de interiorização reflexiva do querer compreender-se como presença a si mesmo, descobrindo, por conseguinte, enquanto espírito finito, por um lado, que ele não se identifica com a plenitude da verdade e do bem, mas, por outro lado, como sendo capaz de ultrapassar o âmbito da realidade finita numa abertura ilimitada à totalidade do ser. Assim sendo, contrapondo-nos à tese da radicalização da imanência do horizonte existencial, isto é, à tese de que o sentido último encontra-se no espírito humano, sustentamos que só a abertura à infinitude dá ao homem na sua consciência um valor absoluto que apreende a totalidade do ser, capaz de contrastar com a contingência do horizonte material do homem no mundo, podendo-se afirmar, então, que a existência de um Deus transcendente é a resposta à exigência de sentido pleno do espírito humano. Em sendo assim, ainda que haja mudanças profundas e significativas no modo de viver e compreender-se na atualidade em relação ao mundo antigo e moderno, pode-se dizer que a questão de sentido permanece muito atual tanto no âmbito da razão, seja ele na perspectiva teórica ou prática, como também no âmbito da fé.

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