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Bruna Quadros
Origens – Sou natural de Ivoti. Sou a mais nova, de 11 irmãos. Estou com 47 anos. Morei em Ivoti até os 13 anos, quando o meu pai faleceu, com câncer. Ele era agricultor e tinha um alambique. Minha mãe era dona-de-casa. Quando nasci, meus irmãos mais velhos já não estavam mais em casa. Aos 10 anos, saíam de casa para estudar em internatos. Uma das coisas que marcou a infância foi a liberdade de brincar junto à natureza.
Valores – Com meus pais, aprendi a ter respeito pelos mais velhos e pela natureza. Além disso, eles me passaram valores de família. Até hoje somos muito próximos.
Estudos – Depois da quinta série primária, a escola era longe de casa. Como na época não tinha transporte escolar, tínhamos de percorrer 11 quilômetros a pé para estudar. A partir da sétima série, fui morar em Novo Hamburgo, junto com os meus irmãos mais velhos que trabalhavam e estudavam, também. Sempre gostei de estudar. A prioridade eram os estudos, os nossos pais nos incentivavam muito, porque não teríamos muitas perspectivas no interior.
Formação superior - Sou bióloga, graduada pela Unisinos, onde ingressei em 1982, aos 22 anos, como aluna. Sempre gostei muito de natureza, talvez porque tenha crescido neste meio. Ainda na graduação, fui convidada a integrar o Projeto Antártica “Aves Marinhas e Continentais da Antártica”. Participei de dez expedições à Antártica com o objetivo de estudar a rota migratória e a biologia das aves Antárticas. É uma experiência ímpar conhecer o continente Antártico, e ter a oportunidade de trabalhar pela conservação deste ecossistema que está começando a sofrer os primeiros impactos da interferência do homem. Depois que me formei, fui contratada pela Unisinos como pesquisadora júnior. Em seguida, fiz um mestrado sanduíche, entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Universidade do Chile, envolvendo a ecologia de populações de aves da Antártica. Depois, fiz o doutorado, também na PUCRS, com foco em populações de aves aquáticas no Rio Grande do Sul.
Trajetória profissional – Trabalho desde os 14 anos, quando fui secretária de uma empresa que vendia pedras (mármores e granitos). Quando perdemos o nosso pai, já que a família não tinha recursos, começamos a trabalhar cedo e pagávamos os estudos com o nosso próprio trabalho. De 1984 a 1995, fiz parte do quadro dos funcionários da Unisinos. Em 1995, com a conclusão do mestrado passei a integrar o quadro dos docentes e, em 2003, passei a integrar os docentes do Programa de Pós-Graduação em Biologia.
Unisinos – Integro o quadro de funcionários da Unisinos desde 1984 e, durante esta trajetória, vi o câmpus ser construído e os cursos serem cada vez mais qualificados. Ver a Unisinos ser reconhecida pelo MEC como a melhor universidade privada do Rio Grande do Sul e terceira melhor do Brasil me enche de orgulho por ter contribuído ao longo destes anos com esta instituição e de ter a oportunidade de atuar como professora do Programa de Pós-Graduação em Biologia.
Família – Ainda moro em Novo Hamburgo. Sou casada e tenho duas filhas: Vitória, 9 anos, e Rafaela, de 6. A família é o norteador da vida, é o que me estimula a trabalhar. Os valores que aprendi na infância hoje ainda estão muito presentes. Nossa família é bastante unida. Como as minhas filhas ainda são pequenas, fazemos todos os programas juntos.
Lazer – Costumamos ir para a chácara que era dos meus pais, em Ivoti, ou para a praia nos finais de semana. Muitas vezes, meu marido, o Joaquim, me acompanha nas saídas de campo nos fins de semana.
Filme – Há dois que trazem uma mensagem interessante para mim, porque se relacionam com a minha vivência na Antártica: Resgate abaixo de zero, de Frank Marshall, e Happy feet, de George Miller.
Livro – A incrível viagem de Shackleton, de Alfred Lansing.
Religiosidade – Continuo tendo fé, apesar de não ser tão praticante. Minhas filhas também vão seguir a religião católica. Acho que ter fé dá sentido à vida.
Política brasileira – Está um tanto sem foco. Atualmente, a política se fundamenta muito no candidato que, às vezes, pode ter um bom projeto, mas, quando entra na política, se corrompe. O foco assistencialista que vem sendo dado à política não gera desenvolvimento, e o cidadão fica na expectativa de ser assistido. A política deveria ser voltada à geração de emprego e acesso à educação.