Edição 273 | 15 Setembro 2008

João Libório Schneider

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Bruna Quadros

Nesta semana, quem visitou a redação da revista IHU On-Line, para contar a sua trajetória de vida, foi João Libório Schneider. Aos 52 anos de idade, ele conhece bem a história da Unisinos, desde a construção do câmpus. Em 1986, ele ingressou na instituição, como motorista. Hoje, atende a reitoria da Unisinos e se mostrou realizado com a profissão, a qual sonhava seguir desde a infância. Acompanhe, a seguir, relatos de vida de um homem simples, nascido no interior, mas com valores que fizeram com que se transformasse numa pessoa digna:

 

Origens – Nasci no município de Iporã do Oeste, em Santa Catarina. Tenho duas irmãs mais velhas e dois irmãos mais novos do que eu. Eu ajudei os meus pais na lavoura, até os 21 anos de idade. Depois, fui morar em São Leopoldo. A vida no interior era muito tranqüila, ao contrário da cidade grande, onde há muita violência.

Valores – Trabalhar, ser honesto e sincero foram os grandes valores que herdei dos meus pais, Inácio e Silvina.

Infância – Lá no interior, se trabalhava desde pequeno e se tinha pouco tempo para estudar. Estudei até o primário, porque a escola era longe e não existia escola de Primeiro e Segundo Grau. Fui terminar o Ensino Médio já em São Leopoldo. A gente brincava mais aos finais de semana, jogando futebol e andando de carrinho de lomba.

Mudança – Em Itaporã, não tinha indústria nem visão de emprego. Então, fui em busca de uma oportunidade na cidade grande. E, como tinha amigos já trabalhando em São Leopoldo, me mudei para o município, onde encontrei trabalho no Colégio Cristo Rei. Como era motorista, quase não conseguia ir às aulas. Concluí o Segundo Grau há cinco anos, já como funcionário da Unisinos.

Unisinos – Comecei a trabalhar na Unisinos em 1986. A Unisinos é uma universidade boa, que busca sempre melhorar. A instituição caminha para ser uma universidade de primeiro mundo.

Profissão – Sempre trabalhei como motorista. No Colégio Cristo Rei, dirigia caminhão. E também já trabalhava no câmpus da Unisinos, recolhendo os eucaliptos para que a universidade pudesse ser construída. Hoje, atendo a reitoria. Gosto muito da minha profissão, com a qual sonhei desde criança. Teve uma época em que viajava muito, a serviço da Unisinos. Uma das viagens que mais marcaram foram as saídas de campo com os alunos do curso de Geologia. Fui para vários pontos do Rio Grande do Sul e acabei aprendendo um pouco também.

Família – Casei aos 29 anos e não me arrependi. Tenho um casal de filhos: Luciane, 20 anos, estudante de Letras, e Luis Henrique, 14 anos, que cursa o primeiro ano do Segundo Grau. Sou muito feliz com a minha família.

Política brasileira – O problema maior no Brasil é o Judiciário, que deveria punir os corruptos do país. Não vejo expectativas para melhorar a situação, em um futuro breve. Se o Judiciário punisse os políticos corruptos, como faz com os pobres coitados que roubam para matar a fome, seria uma boa solução.

Lazer – Às vezes, jogo futebol, além de fazer caminhada e ficar com a minha família tomando chimarrão. Também gosto de assistir televisão, programas de música gauchesca e ver bons filmes.

Momentos marcantes – Uma coisa triste que marca é quando se perde alguém da família. Há 14 anos, perdi minha mãe, que teve câncer. Por outro lado, uma grande alegria é ter saúde e emprego, o que mantém a família bem.

Sonho – Viver ainda muitos anos com saúde e, no futuro, pretendo morar no interior de novo.

Religião – Sou católico praticante. Acho fundamental a oração e a fé em Deus.

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