Edição 271 | 01 Setembro 2008

Editorial

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Pomeranos: 150 anos de histórias e contradições

Há 150 anos, os pomeranos começaram a construir uma nova história em terras brasileiras.  Com um estilo de vida peculiar, se instalaram nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo. Nessas localidades, preservam alguns dos costumes trazidos da Pomerâania, antiga província da Prússia. Para conhecer os elementos que diferenciam esse povo dos conterrâneos alemães, e compreender como ocorreu o processo de colonização pomerana no Brasil, a IHU On-Line desta semana, entrevistou pesquisadores que se dedicam ao estudo dessa etnia.

Segundo o coordenador do curso de Pós-Graduação da Escola Superior de Teologia (EST), Wilhelm Wachholz, guerras, submissão e destruição da própria cultura fazem parte do histórico dos pomeranos. Características como essas foram sentidas nas colônias brasileiras, onde os recém-chegados foram silenciados pela hegemonia alemã. “O modo de ser alemão socialmente aceito pelo imaginário coletivo como modo superior influenciou muito as perspectivas pomeranas no Sul do Brasil”, afirma o professor assistente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Carmo Thum.

Para o historiador José Carlos Heinemann, umas das características que mais chama atenção na historiografia dos pomeranos, é a dedicação à agricultura. Segundo ele, “a experiência desse povo junto a terra é milenar.” Como o trabalho, a religião também sempre esteve no centro da vida societária pomerana. Crenças pagãs e bruxaria são algumas das práticas que se inter-relacionam à religião luterana. Assim, “eles se utilizam da língua alemã com a língua sagrada, na qual veiculam seus saberes e visões sobre o mundo em que vivem e trabalham, marcando sua identidade tanto camponesa quanto alemã”, explica a socióloga e antropóloga Joana Bahia.

Segundo Jairo Scholl, o isolamento em que os pomeranos viviam desapareceu. Mas “é cada vez mais difícil falar dos pomeranos como uma cultura distinta”, considera o historiador e professor da Unisinos, Martin Dreher. Além disso, destaca a educadora Vânia Grim Thies, as tradições estão se perdendo, pois não há entre os jovens, a “preocupação em resgatar os aspectos históricos” dessa cultura. Para mudar essa realidade e desenvolver um município promissor, o prefeito de São Lourenço, José Nunes aposta na valorização da cultura e no resgate histórico dos pomeranos.

Contribui ainda para essa edição, o historiador Eduardo Iepsen, que reconstrói a história de São Lourenço do Sul e o mito criado em torno da imagem de Jacob Rheingantz, colonizador da região.

Sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, confira o depoimento de Dom Roque Paloschi, bispo de Roraima. Leia também a reflexão de Dom Sebastião Armando Gameleira Soares, bispo da Diocese Anglicana do Recife, sobre a Conferência de Lambeth. Os poemas desta semana são do paulista Elson Fróes.

A todos e todas uma ótima leitura e uma excelente semana!

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