Edição 270 | 25 Agosto 2008

Dagmar Sordi

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Bruna Quadros

Foi ainda na infância que Dagmar Sordi teve um despertar para o seu futuro profissional. Ao visitar a redação da revista IHU On-Line, ela contou que, ainda criança, quando ficava em colônias de férias, gostava de cuidar das pessoas. “Eu era a enfermeira.” Além disso, ela e seu irmão faziam “cirurgias” em passarinhos. Quando ele ingressou na faculdade de medicina, Dagmar escolheu a sua trajetória: seria mesmo uma enfermeira. Ao longo da vida, descobriu que também gostava da área de gestão. Atualmente, ela é coordenadora do curso de Administração, na Unisinos. Acompanhe os relatos de vida desta mulher:

 

Origens – Nasci em Porto Alegre. Minha mãe era professora e meu pai, militar. Quando eles saíram de Passo Fundo para ir para a capital gaúcha, eu já tinha um casal de irmãos. Fui uma criança doente ao nascer, com anemia e alergias. Seis anos depois, nasceu a minha irmã. Somos uma família bem grande – quatro filhos - e muito unida. Minha avó materna foi a grande matriarca da família, porque minha mãe e meu pai trabalhavam fora.

Infância - Eu morava no bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre. Fui uma criança muito arteira, de brincar sempre na rua. A infância foi muito boa. Uma das coisas de que gostava era entrar no mato e colher pitanga. Além disso, sempre gostei de animais de estimação. Cheguei a ter 13 gatos.

Valores – Meu pai, já falecido, me ensinou a importância da vida com ética. Ele era sempre muito correto. Carrego comigo essa questão de respeitar as autoridades. E minha mãe foi mais inovadora. Ela nos dizia que as mulheres precisavam crescer e entrar para o mercado de trabalho. Cresci com esta imagem de que a mulher precisa ter o seu valor.

Estudos – Era muito curiosa e sempre gostei de estudar. Mas também fui muito bagunceira. No boletim, as notas eram boas, mas os pareceres, negativos.

Graduação – Cursei Enfermagem na Unisinos. Desde a infância, eu gostava de cuidar das pessoas. Quando íamos para colônias de férias, eu era a enfermeira. Eu e meu irmão fazíamos cirurgias em passarinhos. Hoje em dia, trabalho com administração. A faculdade de Enfermagem era em Porto Alegre, onde hoje é o Hospital Dom Vicente Scherer, no Complexo Hospitalar Santa Casa. Foi um período em que aprendi muito. Tive o privilégio de não precisar trabalhar durante a graduação.

Mudança - Depois de formada, eu e uma amiga fomos morar no Rio de Janeiro, para fazer um curso de Saúde Pública. Morei lá durante seis anos e trabalhei em uma clínica. Cheguei a pensar que não estava preparada para ser enfermeira, por ter de lidar muito com o sofrimento das pessoas. Depois disso, comecei a trabalhar em um programa que realizava capacitações sobre gestão e educação para a saúde em vários estados. Esta atividade me deu uma segurança muito grande para falar em público e desenvolver projetos.

Trajetória profissional e formação - Aos 24 anos, ainda morando no Rio de Janeiro, casei. Depois de um tempo, me separei e resolvi voltar para o Rio Grande do Sul, onde trabalhei na Secretaria Estadual de Saúde, em Porto Alegre. Antes disso, fui para o Chile fazer um curso de Planejamento em Saúde. Mais tarde, me direcionei para a área de gestão da saúde. Cheguei a trabalhar na Santa Casa, na área de recursos humanos e qualidade. Durante este período, me especializei em gestão hospitalar. Logo após, fiz mestrado em Administração, na UFRGS, com área de concentração em organizações. Soube que estavam precisando de professor para trabalhar na Unisinos, para lecionar fundamentos da administração na saúde. Isso foi numa quinta e as aulas já começavam na segunda-feira. Ingressei na Unisinos, como professora, em 1995.

Unisinos – Só trabalho aqui e gosto muito. É o meu local de crescimento profissional. As mudanças que aconteceram há alguns anos ocasionaram um choque na gestão,  e creio que foram geradas por certo desacerto em algumas decisões  tomadas. Hoje, sinto que estamos vivendo tempos melhores e as coisas estão entrando em outro rumo. É uma instituição muito séria, o que dá segurança para trabalhar.

Família - Hoje em dia, não sou casada, nem tenho filhos. Há três anos, minha irmã mais nova morreu. Ela deixou um filho, o Caetano, que mora comigo desde então. Ele trouxe o Zeca, um cocker, e depois nós adotamos a Pagú, uma gata que estava abandonada na praia.

Lazer – Adoro cozinhar. Cheguei a coordenar, durante dois anos, o curso de Gastronomia, na Unisinos. Gosto de reunir as pessoas na minha casa e de ficar cozinhando para todo mundo. Também gosto de viajar,  de conhecer qualquer lugar.

Livro – Adoro ler os livros de Isabel Allende. Uma de suas obras que me marcou é Paula, que fala sobre a morte de sua filha, e a outra é Afrodite, um romance sobre culinária. Um gênero de livro de que gosto muito são as biografias de grandes mulheres.

Filme – Gosto de assistir a quase tudo, principalmente a filmes que abordem as relações pessoais e sociais. Só não gosto de filme de guerras e terror. Recentemente, assisti ao filme A vida dos outros, que se passa na Alemanha nazista, mas não mostra a guerra e sim as mazelas humanas decorrentes de uma ideologia.  

Política brasileira – Fui do PT na juventude. Tinha esperança de que este partido nos daria uma situação social mais justa. No entanto, não aconteceu. Tudo o que era promessa, em termos de saúde, educação e segurança, não se cumpre. Entretanto, é uma política que dá continuidade a muitas coisas boas, e tem a seu favor uma situação econômica mais confortável,  mérito de uma conjuntura mundial e não só do Brasil. Não me importo de pagar impostos, desde que o valor seja revertido para o bem comum. Há um uso individual, por parte dos governantes, e isso é desalentador.

Sonho – Já fiz muitas coisas. Gostaria de ter uma condição de vida na qual eu não precisasse trabalhar tanto e pudesse viajar mais com aqueles que eu amo.

Instituto Humanitas Unisinos – Conheço projetos pontuais, como a revista IHU On-Line. Existem atividades na universidade que mantêm o espírito jesuíta, e o Instituto tem este papel, de fortalecer e disseminar os valores jesuítas.

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