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Greyce Vargas
Ela nasceu na cidade de Barracão, município localizado no sudoeste do estado do Paraná. “Somos 11 irmãos”, conta Imidia. “Tem quatro aqui na Brás comigo, dois vivem na Vila Paim e o resto continua no Paraná.” A infância em Barracão foi bastante difícil. “Meu pai era muito bravo, a gente trabalhava a semana toda e não podia sair para brincar”, relembra. Em 1979, aos 20 anos, Imidia casou e saiu de casa. Os pais, em busca de melhores condições de vida, vieram para o Rio Grande do Sul e dois anos depois, em 1981, ela e o marido mudaram-se também.
Casamento
O casamento foi um tanto conturbado. Tiveram cinco filhos e por causa deles o marido nunca permitiu que Imidia trabalhasse, por mais que esse fosse um sonho antigo. Conforme os filhos foram crescendo, o marido não queria mais sustentá-los e, quando um deles envolveu-se com drogas, o marido ficou violento. “A gente teve muitos desacertos, ele bebia muito. Nossas primeiras broncas começaram por causa do meu guri que estava metido com drogas. Até que um dia, meu ex-marido bateu no meu filho e me mandou escolher entre ficar casada com ele ou ficar ao lado do meu filho. Eu jamais ia escolher ele e deixar meu filho de lado”, disse. Com isso, o marido saiu de casa e ficou sete meses fora e voltou. O casal conversou e tentou mais uma vez. “Mas ele ficou muito violento, por causa de ciúmes. Um dia ele foi para o bar e quando voltou queria me matar. Foi meu irmão e minha mãe que apartaram a briga.” Não deu certo novamente e Imidia, para, finalmente, dar um fim a essa história, procurou um advogado e o ex-marido saiu de casa.
A vida hoje
Hoje, Imidia mora com os dois filhos mais novos e a mãe. “Meu irmão morava nos fundos da casa da minha mãe quando eu me separei. Como eu fiquei sozinha e não trabalhava, fiquei sem condições de pagar as contas. Troquei de casa com meu irmão e assumi a responsabilidade sobre a saúde da minha mãe. Ela tem 79 anos e sofre de pressão alta e dos nervos. Às vezes, temos que levar ela no plantão e fazer soro na veia. Eu queria ter o meu salário, mas agora com essa responsabilidade não posso, tenho que cuidar dela, ela me sustenta e cobra para que eu cuide dela.”
Os filhos
Os filhos mais novos, Franciele, de 12 anos, e Carlos, de 14, estudam na Escola João Goulart, única escola municipal da Vila Brás. “Meu filho do meio, Adriano, deixou os vícios e as drogas e agora ele trabalha numa churrascaria no centro de São Leopoldo e vai casar, vai ser pai.” André, outro filho de Imidia, mora perto da casa da mãe e a mais velha, Betânia, vive com o marido em Santa Catarina. “Meu sonho é que meus filhos estudem para ter mais do que eu tive. Quanto mais eles estudarem, melhor é o emprego que eles vão ter. Eu me arrependo de não ter teimado com meu ex-marido e não ter trabalhado antes, hoje eu poderia ter um emprego bom.”
Mulheres da Brás
Imidia participa do Grupo de Mulheres da Brás. Entrou para o grupo por meio da Dica, que conheceu quando preparavam um sopão na casa da vizinha para as crianças carentes da comunidade. “Eu aprendi a fazer crochê no Projeto Meninos e Meninas da Vila Progresso. Agora estou aqui no Mulheres da Brás e faço crochê por encomenda. Ontem a gente fez um acolchoado bem bonito.” Imidia conta que no grupo passou a rir mais. “No grupo, a gente conversa, fala das dificuldade, mas fala das coisas boas também. Eu gosto muito daqui, a gente se diverte.”
Fé
Imidia é católica e acredita muito em Deus. “Eu leio muito a Bíblia, tenho muita fé e, sempre que peço algo com fé, sou atendida”.