Edição 249 | 03 Março 2008

Martírio: uma proposta de humanização espelhada em Jesus Cristo

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Bruna Quadros

“É mártir quem no substancial vive como Jesus, promove a causa sua causa, o reino de Deus, como boa notícia para os pobres, entra em conflito e luta contra o anti-reino, contra os poderes opressores deste mundo. Podemos dizer que os mártires são modelos de vida, que mostram opções de liberdade diante de grandes dificuldades econômicas, sociais, religiosas”, afirma Ana Formoso

A violência contemporânea e a sua banalização ganham contorno ainda mais reflexivo, durante a Páscoa - paixão, morte e ressurreição de Jesus. Através da compreensão do significado desta data, é possível encontrar um caminho que leve à disseminação de uma cultura de paz. Esta busca pela libertação do mal persegue a humanidade há tempos e tem forte relação com a história de vida do Homem de Nazaré. “Só olhando para a vida de Jesus, sua cruz e ressurreição é que podemos entender o significado do martírio, uma vez que ele é o primeiro mártir, testemunho fiel da vida do Pai para toda a humanidade, testemunho vivente mesmo na morte do Reino de Deus”, afirma a teóloga Ana Formoso.

Neste sentido, começam a surgir outros mártires, pessoas que seguem as pegadas de Jesus até abraçar sua própria morte de forma violenta, testemunhando com seu sangue sua crença e compromisso de vida. “É mártir quem no substancial vive como Jesus, promove a causa sua causa, o reino de Deus, como boa notícia para os pobres, entra em conflito e luta contra o anti-reino, contra os poderes opressores deste mundo. Podemos dizer que os mártires são modelos de vida, que mostram opções de liberdade diante de grandes dificuldades econômicas, sociais, religiosas”, reforça Ana. 

Tendo origem no conceito de mártir, a denominação martirológio abrange homens e mulheres, testemunhas de uma vida dedicada à causa do Evangelho. “Conhecer os mártires é uma realidade teológica que necessita ser aprofundada, cruza fronteiras, indo além de seu contexto para inscrever-se no contexto histórico de uma cultura de humanização”, explica a teóloga. Dom Romero, Ignácio Ellacuria, Pe. Mugica e Irmã Dorothy Stang são alguns dos nomes que integram o martirológio latino-americano. Também fazem parte pessoas que, sem receber o dom do martírio, abrem caminhos de vida e esperança para seu povo, como o bispo equatoriano Leónidas Proaño, Dom Helder Câmara, Dom Luciano Mendes de Almeida e as mulheres que morreram na luta pelas terras no Brasil, como Dorselina Fuladorna, do Mato Grosso e Rosani Nunes, do Rio Grande do Sul.
Com o intuito de refletir sobre o significado da Páscoa, além de celebrar a memória daqueles que deram a vida, em compromisso com a humanização, o Instituto Humanitas Hunisinos – IHU promove a exposição Martirológio Latino-Americano: “A Páscoa como subversão”. A mostra integra a programação do evento Páscoa 2008 – Um grito contra a violência, que será realizada de 03 de março a 04 de abril de 2008, na recepção e na sala 1G119 do Instituto, e visa incentivar a comunidade acadêmica a não contribuir com o mal que leva a repetir erros que necessitam ser esclarecidos e combatidos para que a vida possa ser celebrada.
Os mártires latino-americanos, ao lado de santos venerados pelas Igrejas Católica, Luterana, Anglicana, Ortodoxa e das religiões afro, ganham destaque especial na página do Instituto Humanitas Unisinos – IHU (www.unisinos.br/ihu). Com isso, busca-se, também, estreitar os laços entre as diferentes correntes religiosas, em favor da Justiça, da Paz e da Liberdade. Para essa matéria, a IHU On-Line também conversou com a teóloga Maria Cristina Gianni, da equipe de Atendimento Espiritual do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

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