Edição 231 | 13 Agosto 2007

Antonio Gramsci – uma biografia

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Antonio Gramsci (Ales, 22 de janeiro de 1891 - Roma, 27 de abril de 1937) foi um político, filósofo e cientista político, comunista e anti-fascista italiano.

Nascido num pequeno vilarejo ao norte da Sardenha, uma ilha situada no centro do Mediterrâneo ocidental, era o quarto dos sete filhos de Francesco Gramsci, que sofria por dificuldades financeiras e problemas com a polícia. Sua família passou por diversos municípios da Sardenha até finalmente estabilizar-se em Ghilarza.

Tendo sido um estudante brilhante, Gramsci venceu um prêmio que lhe permitiu estudar literatura na Universidade de Turim. A cidade de Turim, na época, passava por um rápido processo de industrialização, com as fábricas da Fiat e Lancia recrutando trabalhadores de várias regiões mais pobres. Os sindicatos, então, se estabeleceram e começaram a surgir conflitos sociais motivados pelas relações trabalhistas. Gramsci envolveu-se diretamente com estes acontecimentos, freqüentando círculos socialistas bem como associando-se com emigrantes sardos. Sua situação financeira, no entanto, não era boa. Suas dificuldades, que se somavam àquelas que tivera antes na Sardenha, certamente moldaram sua visão do mundo e tiveram peso na sua decisão de filiar-se ao Partido Socialista Italiano.

Gramsci, em Turim, tornou-se um notável jornalista, ainda que seus escritos fossem basicamente endereçados a jornais políticos, como L'Avanti (órgão oficial do Partido Socialista). De todo modo, a sua prosa brilhante e suas argutas observações logo lhe proporcionaram grande fama.
Sendo um escritor articulado e prolífico de teoria política, Gramsci produziu muito como editor de diversos jornais socialistas na Itália. Entre estes, ele fundou, juntamente com Palmiro Togliatti, em 1919, L'Ordine Nuovo, e contribuiu para La Città Futura.

O grupo que se reuniu em torno de L'Ordine Nuovo aliou-se com Amadeo Bordiga e a ampla facção Comunista Abstencionista dentro do Partido Socialista. Isto levou à organização do Partido Comunista Italiano (PCI) em 21 de janeiro de 1921. Gramsci viria a ser um dos líderes do partido desde sua fundação, porém subordinado a Bordiga, até que este perdeu a liderança em 1924. As teses de Gramsci foram adotadas pelo PCI no congresso que o partido realizou em 1926.
Em 1922, Gramsci foi à Rússia representando o partido, e lá conheceu sua esposa, Giulia Schucht, uma jovem violinista com a qual teve dois filhos.

Esta missão na Rússia coincidiu com o advento do fascismo na Itália, e Gramsci retornou com instruções de incentivar a união dos partidos de esquerda contra o fascismo. Em 1924, Gramsci foi eleito deputado pelo Vêneto. Ele começou a organizar o lançamento do jornal oficial do partido, denominado L'Unità, vivendo em Roma enquanto sua família permanecia em Moscou.

Em 1926, as manobras de Stalin dentro do Partido Bolchevique  levaram Gramsci a escrever uma carta ao Komintern, na qual ele deplorava os erros políticos da oposição de Esquerda (dirigida por Trótski e Zinoviev) no Partido Comunista Russo, porém apelava ao grupo dirigente de Stalin para que não expulsasse os opositores do Partido. Togliatti, que estava em Moscou como representante do PCI, recebeu a carta e a abriu, leu e decidiu não entregá-la ao destinatário. Este fato deu início a um complicado conflito entre Gramsci e Togliatti, que nunca chegou a ser completamente resolvido. Togliatti, posteriormente, faria muito para divulgar a obra de Gramsci após sua morte, mas evitou cuidadosamente qualquer menção às suas simpatias por Trotsky.

Em 8 de novembro de 1926, a polícia fascista prendeu Gramsci (apesar de sua imunidade parlamentar) e o levou a Regina Coeli, a famosa prisão romana. Ele foi sentenciado a cinco anos de confinamento (na remota ilha de Ustica). No ano seguinte, foi condenado a vinte anos de prisão (em Turi, próximo de Bari, na Apúlia). Sua saúde, que nunca tinha sido excepcional, neste momento começava a declinar sensivelmente, ao mesmo tempo em que ele foi deixado em uma cela pequena e com pouca assistência. Em 1932, um projeto para a troca de prisioneiros políticos ente Itália e União Soviética, que poderia dar a liberdade a Gramsci, falhou. Em 1934, sua saúde estava seriamente abalada e ele recebeu a liberdade condicional, após ter passado por alguns hospitais em Civitavecchia, Formia e Roma. Gramsci faleceu aos 46 anos, pouco tempo depois de ter sido libertado.

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