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IHU Online
Lourdes Dill coordena a Feira de Economia Solidária, além do Projeto Esperança/Cooesperança, desenvolvido pela Diocese de Santa Maria (RS), juntamente com a Cáritas Regional – RS. O Projeto, que funciona desde 1987, articula e congrega experiências da referida economia popular e solidária, no meio urbano e rural. Apóia-se no associativismo, buscando construir um modelo de cooperativismo autogestionário.
Sobre esse tema, Lourdes Dill concedeu outra entrevista à IHU On-Line, em 13 de setembro de 2004, na Edição 115, intitulada Economia social e consumo ético. A entrevista Produzir e consumir de maneira solidária e ética pode ser conferida no sítio do IHU (www.unisinos.br/ihu). Irmã Lourdes Dill também foi entrevistada em 5-3-2007, semana da morte de Dom Ivo Lorscheiter. A entrevista Dom Ivo Lorscheiter morreu. Ele foi um gigante da esperança está disponível no sitio do IHU.
Confira a entrevista para esta edição, concedida por Lourdes Dill à IHU On-Line, por e-mail:
IHU On-Line - O que significa o Projeto Esperança/Cooesperança para a região de Santa Maria?
Lourdes Dill - O projeto Esperança/Cooesperança, na região de Santa Maria , significa a força e o símbolo de Economia Solidária, pois são 27 anos de estudo e reflexão e 20 anos de prática ininterrupta que faz de Santa Maria uma força promissora no fortalecimento da Economia Solidária do Brasil e da América Latina. Este trabalho tem um apoio histórico e importantíssimo de Cáritas Brasileira - RS e de muitas entidades parceiras, como a UNISINOS, UFSM, UNIFRA entre outros.
IHU On-Line - De que maneira a Economia Solidária contribui para a construção de uma sociedade igualitária? De forma concreta, essa política está ajudando a diminuir as desigualdades sociais e a concentração de renda monopolizada? Como isso ocorre?
Lourdes Dill - A Economia Solidária contribui muito na construção dos movimentos sociais e num novo modelo de desenvolvimento solidário e sustentável. As políticas que contribuem, de forma efetiva, para diminuir as desigualdades sociais, são a força de organização do povo, a autogestão, a produção coletiva e ecológica, a forma de tratar o meio ambiente e a distribuição justa dos bens produzidos pelos trabalhadores/as do campo e da cidade. Um dos eixos norteadores da Economia Solidária é a autogestão, cooperação e a solidariedade, em que a vida e o ser humano estão acima do capital. As pequenas iniciativas multiplicadas no Brasil e no mundo contribuem muito na geração de trabalho e renda no campo e na cidade. Por isso, fortalece esta proposta, repetida por um importante provérbio africano que afirma: “Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da terra”.
IHU On-Line - Como a Economia Solidária se relaciona com outros movimentos sociais?
Lourdes Dill - A Economia Solidária e os movimentos sociais se articulam e atuam de forma integrada e integradora. É um movimento que cresce a cada dia em Santa Maria, no Brasil e no mundo. É um movimento interativo, solidário, autogestionário e transformador, envolvendo e congregando muitas pessoas. São mais de 18 empreendimentos no Brasil.
IHU On-Line - Qual é o papel da Igreja na concretização da Economia Solidária?
Lourdes Dill - Em Santa Maria, a Igreja e Ecumenismo tem um papel muito importante desde o início. Na cidade, a Economia Solidária iniciou com apoio da Igreja Católica, através do saudoso Dom Ivo Lorscheiter .
IHU On-Line - De que maneira os governos têm favorecido as iniciativas do Projeto Esperança / Cooesperança?
Lourdes Dill - Nos últimos anos, o Governo Municipal e o Governo Federal têm sido grandes parceiros dentro da Economia Solidária, por meio de projetos pontuais, através da SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária), do Programa Nacional de Feiras, da Agricultura Familiar e do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), entre outros.
IHU On-Line - Numa entrevista concedida à IHU On-Line, em 2004, a senhora disse que a EPS é um dos caminhos promissores para muitos países, e que ela contribui de maneira significativa para a geração de trabalho e renda para trabalhadores/as. Por que a senhora classifica a EPS como um dos caminhos promissores para vários países? Como a senhora reavalia a EPS, três anos depois?
Lourdes Dill - A Economia Solidária cresceu muito nos últimos anos no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo inteiro. As políticas públicas se fortalecem hoje, através da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), dos Fóruns Sociais Mundiais, de feiras, de Cursos de Formação e de todas atividades interativas que contribuem de forma significativa neste trabalho como um todo. Esse é o modelo de desenvolvimento do futuro do Brasil e do mundo.
IHU On-Line - Como a senhora avalia os resultados da feira de Santa Maria?
Lourdes Dill - Os resultados da Feira de Santa Maria, já nas edições passadas, nos últimos anos, têm melhorado de forma muito promissora. É um projeto de muito futuro inspirado no Fórum Social Mundial e fortalece “Um outro mundo possível”. Existe uma frase do provérbio chinês que nos motiva a trabalhar de forma autogestionária, organizativa e transformadora. “Se quiseres fazer planejamento para um ano, plante cereais; se quiseres fazer planejamento para trinta anos, plante árvores; se quiseres fazer planejamento para cem anos, organize e motive a organização do povo”.