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Ao contrário de muitos artistas, Kahlo não começou a pintura em uma idade precoce. Embora seu pai encarasse a pintura como um passatempo, sua filha não estava particularmente interessada na arte como uma carreira. Frida era uma revolucionária. Ao contrário da elite de sua época, ela gostava de tudo o que era verdadeiramente mexicano: jóias e roupas das índias, objetos de devoção a santos populares, mercados de rua e comidas cheias de pimenta. Fiel ao seu país, a pintora gostava de declarar-se filha da Revolução Mexicana, ao dizer que havia nascido em 1910.
Entre 1922 e 1925, freqüentou a Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México e assistiu a aulas de desenho e modelado. Em 1925, aprendeu a técnica da gravura com Fernando Fernandez. Um acidente de ônibus nesse mesmo ano deixou-a com lesões permanentes. Era setembro e a pancada foi no meio do ônibus, onde estava sentado o casal. Frida receberia todo o baque do acidente. Ela foi varada por um ferro que lhe atravessou o abdome, a coluna vertebral e a pélvis. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa em uma cama. O diagnóstico do acidente: “fraturas nas terceiras e quarta vértebras lombares; três fraturas na bacia; onze fraturas no pé direito (o atrofiado); luxação do cotovelo esquerdo; ferimento profundo no abdome (provocado por uma barra de ferro que entrou pelo quadril esquerdo e saiu pela vagina rasgando o lábio esquerdo); pentonite aguda e astite, precisando de sonda durante vários dias”.
Foi nessa dolorosa convalescença que Frida começou a pintar freneticamente, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Frida sempre pintou a si mesma: “Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”. Ela pintou suas angústias, suas vivências, seus medos e, principalmente, seu amor pelo marido, o pintor mexicano Diego Rivera.
Em 1928, quando Frida Kahlo entrou no Partido Comunista Mexicano, ela conheceu justamente o pintor muralista Diego Rivera, com quem se casaria no ano seguinte. Frida amargou muitas amantes do marido, que foi um reconhecido mulherengo. Mas também viveu romances paralelos com mulheres e homens, o mais famoso com o revolucionário russo León Trotski. Apesar das traições do marido, a maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, as seqüelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em muitos dos seus quadros.
Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples num estilo propositalmente reconhecido como ingênuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isto adotava com muita freqüencia temas do folclore e da arte popular do México.
Entre 1930 e 1933, passaria a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit com Rivera. Entre 1936 e 1939, o político russo León Trotski vivei em sua casa de Coyoacan, exilado pelo regime soviético.
Em 1938, André Breton qualificaria sua obra de surrealista em um ensaio que escreve para a exposição de Kahlo na galeria Julien Levy de Nova Iorque. Não obstante, ela mesma declararia mais tarde: “Acreditavam que eu era surrealista, mas não o era. Nunca pintei meus sonhos. Pintei minha própria realidade”.
Em 1939, expôs em Paris na galeria Renón et Colle. A partir de 1943, deu aulas na escola La Esmeralda, no D.F. (México). Em 1953, a Galeria de Arte Contemporânea desta mesma cidade organizou uma importante exposição em sua honra.
Alguns de seus primeiros trabalhos incluem o “Auto-retrato em um vestido de veludo” (1926), “Retrato de Miguel N. Lira” (1927), “Retrato de Alicia Galant” (1927) e “Retrato de minha irmã Christina” (1928).
Quatro anos após a sua morte, sua casa familiar, conhecida como “Casa Azul”, transformou-se no Museu Frida Kahlo. Pesquisadores mexicanos descobriram que Frida Kahlo poderia ter sido envenenada por uma das amantes de Diego Rivera. Frida faleceu em 13 de julho de 1954.