Edição 218 | 07 Mai 2007

Wictor Magno

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IHU Online

A pesquisa é o que empolga este professor. Wictor Magno é bacharel em Física, mestre em Ciências e doutor em Física pela UFPE e pós-doutor em Física pela Unicamp. Natural de Recife, Pernambuco, está há três anos no Rio Grande do Sul. Quando não está lecionando nos cursos de Engenharia da Computação e Física da Unisinos, ele se dedica à pesquisa na UFRGS. O professor já participou do II Ciclo de Estudos Desafios da Física, evento promovido pelo IHU em 2006 e concedeu entrevista à IHU On-Line número 200, sobre o tema da Nanotecnologia e nanociência. A edição está disponível no sítio da IHU On-Line– www.unisinos.br/ihuonline. Conheça um pouco mais do professor Wictor na entrevista a seguir

Origens - Tenho 34 anos. Nasci e cresci em Recife, Pernambuco. Tenho dois irmãos mais velhos. Tive uma infância normal. Minha mãe, já falecida, era pedagoga e trabalhava como orientadora escolar e meu pai é advogado. Morei por muito tempo na cidade do Recife e em cidade próximas como Olinda e Jaboatão, na região metropolitana do Recife.

Começo - Estudava próximo a minha casa, assim como meus irmãos. O Ensino Fundamental foi feito em uma escola pública, onde minha mãe trabalhava como orientadora pedagógica. Cursei o Ensino Médio no Colégio Marista do Recife. Não tenho muitas recordações da minha infância, mas lembro-me que brincávamos bastante, eu, meus irmãos e meus primos, no prédio onde morávamos.

Estudos - No início do Ensino Médio, cheguei a começar um curso técnico de mecânica, mas depois vi que não era o que queria. Como minha vontade era fazer o vestibular na área de ciências exatas, uma vez que sempre gostei de matemática, física e computação, optei por fazer vestibular em um desses cursos.

Escolha - Cheguei às exatas um pouco pela minha aptidão em astronomia. Sempre gostei muito de ler sobre astronomia e computação. Essa parte sempre me motivou a procurar por um curso de ciências exatas. Se não tivesse feito Física, teria feito Engenharia da Computação ou Eletrônica. Passei no vestibular para Física na Universidade Federal de Pernambuco e em Engenharia Elétrica-Eletrônica na Universidade de Pernambuco. Optei pela Física, porque a Universidade Federal de Pernambuco tem uma excelente infra-estrutura de laboratórios de ensino e pesquisa, sendo o departamento de Física da UFPE reconhecido nacionalmente como um centro de excelência em Física da região Nordeste do País.

Física - Meu curso de graduação durou quatro anos. Durante este período, me envolvi com trabalhos de iniciação científica desde o início do bacharelado. Foi um período interessante para mim, mas bastante corrido. Depois fiz pós-graduação, mestrado e doutorado. Desse modo, ao longo de dez anos eu só me lembro de ter estudado. Na área de física no Brasil uma graduação não é suficiente para te dar uma preparação plena, sendo necessário complementar os estudos com uma pós-graduação. Desde o início do curso de graduação pretendia pesquisar e ensinar. É uma vida que muitas vezes nos priva da presença dos parentes e amigos, pois passamos muito tempo estudando. Trata-se de uma escolha, da qual não me arrependo. É necessário ter aptidão e gosto pela dedicação exclusiva aos estudos, caso contrário não há como levar adiante.

Ensino - Desde o início da graduação, trabalhei como bolsista de iniciação científica em laboratórios de pesquisa. Também fui monitor de algumas disciplinas. Durante o mestrado e doutorado, fui professor substituto na universidade, onde ministrei diversas disciplinas. No início foi bastante difícil, pois eu era bastante jovem e estava apenas começando. As primeiras turmas em que lecionei eram grandes, com mais de cinqüenta alunos. A maior dificuldade inicial foi trabalhar com um grande público jovem e bastante heterogêneo.

Pesquisa - Durante meu doutorado, tive intercâmbio com pesquisadores de outras regiões do País e de outros países como Estados Unidos e França. Foi uma experiência interessante, pois viajei para participar de congressos, escolas e workshops onde tive o privilégio de estudar e conhecer importantes pesquisadores da minha área. Fiz meu pós-doutorado na Unicamp, em Campinas. Na minha área de pesquisa (óptica) existem poucos grupos solidificados no País. Trabalhei como pós-doutor na Unicamp financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por cerca de dois anos.

Oportunidade - Já conhecia alguns professores que trabalham aqui no Sul e sempre tive conhecimento de que o Instituto de Física da UFRGS é de excelente qualidade. Eu tinha contato com esses pesquisadores, mas não conhecia a Unisinos. Na época do pós-doutorado, fui informado sobre a disponibilidade de uma vaga para professor adjunto na Unisinos e resolvi arriscar. Também tinha interesse em conhecer melhor a região Sul do País, pois tenho descendência italiana. Depois do pós-doutorado, tive a chance de fazer pesquisa na Itália, mas optei por vir trabalhar aqui no Rio Grande do Sul.

Livro - Além de literatura técnica, eu gosto de literatura nacional. Estou gostando muito de ler Mario Quintana. Espelho mágico é um livro interessante. Gosto de ler também contos e poemas do autor. Leio bastante também Luis Fernando Veríssimo. Meus autores preferidos da minha região são Ariano Suassuna, Graciliano Ramos e João Cabral de Melo Neto.

Esporte - Gosto de futebol, mas jogo com pouca freqüência. Gosto também de tênis e de natação.

Horas livres - Fico muito tempo em frente ao computador. Eu leciono e nas horas vagas, faço pesquisa. Ouço também música, leio jornais e gosto de jogos de computador.

Filme - Gosto muito de filmes e tenho um gosto heterogêneo. Adoro os filmes do Woody Allen: são ótimos. Seu humor inteligente e ácido é incomparável. Também gosto dos seus filmes não humorísticos. Admiro também os filmes do Fellini, do Akira Kurosawa e do Stanley Kubrick. Não sou muito interessado por cinema comercial. Sempre que posso vou ao cinema ver filmes novos, embora prefira assisti-los em casa.

Sonho - Não tenho muitos sonhos. Quero continuar me aperfeiçoando, estudando, e conhecer outras áreas também. Gosto de história, política e filosofia.

Brasil - Acredito que temos vivido um momento difícil em nosso País, mas penso que as estruturas estão se organizando. Sinto que existe agora uma tendência em punir as pessoas que são corruptas. Vejo isso como algo positivo, pois nosso país é campeão em corrupção e impunidade, fatos que mancham a nossa história. Economicamente, o País está em um momento favorável, mas com sérios problemas de insegurança e educação. A educação no País é um tema muito complicado, como é freqüentemente noticiado nos jornais. O ensino em matemática e física no Brasil é um dos piores do mundo. É uma realidade que me diz respeito e tenho uma parcela de responsabilidade nisso, pois leciono para futuros professores dessas áreas. A educação é uma questão extremamente importante e não é levada a sério pelos nossos governantes. Os nossos alunos, em geral, têm uma educação de péssima qualidade nos ensinos fundamental e médio. Isso é ruim para a formação do cidadão e para a preparação deles para o mercado de trabalho. A questão da péssima qualidade da educação brasileira leva também a outros problemas mais graves, como a violência, a má distribuição de renda e a injustiça social. É uma bola de neve. A educação seria uma forma de resolver muitos problemas da sociedade.

Unisinos - A Unisinos foi efetivamente o meu primeiro emprego. Ela me deu esse voto de confiança. A área de ensino e os laboratórios didáticos da Universidade são muito bons. Tenho algumas observações em relação à pesquisa. No momento, não tenho nenhum vínculo de pesquisa com a instituição, assim como outros colegas pesquisadores que conheço. Parece que essa questão não está bem definida. Geralmente os grupos que estão ligados a uma pós-graduação são os que têm apoio à pesquisa. No entanto, existem muitos profissionais preparados e qualificados atuando na graduação que fazem pesquisa por conta própria, sem apoio da instituição. Nós, pesquisadores, somos preparados para fazer pesquisa. Se eu sou contratado como professor, nas horas vagas eu irei fazer pesquisa. Nesse aspecto penso que a Universidade poderia melhorar bastante, definindo claramente as áreas prioritárias e distribuindo horas de pesquisa, de forma a privilegiar o mérito do pesquisador. Essas seriam soluções acertadas.

IHU - Eu tive uma colaboração com o IHU no evento II Ciclo de Estudos desafios da Física para o século XXI: um diálogo desde a Filosofia, na Livraria Cultura, em Porto Alegre. Considero o IHU um importante espaço da Universidade para discussão e divulgação de idéias e conhecimento. Vejo que a Editora Unisinos sofreu um encolhimento, prejudicando a divulgação de trabalhos dos pesquisadores da Universidade. As publicações do IHU tornaram-se, a meu ver, as mais importantes da Unisinos. É um instituto sério, com pessoas realmente engajadas, com visão em várias áreas do conhecimento. Vejo como uma luz no fim do túnel para a pesquisa na Unisinos. Ou seja, o IHU tem cumprido seu papel de forma bastante eficiente.

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