Edição 215 | 16 Abril 2007

Jorge Geisler

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Jorge Geisler é uma pessoa motivada. Começou cedo a trabalhar, como vendedor de balas durante a infância em Bagé e como metalúrgico, aos 12 anos, em Porto Alegre. Começou na administração no Hospital Moinhos de Vento, onde conheceu sua esposa. Hoje, leciona nos cursos de Administração e Ciências Contábeis na Unisinos e é diretor da CADII (Centro de Atendimento e Desenvolvimento Integral do Indivíduo), onde ministra palestras motivacionais. Geisler é ainda autor de dois livros, Falando e Encantando seu Público e Comunicação Motivacional – Mantenha o seu UAU!. Alegre e com um sorriso contagiante, Jorge é um profissional admirável. Conheça um pouco mais deste professor na entrevista a seguir.

Origens - Nasci em Bagé, na fronteira do Brasil com o Uruguai, em uma família com sete filhos dos quais eu sou o caçula. Logo depois que eu nasci meu pai morreu. Minha mãe, por conta disso, enfrentou muitos desafios e nos ensinou lições de sobrevivência e autonomia desde muito cedo.

Infância - Como criança, achava tudo muito divertido. Eu e meus irmãos fazíamos do trabalho parte do nosso lazer. Com nove anos, vendia balas de coco no estádio de futebol da cidade, Estrela Dalva, da equipe do Guarani. Já nesta época gostava muito de vender, me comunicar e estar em contato com as pessoas. Aos 12 anos, meu irmão mais velho me trouxe para Porto Alegre. Fomos morar na Vila Floresta. Aos poucos, parte da família acabou vindo também. Eu comecei a trabalhar em uma metalúrgica. Lá eu fabricava uma peça chamada Graxeira. Na época, eu não me dava conta de quanto esta atividade era perigosa para uma criança e o quanto precocemente assumi responsabilidades de trabalhador e mantenedor. Ficava muito orgulhoso com o meu trabalho.

Estudos - Em Bagé, tive o privilégio de estudar em uma escola muito conceituada, o Colégio São Pedro. Era uma escola particular, e eu só podia freqüentá-la porque tinha bolsa de estudos. Em Porto Alegre, estudei na escola Liberato Salzano Vieira da Cunha, e fiz o Curso Técnico em Contabilidade no colégio Protásio Alves. Depois de concluir o ensino médio, trabalhava em uma empresa onde estava sendo promovido e senti a necessidade de fazer o curso superior de Administração. Durante o curso, fui descobrindo muitas outras possibilidades que a carreira de Administrador oportuniza. O curso ajudou a encontrar inspiração para o meu projeto de vida, do ponto de vista profissional, que foi criar uma empresa para trabalhar em Consultoria.

Administração hospitalar - Com 15 anos, fui trabalhar no hospital Moinhos de Vento, onde fiquei por sete anos. No hospital, comecei a trabalhar como office-boy. Passei para auxiliar do serviço de faturamento e depois fui promovido para chefe do setor. Saí de lá com 22 anos, e fui para o Hospital Mãe de Deus, onde fiquei nove anos. Ao final deste tempo, fui convidado para administrar um hospital na grande Porto alegre. Era um grande sonho. Foi um período de muitas descobertas. Ampliei a consciência de muitas coisas. Eu achava que tinha as respostas para tudo na vida. Dei-me conta que eu tinha aprendido a mandar, mas as pessoas não tinham aprendido a me obedecer. Aprendi a lidar com questões políticas. Tempos depois, assumi a Administração do hospital Centenário, aqui de São Leopoldo.

Casamento - Sou casado há 25 anos com a Hilda, e temos dois filhos, Victor, de 20 anos, a Luísa, de 16 anos, e, mais recentemente, o Yzzi, um yorkshire veio fazer parte da nossa família. Moramos em Canoas.

Professor - Eu sempre quis ser professor, era uma coisa intuitiva. Nas próprias aulas da graduação, eu falava muito, gostava de discutir. Surgiu a oportunidade de eu lecionar no curso de Administração Hospitalar. Eu trabalhava como Assessor administrativo no Hospital Mãe de Deus, e a professora Nina Calegari me fez o convite. Assim, comecei a dar aulas aqui na Universidade. Para mim, a aula precisa ter paixão, algo muito além do conhecimento. O grande desafio de quem leciona é manter acesa, nos alunos, uma chama de curiosidade por descobertas. Cada vez que planejo as aulas, penso em detalhes que possam ser utilizados para trabalhar o conteúdo, no sentido de desenvolver alguma competência e que o aluno consiga, de fato, se beneficiar em seu cotidiano. Para mim, é importante tornar o aprendizado uma coisa prazerosa, enriquecedora e que extrapole os limites de sala de aula. Que seja importante aprender em qualquer circunstância.

Especialização - Depois da graduação eu fiz especialização em Cooperativismo. Tive professores maravilhosos, que me ensinaram muito. O Administrador, quando é muito jovem, tem uma tendência a pensar que tem respostas para tudo. O Cooperativismo me mostrou que as coisas não são assim. Na minha turma de especialização, 50% era composta de pessoas do Movimento dos Sem-Terra (MST). E eu era empresário, com uma visão mais estreita em relação ao capital, lucro, a pessoas e resultados. Conviver com esse paradoxo foi bem desafiador. No entanto, aprendi na prática que o Administrador necessita exercitar flexibilidades, conviver, ouvir as pessoas e gerenciar diferenças para fazer alguma diferença.

Mudança - Administrar hospitais foi uma fase muito importante e de muito aprendizado, entretanto, a ânsia por mais desafios e outros resultados para minha vida fez com que eu colocasse em ação o projeto de criação da minha própria empresa. As pessoas já me procuravam para fazer palestras de motivação e ajudá-las com suas apresentações em público. Foram os próprios clientes que criaram a necessidade de me desenvolver mais nesta área. Fiz vários Cursos de Neurociência, formação em Neurolingüística (PNL) e grupos operativos, entre outros. Como resultado disso, também comecei a escrever. Publiquei meu primeiro livro, que se chama Falando e encantando o seu público, depois escrevi o segundo, Mantenha seu UAU, e assim continua sendo até hoje. Hoje estou pesquisando para um novo livro sobre o tema da liderança.

Cadii - A minha empresa (Centro de Atendimento e Desenvolvimento Integral do Indivíduo Ltda -– CADII) foi criada em 1992, como um projeto pessoal e como uma decorrência da demanda pelos meus serviços. Á medida que a empresa cresceu, novos parceiros foram agregados para atender demandas por novos produtos. Hoje a empresa conta com mais nove consultores. Eles fazem palestras e cursos em suas áreas de conhecimento. Atualmente, o foco da empresa está voltado para a gestão e o desenvolvimento de pessoas e equipes através de cursos, palestras, seminários, workshops etc.

Ciências contábeis - Leciono uma disciplina específica para Contadores que se chama “Seminários”. Um colega de mestrado, Prof. Krause, professor do curso de Ciências Contábeis, com a consciência de que o contador tem uma formação que privilegia o racional, pragmático e o lógico, tinha um ideal de agregar a isso uma disciplina específica onde os alunos pudessem desenvolver a competência para comunicar, de forma mais compreensível, assuntos técnicos para leigos. Ele estruturou a disciplina e me fez o convite para lecionar, o que acontece até hoje. Uma grande satisfação, que me enche de orgulho, eu tive na Universidade: fui paraninfo da turma de Ciências Contábeis 2006/2.

Cinema - Meu lazer favorito é o cinema. Montei um home theather em casa. Patch Adams – O amor é contagioso é o meu filme preferido. Sociedade dos poetas mortos é um filme muito bom, bastante profundo e de grande inspiração.

Esporte/Lazer - Joguei tênis por muito tempo. Atualmente, faço caminhadas com regularidade e ando de bicicleta. Gosto de assistir aos jogos do Internacional. Especialmente porque também é uma oportunidade de conviver e ficar mais próximo do meu filho Victor, que é um coloradão.

Livro - Adoro ler, me enxergo muito nos livros. Um livro legal que li recentemente é A última grande lição – o sentido da vida, de Mitch Albom. É uma biografia, que ganhei do Denis, meu ex-aluno, e conta a história de um professor de filosofia que é entrevistado pelo seu ex-aluno, jornalista, quando já estava no fim de sua vida. É um livro intenso e de profunda reflexão sobre o sentido da vida.

Autor - Vários. Moacyr Scliar, Veríssimo, Josué Guimarães e seu Camilo Mortágua, que é um livro muito bom. O monge e o executivo, de James Hunter, é um livro que considero inspirador.

Planos - Tenho plano de expandir a minha empresa. Queremos comprar uma sede e fazer do CADII uma empresa referencial em treinamento. É o desafio que vamos realizar. Acredito que o melhor sempre está por vir; sou um otimista convicto.

Sonho - Quero ser uma pessoa melhor sempre, cada vez mais. Ter mais tempo para conviver com as pessoas que eu amo, desfrutar com mais plenitude a vida.

Brasil - O Brasil é um lugar de oportunidades, um lugar de liberdades. Precisa encontrar um caminho que diminua as imensas desigualdades sociais.

Unisinos - É motivo de profundo orgulho, um sentimento muito íntimo, que é reforçado em todos os lugares aos quais eu vou. É uma Universidade diferenciada que desafia e estimula o crescimento permanentemente.

Instituto Humanitas Unisinos - É um espaço para refletir, realinhar, conviver e construir, num movimento do vir a ser.

 

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