Edição 215 | 16 Abril 2007

“Não há culpados nem vilões”

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IHU Online

“As incertezas foram reduzidas de modo bastante significativo”, é o que declara o físico Paulo Artaxo a respeito da divulgação do novo relatório do IPCC. Na entrevista a seguir, o físico comenta brevemente como o relatório supera os alertas ambientais anteriores, além de refletir mudanças possíveis no Protocolo de Kyoto.


Paulo Artaxo é Doutor em Ciências pela USP. Atualmente é professor titular do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP. Confira a breve entrevista concedida por e-mail a IHU On-Line a seguir.

IHU On-Line - O que significa este novo relatório do IPCC? Quais são os avanços do relatório IPCC em comparação com os alertas conhecidos?
Paulo Artaxo -
  Este relatório científico do Grupo de Trabalho 1 do IPCC aponta uma certeza estatística de que as alterações globais já estão ocorrendo e faz previsões do futuro com bastante credibilidade. Foram utilizadas os melhores modelos climáticos do momento, e as incertezas foram reduzidas de modo bastante significativo.

IHU On-Line - Antes da divulgação, integrantes do IPCC e delegados reuniram-se em
Paris. O que foi discutido?
Paulo Artaxo -
  Nesta reunião de 5 dias em Paris, uma parte dos cientistas do IPCC participaram da discussão final com representantes de todos os países da ONU. Nesta reunião, foram ouvidas todas as objeções dos governos a cada palavra constante do relatório do IPCC. Isso é essencial para que o relatório reflita um consenso entre cientistas e governos.

IHU On-Line - Alguma medida, como o Protocolo de Kyoto, pode impedir as interferências climáticas perigosas? E quanto ao uso de modos alternativos de geração de energia?
Paulo Artaxo -
  Quanto mais rápido a humanidade reduzir as emissões de gases de efeito estufa, menores serão as conseqüências danosas ao clima. É preciso reduzir as emissões dos gases de efeito estufa o quanto antes e com a maior intensidade possível. O protocolo de Kyoto tem metas muito reduzidas, e cortes das emissões de 50 a 80% são necessários para que as concentrações sejam estabilizadas em valores mais altos que os atuais, mas dentro de valores controlados.

IHU On-Line - Afinal, quem é o culpado pelo efeito estufa?
Paulo Artaxo -
Não há culpados nem vilões. Toda a humanidade, com diferentes responsabilidades, deve investir em reduzir as emissões. Mas, evidentemente, os países desenvolvidos têm a maior parcela de responsabilidade pelas suas emissões não controladas nos últimos 150 anos. No caso brasileiro, é essencial que as queimadas na Amazônia sejam reduzidas o mais rápido possível.

IHU On-Line - Qual o futuro dos países-ilha?
Paulo Artaxo -
Algumas ilhas, com aumento do nível do mar de 30 a 50 centímetros podem sofrer processo de erosão acelerado e eventualmente desaparecer. As áreas costeiras do Brasil vão também sofrer erosão mais acelerada, e regiões de baixa altitude, como a foz do Rio Amazonas, podem ser parcialmente invadidas pelo aumento do nível do mar.

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