Edição 548 | 07 Junho 2021

DEPOIMENTO - Mulheres na pandemia - Jaqueline dos Santos Rodrigues

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João Vitor Santos

Jaqueline dos Santos Rodrigues, 37 anos
Moradora da ocupação Steigleder

Já se passou um ano da pandemia e estamos vivendo aqui na ocupação, mas também em outros lugares, uma dificuldade enorme. Porque eu, como mulher, preciso ser mãe, esposa, dona de casa, professora, afinal as crianças estão sem ir à escola e temos que auxiliar a fazer as tarefas da escola. Como mãe, tenho uma família enorme para cuidar, sem contar que como esposa sou casada há 18 anos. Na realidade do dia a dia, em nossa ocupação temos vivido momentos bastante difíceis, porque a pandemia veio para todo mundo e tem afetado muito a nossa comunidade.

Com a pandemia tivemos que redobrar os cuidados por conta do vírus. Uma das maiores dificuldades da Ocupação Steigleder é a questão da água, pois o acesso à água potável é precário e muito difícil. Em função do vírus temos que lavar as mãos toda a hora, além de ter que lavar as roupas e tomar banho. Também não pudemos sair para trabalhar, pois a maior parte dos moradores são catadores de material reciclável e enfrentamos muitas dificuldades de ir para as ruas. Claro que isso não nos impediu, porque precisávamos disso para poder manter nossa família e colocar o alimento na mesa. Além disso, não poder ver alguns familiares por conta desse vírus é muito difícil.

Houve muitas mudanças, pois junto com a pandemia veio a rede solidária, que tem nos ajudado muito com alimentos e produtos de higiene. Por meio dessa iniciativa muita gente pôde saber que havia gente na ocupação que precisava de apoio e ajuda, que passaram a nos ajudar com cesta básica, álcool em gel e mesmo alimentos prontos. Para nós foi uma grande mudança, pois como muitas pessoas saem para buscar material, às vezes, chegam ao meio-dia ou à tarde e ainda têm que preparar o alimento, mas com as doações de comidas prontas a pessoa pode pegar a comida, ir para casa, almoçar e, depois, voltar para o seu trabalho.

A minha família é composta por sete pessoas, dois adultos e cinco crianças. Para tomarmos os devidos cuidados de higiene, usamos álcool em gel, água sanitária para lavar as máscaras e tentamos manter o máximo possível o isolamento social, o que em uma casa com sete pessoas é bem difícil. Os filhos querem sair e passear, mas não podem e isso é bastante difícil. Mas o que temos feito para se prevenir é usar máscara, lavar as mãos e usar álcool em gel.

Reportagem

Jaqueline é também a personagem central da reportagem O Natal Solidário da Jaqueline, de autoria de Thariany Mendelski, aluna do curso de jornalismo da Unisinos, republicada nesta edição da revista. Acesse e leia a matéria na íntegra.

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