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João Vitor Santos
Fernanda Bragatto
Professora universitária e mãe
Desde que foi decretada a cessação das atividades presenciais na universidade, tenho trabalhado exclusivamente em casa. Isso inclui ministrar aulas, orientar alunos, fazer reuniões, participar de eventos e dar entrevistas de forma totalmente on-line. Viagens, deslocamentos no trânsito e dentro do espaço de trabalho e contato pessoal com colegas e alunos foram totalmente suprimidos da minha rotina. Leituras e produção de textos eram atividades que eu costumava realizar em casa, então isso não mudou.
A principal dificuldade foi conciliar trabalho e cuidado dos filhos. Por mais que em alguns dias eu contasse com a ajuda de babá, as crianças sempre demandam muita atenção. A necessidade de auxílio à filha mais velha em etapa de alfabetização, controlando os horários das aulas e auxiliando-a psicologicamente a aceitar a nova modalidade, foi algo que dificultou muito a minha rotina a ponto de eu renunciar a um cargo de chefia (coordenação do Programa de Pós-Graduação em Direito/UNISINOS) em setembro.
As mudanças foram inúmeras, a começar pela migração para o ambiente virtual e pelas novas formas de utilização da comunicação ágil e instantânea que nos proporcionou contatos que, antes, faríamos apenas se tivéssemos recursos financeiros.
Nessa migração, senti um aumento do volume de trabalho, eis que o tempo que antes usávamos para deslocamentos e viagens tornou-se um tempo usado na realização efetiva de trabalho. Isso faz com que tenhamos mais horas livres que acabamos preenchendo com mais trabalho. A tarefa que antes eu levava mais tempo para cumprir, agora é cumprida mais rapidamente, abrindo-se espaço para mais trabalho. Isso gera uma sensação de permanente disponibilidade para o trabalho e dificuldade de descanso.
Na minha casa moram quatro pessoas; meu marido trabalhou fora durante toda a pandemia (é médico) e eu ainda estou em home office. As duas crianças passaram a maior parte do tempo com aulas on-line, apenas recentemente retornaram à escola. Eu trabalho na sala ou, quando preciso de silêncio e não ser interrompida, me tranco em um quarto com escrivaninha. A filha de 7 anos assistia às aulas em uma escrivaninha em seu quarto. O filho de 4 anos esteve na escolinha de dezembro a fevereiro e retornou agora. Quando não esteve na escola, não assistia a aulas on-line.