Edição 545 | 18 Novembro 2019

Jacques Dupuis: a nobreza da coerência evangélica

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Faustino Teixeira

"O precioso trabalho de Dupuis veio reconhecido por muitas autoridades religiosas e acadêmicas. Foi o grande mestre e pioneiro no campo da teologia cristã do pluralismo religioso, tendo a 'ousadia' de ensinar no 'olho do furacão romano', com coragem e alegria, numa das Universidades católicas de maior evidência e repercussão internacional", destaca Faustino Teixeira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais - PPCIR-UFJF.

Eis o artigo.

O objetivo desta minha reflexão é divulgar o excelente livro-entrevista de Gerard O´Connell, “Il mio caso non è chiuso”. Conversazioni con Jacques Dupuis (Bologna, EMI, 2019), que é a tradução italiana da obra, Do Not Stifle the Spiriti (Maryknoll, Orbis Books, 2017). É um livro impressionante, que comove a todos que o leem, pela integridade e honestidade com que um dos maiores teólogos do século XX, o belga Jacques Dupuis, relata o seu caminho teológico e as dificuldades por que passou com a Congregação para a Doutrina da Fé, na era Ratzinger. Eu, que fui orientado por Jacques Dupuis no pós-doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), entres os anos de 1997 e 1998, saí muito emocionado da leitura, que causou em mim um impacto impressionante. Nunca tinha visto, em detalhes, um livro que pudesse relatar com tanta coragem a dinâmica de “impiedade” e “dureza” de um dicastério romano voltado para o controle da ortodoxia teológica, embora a sua função, desde a criação por Paulo VI, ao final do Concílio Vaticano II (1962-1965), com o nome de Suprema Congregação para a Doutrina da Fé (CdF), fosse “promover e encorajar a teologia na igreja, e não aquela de emitir condenações” .

O livro, com prefácio de Giancarlo Bosetti e introdução de Gerard O´Connell , vem dividido em duas partes: Na primeira parte, intitulada “Um olhar em voo de pássaro”, abordam-se os antecedentes do processo que levou à Notificação do livro principal de Jacques Dupuis, “Rumo a uma teologia cristã do pluralismo religioso” (1997), bem como as dores e consequências do processo; na segunda parte, intitulada “À busca da verdade”, vem desenvolvido o tema da teologia do pluralismo religioso revisitada. Um balanço provisório. O objetivo aqui não é tratar pormenorizadamente de todo o livro, mas apontar alguns aspectos que mais me chamaram a atenção na leitura e suscitar uma maior divulgação da obra e, quem sabe, uma tradução brasileira.

O livro-entrevista nasceu de uma proposta do jornalista Gerard O´Connell, que reside em Roma e é correspondente do Vaticano para a revista americana dos jesuítas, America. A ideia veio durante o processo sofrido por Dupuis, em razão de seu livro, e o teólogo belga hesitou muito no início em aceitar a empreitada, pelo fato de grande parte do material conter questões que eram tidas como “reservadas” (CJD, 140). Depois aceitou contribuir para o livro, que foi precedido por muitas entrevistas realizadas em Roma. A proposta recebeu a acolhida positiva da editora Orbis Books, e depois a EMI, de Bologna, que logo providenciou a tradução para o italiano. O livro veio definido por Gerard O´Connell como “o último testamento do padre Jacques Dupuis” (CJD, 27).

Jacques Dupuis foi grande pioneiro no debate da teologia cristã do pluralismo religioso, tendo trabalhado 36 anos na Índia, como missionário e professor de teologia, até que em 1984 foi convocado pelo então Geral do Jesuítas, pe. Peter-Hans Kolvenbach, a assumir o trabalho docente na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (PUG). Tinha estado já na PUG como professor visitante por duas vezes, a convite do pe. René Latourelle, nos anos acadêmicos de 1981-1982 e 1982-1983. Durante o terceiro período como convidado é que veio então a convocação de Kolvenbach (CJD, 78). Jacques Dupuis atuou como professor no curso de Cristologia (no primeiro e segundo ciclo) e também no curso especial de teologia das religiões. Na ocasião, sua acolhida como membro permanente da comunidade dos jesuítas e do staff da universidade “foi muito calorosa”, sobretudo por parte dos superiores (CJD, 79).

Um traço característico de Jacques Dupuis, percebido por todos que tiveram a sorte de conviverem com ele, assistirem suas aulas ou participarem de sua orientação, era a coerência profunda. Foi esta coerência e honradez que marcou todo o seu itinerário de sacerdote jesuíta e professor de teologia. Dizia sempre para seus alunos, e pude testemunhar isso, que não sabia ensinar o que não pensava. Buscou assegurar-se, sempre, de manter uma profunda coerência na sua vida, evitando a todo custo a discrepância entre a vida e o discurso (CJD, 105). No livro-entrevista ele reforça isso algumas vezes, evitando “esconder” suas reflexões. Isso não fazia parte de sua pedagogia, que envolvia a partilha honesta e digna daquilo que adornava o seu ser e que constituía o objeto fundamental de sua crença (CJD, 235 e 232). Dizia: “Devo confessar que jamais renunciei a dizer e ensinar o que considerava verdadeiro. E acredito que os estudantes que seguiam os meus cursos reconheciam em mim a honestidade e sinceridade, a completa coerência entre o que pensava e ensinava” (CJD, 81).

Durante a entrevista apontou as três escolhas que marcaram a sua vida: a decisão de entrar na Companhia de Jesus (os Jesuítas), a sua experiência na Índia e o seu exercício acadêmico (CJD, 277). Falava com alegria da certeza de sua vocação sacerdotal, sobretudo sua vocação jesuíta (CJD, 303). Dizia: “Quando repenso minha vida, em todas as graças acumuladas em quase oitenta anos, não posso senão admirar a providência de Deus, o seu cuidado paterno e sua constante solicitude. As três escolhas realizadas em resposta à chamada pessoal de Deus, trouxeram tanta alegria e satisfação à minha vida.” (CJD, 278). Reconhece a alegria de ter convivido sessenta e dois anos na Companhia de Jesus, “sob a guia de grandes superiores e junto a colegas estudantes e depois a colegas docentes e jovens estudantes” (CJD, 336). Reconhece que nesses longos anos a vida foi “uma festa”, tendo recebido muitas graças na experiência comum com os jesuítas.

O precioso trabalho de Dupuis veio reconhecido por muitas autoridades religiosas e acadêmicas. Foi o grande mestre e pioneiro no campo da teologia cristã do pluralismo religioso, tendo a “ousadia” de ensinar no “olho do furacão romano”, com coragem e alegria, numa das Universidades católicas de maior evidência e repercussão internacional. Durante todo o processo em que se viu envolvido, recebeu o apoio do cardeal Franz König , do arcebispo de Calcutá (Henry Sebastian D´Souza), do superior dos Jesuítas, Peter-Hans Kolvenbach, do provincial jesuíta da Ásia (Lisbert D´Souza), do colega da Gregoriana, Gerald O´Collins, de Monsenhor Fitzgerald, e de outros tantos teólogos: Claude Geffré, Luigi Sartori, Hans Küng, Paul Collins, Gustavo Gutiérrez, Jon Sobrino, Tissa Balasuriya, Peter Phan, Terrence Merrigan e outros (CJD, 165-166, 320, 149-150, 155, 186). Cito aqui a reação que Monsenhor Fitzgerald, que era na ocasião secretário da PCDI (Pontifícia Comissão para o Diálogo Inter-Religioso) e hoje é cardeal. Sua fala aconteceu durante o lançamento da obra pioneira de Dupuis na Gregoriana, em 22/11/1997, e eu estava presente no evento, junto com o pe. José Oscar Beozzo, podendo presenciar o discurso. Sublinha que o livro revela-se “extremamente útil nas faculdades de teologia, nos institutos teológicos, nos seminários e nas casas de formação de todo o mundo”. Uma obra que permanecerá “por muito tempo a melhor obra de síntese e o texto standard de referência” (CJD, 149-150). O teólogo dominicano francês, Claude Geffré, na sua obra, Profession Théologien (Paris: Albin Michel, 1999, p. 202-203), fala sobre a mudança de paradigma provocada pela reflexão de Dupuis, como “verdadeiro ´momento epocal`”, favorecendo uma singular ampliação da percepção ecumênica que traduz o diálogo inter-religioso (CJD, 148).

A grande virada teológica na vida de Dupuis começou a ocorrer na sua experiência indiana. Foi ali, a partir de sua exposição à Ásia, que aconteceram os primeiros passos de abertura de sua teologia. Foi a oportunidade essencial para romper com o modo tradicional de fazer teologia e dar início à perspectiva indutiva, que caracterizará sua reflexão sequencial (CJD, 60). A abertura se deu igualmente em sintonia com os primeiros passos do Concílio Vaticano II, que ofereceram ao autor a oportunidade de se destacar criticamente dos caminhos teológicos tradicionais, “aparentemente intocáveis” (CJD, 60). Abria-se também para ele ali a possibilidade de nova abertura às tradições religiosas, e o convite à perspectiva dialogal (CJD, 61). Pode-se também registrar o seu esplêndido trabalho de assessor junto à Conferência dos Bispos da Ásia (FABC), com contribuições importantes nos documentos produzidos pela Conferência, e também no Sínodo sobre a Evangelização dos Povos, de 1974, que vai resultar na Exortação Apostólica de Paulo VI, Evangelii nuntiandi. Dupuis vai assinalar no livro-entrevista que sua experiência na Índia foi “a mais alta graça” que recebeu de Deus em sua vocação profissional de teólogo e professor (CJD, 336). A Índia foi, assim, tão importante para ele, que resistiu renunciar ao seu trabalho para se deslocar a Roma, sob pedido do superior jesuíta, Kolvenbach. Na Índia ensinou primeiramente em Kurseong e depois em Nova Delhi. Curioso que na ocasião era visto pelos indianos como um professor conservador em teologia, e depois em Roma, será visto como um “progressista extremado” (CJD, 269) .

Dupuis começa o seu trabalho na Gregoriana de Roma como professor visitante, no ano acadêmico de 1981-1982, a convite de René Latourelle, decano da Faculdade de Teologia. Suas aulas eram dadas em inglês, depois passando a lecionar em italiano, a partir do ano acadêmico de 1985-1986. Foi aos poucos introduzindo o método indutivo e a perspectiva hermenêutica na sua reflexão teológica. Estava convencido que “a tarefa do teólogo não consistia simplesmente em repetir o que sempre tinha sido dito pelos clássicos, e muito menos repetir para seu público o conteúdo das recentes encíclicas papais ou os decretos da CdF” (CJD, 103).

As aulas do professor Jacques Dupuis eram muito concorridas, tendo que recorrer à Aula Magna da Faculdade para poder acolher todos os alunos inscritos, que chegavam a 200. Dupuis relembra que suas aulas eram muito procuradas, e se “sentia em casa com os alunos” (CJD, 102). Assim como nas aulas, a busca se dava também para o trabalho de orientação na Licenza (Mestrado) e no Doutorado. Não desconhecia o “clima” complexo que envolvia o ensinamento numa prestigiosa faculdade teológica, ali perto do Vaticano, e que tinha um papel decisivo na formação dos quadros da igreja católica. O clima era de certo “medo”. Já se falava na ocasião, com base nas reflexões e temores do cardeal Ratzinger , do risco do relativismo e da defesa da identidade cristã. Os teólogos das pontifícias tinham “medo de falar por temor de receber represálias por parte da autoridade doutrinal” (CJD, 105). Foi nesse clima que ele atuou na Gregoriana. No livro-entrevista chegou a fazer uma sugestão aos candidatos provenientes dos países do Terceiro Mundo que estudavam em Roma: o conselho de “não se deixarem seduzir facilmente pela perspectiva de um eventual encargo de ensinamento numa universidade romana” (CJD, 105).

Além das aulas na Gregoriana, Dupuis trabalhou como assessor da Pontifícia Comissão para o Diálogo Inter-religioso por dez anos, entre 1985 e 1995, tendo participado intensamente na elaboração de um dos documentos mais abertos do Magistério católico sobre o tema do diálogo inter-religioso: o documento Diálogo e Anúncio (DA), de maio de 1991 .

Durante o período de ensino na Gregoriana tinha lançado o seu primeiro livro envolvendo o tema da teologia das religiões: Gesù Cristo incontro alle religioni (Assisi: Cittadella, 1989). Trata-se do primeiro volume do que será visto como uma trilogia do autor em torno do tema da teologia das religiões (CJD, 93). Nessa obra já buscava tratar o complexo tema da conciliação entre a fé em Jesus Cristo e o significado positivo das outras tradições religiosas. Foi o livro que deu início à divulgação mais ampla da reflexão aberta de Jacques Dupuis, ganhando sequência com sua obra de referência: Verso una teologia Cristiana del pluralismo religioso (1997) .

Esta obra de Dupuis, que se tornou um clássico, teve dois grandes lançamentos. O primeiro foi realizado em 27 de outubro de 1997, no Instituto Católico de Paris. O livro foi lançado na prestigiosa coluna Cogitatio Fidei. Estavam presentes, além do autor, os teólogos Claude Geffré e Joseph Doré. O segundo, em 22 de novembro de 1997, na Pontifícia Universidade Gregoriana, com as presenças do reitor da PUG, pe. Giuseppe Pittau, do Presidente da Associação dos Teólogos Italianos, Giacomo Canobbio, Monsenhor Michael Fitzgerald , então Secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo-Inter-religioso e o prof. Gerald O´Collins, da Gregoriana, além do próprio Jacques Dupuis.

Apesar dos elogios à obra durante seu lançamento em Paris e Roma, logo foram aparecendo resistências dos setores mais tradicionais da cúria romana e da teologia tradicional. Como mostrou Dupuis no livro-entrevista, o livro rapidamente tornou-se objeto de intensas discussões e críticas, o que ainda ocorre até hoje. Ele suscitou “controvérsias apaixonadas” (CJD, 120). Os primeiros sinais de contestação pública vieram com dois artigos publicados em Roma: um no Jornal L´Avvenire (14/04/1998), de autoria de Inos Biffi (CJD, 151-152) ; e outro na revista La Civiltà Cattolica (no número 3, 1998), de autoria de Giuseppe De Rosa (CJD, 152-153) . Em reação ao artigo de Inos Biffi, Dupuis apresentou ao reitor da Gregoriana uma nota de comentário, de dez páginas, visando publicar no mesmo jornal. O reitor considerou o texto muito grande e redigiu uma nota mais sintética, e enviou ao diretor do jornal. Essa nota jamais foi publicada (CJD, 152).

Com o artigo amplo de De Rosa estava indicada a senha que marcava o início do processo ao livro. Da publicação do artigo no periódico jesuíta para a reação da CdF foi um passo curto. A resposta crítica da CdF veio depois de sua sessão ordinária, realizada no dia 10 de junho de 1998, quando então se decidiu pela “contestação do livro” (CJD, 121). A reunião veio precedida de um encontro dos consultores da CdF, alguns dos quais eram professores da Gregoriana, e que haviam chegado a um consenso a respeito da avaliação negativa da obra (CJD, 177).

Como costuma acontecer nesses casos, o procedimento adotado pela CdF não envolve diretamente o responsável pela obra, mas passa antes pelo superior religioso do envolvido. O que ocorreu nesse caso foi uma correspondência entre o Prefeito da CdF, o cardeal Ratzinger, e o superior de Dupuis, pe. Peter-Hans Kolvenbach. Em carta de 26 de setembro de 1998, o cardeal Ratzinger comunicou a decisão ao superior de Dupuis. Junto com a carta, um documento de nove páginas contendo as questões levantadas pela CdF ao livro de Dupuis, indicando um prazo de três meses para o teólogo responder às questões levantadas. O procedimento deveria ser realizado com toda prudência e reserva, como normalmente ocorre nos processos da CdF (CJD, 121). Dupuis ficou sabendo da questão por intermédio do reitor ad interinum da Gregoriana, o padre Francisco Javier Egaña, em 02 de outubro de 1998, que o convocou ao seu gabinete para dar a informação e passar a Dupuis uma cópia dos documentos. Na ocasião, Dupuis recebeu todo o apoio do padre Egaña (CJD, 180). Em seguida, Dupuis marcou um encontro com o pe. Geral, Kolvenbach, que o recebeu prontamente. Na conversa entre os dois, nasceu a decisão de cancelar o curso de Dupuis, que estava previsto para começar no primeiro semestre letivo de 1998, em outubro (CJD, 180). Dupuis sugeriu que a decisão conjunta fosse comunicada aos alunos, com um aviso que foi afixado no átrio da Universidade, assinado pelo pe. Sergio Bastianel – decano da Faculdade de Teologia, e que causou muita discussão (CJD, 122-123). O que era para ser mantido em segredo acabou tornando-se público, para o desgosto da CdF, que advertiu depois o pe. Geral (CJD, 122-123).

Eu pude participar do último curso dado por Dupuis na Gregoriana, bem como do seminário que ele ofereceu para os alunos de doutorado. Isto foi no ano letivo de 1997-1998. Ao final da última aula, na sala magna da Gregoriana, o teólogo foi aplaudido de pé pelos alunos, por vários minutos. Isto também vem relatado por Dupuis em seu livro-entrevista: “Recordo, em particular, quando me levantei, e recebi um longo e forte aplauso, na sala magna, naquela que foi, com efeito, minha última lição na Universidade”. Sublinha ainda que parecia que os alunos estavam prevendo o que vinha pela frente, e quiseram responder com um “generoso aplauso” (CJD, 184-185).

As reações à decisão da CdF dividiram as opiniões na Gregoriana. Alguns queriam ver logo a condenação de Dupuis; outros torciam para um desfecho da história, de forma a não deixar traços no futuro. Há que lembrar que cinco professores da Gregorina faziam parte do núcleo de assessores da CdF: Karl Becker, Bartholomew Kiely, Rino Fisichella, Luis Ladaria e Gilles Pelland. Dentre tais professores, Rino Fisichella, que depois se tornou bispo auxiliar em Roma e reitor da Universidade Lateranense, tinha emitido um parecer bem crítico ao livro de Dupuis (CJD, 178). A favor de Dupuis, o único dentre eles que se manifestou positivamente com respeito ao caso foi o professor Karl Becker, que o defendeu na mencionada reunião dos consultores da CdF (CJD, 178).

Jacques Dupuis teve diversos encontros com o pe. Geral, Kolvenbach, durante aquele longo período em que seu livro esteve sob o exame da CdF. Assim que ocorreu a decisão do dicastério romano, Kolvenbach escreveu uma declaração a todos os jesuítas do mundo falando sobre a questão. Dizia: “Esperamos que padre Jacques Dupuis possa continuar o seu trabalho pioneiro de pesquisa no campo do diálogo inter-religioso que João Paulo II encoraja, na sua recente carta apostólica Novo millennio ineunte” (CJD, 227).

E o teólogo dedicou-se ao trabalho de elaborar sua resposta ao Ex-Santo Ofício, que resultou num texto de 188 páginas, assinado em 25 de dezembro de 1998 e entregue ao superior Kolvenbach, que o encaminhou ao cardeal Ratzinger (CJD, 123). As respostas de Dupuis, e suas ponderações, foram julgadas insatisfatórias pela CdF, que providenciou mais nove páginas de interrogações dirigidas a Jacques Dupuis, indicando um novo prazo para sua resposta. O documento insistia na necessidade de respostas “pontuais e precisas” (CJD, 124). Dupuis volta ao trabalho, produzindo desta vez 66 páginas, concluídas em 1º de novembro e encaminhadas à CdF no dia 02 de novembro de 1999, por intermédio de Kolvenbach.

Mais uma vez as respostas foram consideradas insuficientes, sendo que a CdF decidiu fazer uma Notificação sobre o livro em questão, e o esboço da Notificação foi encaminhado ao Geral dos Jesuítas através de carta do secretario da CdF, Tarcisio Bertone, em 25 de agosto de 2000. A carta indicava ainda a necessidade de um encontro de Dupuis com o cardeal Ratzinger, como parte de um “processo judiciário”. O encontro realizou-se no dia 04 de setembro de 2000, com as presenças de Dupuis, o Geral Kolvenbach e o “advogado” de Dupuis, o pe. O´Collins, e por parte da CdF, o cardeal Ratzinger, o secretário Tarcisio Bertone e o consultor Angelo Amato, que já tinha anteriormente se manifestado contra o livro (CJD, 124-125).

Um pouco antes da reunião tinha sido publicada a declaração Dominus Iesus, da CdF, assinada pelo cardeal Ratzinger em 06 de agosto de 2000. Não há dúvida que a reunião esteve pontuada pelo “clima” da declaração de Ratzinger, que foi, em verdade, redigida por Angelo Amato, com exceção do capítulo 4 sobre o ecumenismo (CJD, 158). Durante a reunião, o cardeal Ratzinger indagou a Dupuis se ele estaria disposto a declarar que seu livro “deveria ser interpretado à luz da Dominus Iesus”, ao que ele respondeu que “isso seria pedir demais” (CJD, 217). Era a primeira vez que Dupuis se encontrava com Ratzinger na vida, mesmo já vivendo 16 anos em Roma (CJD, 127). O colóquio durou duas horas, sem nenhuma pausa, e foi definido por Ratzinger como um “diálogo”. Na visão de Dupuis, não foi propriamente Ratzinger que tratou do caso pessoalmente, mas delegou toda a investigação a seus consultores, que eram de sua extrema confiança (CJD, 290). Mesmo o papa João Paulo II, que chegou a assinar cinco vezes documentos críticos a Dupuis, autorizando sua publicação, não tinha um conhecimento da obra do teólogo inquirido (CJD, 342). Quem teve mesmo um papel decisivo na dinâmica interpretativa foi o consultor Angelo Amato. Esse teólogo chegou a afirmar em obra organizada pela CdF que a Dominus Iesus “oferecia um quadro de referência essencial para a teologia das religiões e o diálogo inter-religioso” .

Jacques Dupuis estava bem consciente desses métodos de procedimento da CdF, que considerava – como outros – “injustos, impessoais e desumanos” (CJD, 142). Em seu livro-entrevista ele cita as diligências utilizadas contra o grande teólogo do Vaticano II, Yves Congar, que igualmente passou por processo doloroso, e que relata o que se passou com ele em seu Diário de um teólogo . É impressionante o relato de Congar, que chega a comparar os métodos do então Santo Ofício com os exercidos pela Gestapo nazista. Dupuis sublinha que se esse diário tivesse sido publicado antes de 1993, dificilmente Congar teria se tornado cardeal da igreja romana (CJD, 243 e 241-242) .

O cardeal Godfried Danneels tinha prevenido Dupuis sobre a dolorosa dinâmica que move os processos da CdF. Em conversa com ele, em novembro de 1999, tinha advertido: “tenha coragem; tudo isto pode durar ainda vinte anos” (CJD, 259). Se teólogos como Congar e De Lubac sofreram algo semelhante, foram privilegiados por isto ter ocorrido quando ainda eram jovens, tendo o privilégio de serem reabilitados pelo papa João XXIII, e exercido um papel de destaque na assessoria dos documentos do Vaticano II. Dupuis, ao contrário, não dispunha desse tempo, nem alimentava desejo de endossar nenhum barrete vermelho (CJD, 259).

A dinâmica que marcou a Notificação contra o livro de Dupuis foi também complexa e demorada. Não houve acordo em torno do primeiro esboço, e um novo texto foi apresentado a Dupuis, com as mudanças requeridas. Não se falava mais, como anteriormente, em “erros contra a fé”, mas de “ambiguidades a serem esclarecidas” (CJD, 133). Com a intermediação do Geral dos Jesuítas, Kolvenbach, Dupuis acabou assinando, meio a contragosto. O texto com a assinatura foi enviado à CdF por intermédio de Kolvenbach, em 16 de dezembro de 2000, sendo publicado no jornal L´Osservatore Romano, em fevereiro de 2001. Junto à notificação assinada, uma carta de Dupuis que explicava o significado dado à sua assinatura. Dizia ali que em suas publicações ou conferências realizadas no futuro levaria em conta o texto da DI e da Notificação, e nada além disso (CJD, 134). Apesar disso, Dupuis vai se surpreender com o teor da Notificação em sua publicação definitiva, em razão de ela apresentar um parágrafo novo, que não tinha sido acordado. Ali se dizia que Dupuis com sua assinatura se empenharia em assentir às teses enunciadas na Notificação e ater-se no futuro, tanto em sua atividade teológica e publicações aos “conteúdos doutrinais indicados na Notificação, cujo texto deverá igualmente aparecer nas edições ou reedições do livro em questão” (CJD, 134). O que ocorreu aborreceu profundamente Dupuis, que de certa forma já temia isso antes de assinar o documento. Avaliou como um ato de “desonestidade”. E assinalou: “Era difícil acreditar que altos funcionários da Cúria romana – em particular o cardeal Ratzinger em pessoa – pudessem recorrer a públicas mentiras para esconder a mesquinharia dos procedimentos que seguiam” (CJD, 240).

Apesar de todo esse “clima”, Dupuis continuou o seu trabalho teológico, ainda que com restrições. Retomou o sentimento de “liberdade” e os percursos de sua reflexão. Depois da publicação da Notificação, ele continuou escrevendo. Seguindo a trilha da coerência de sua reflexão, Dupuis consegue publicar um novo livro em setembro 2001, com a Imprimi potest (autorização) de Francisco Egaña, vice-reitor da Gregoriana. No prefácio da edição italiana, o belo texto do teólogo Luigi Sartori: “Reflexões confidenciais de um amigo”. Como indicou Dupuis, o livro “manteve a posição teológica do livro precedente”, com o reforço de novos argumentos e considerações (CJD, 255). Inserido na obra iam sair dois apêndices com a reação de Dupuis aos recentes documentos da CdF: a DI e a Notificação . Não houve, porém, o aceite dos superiores, que ponderaram sobre a conveniência da presença daqueles textos no livro, que poderia soar como uma ofensa à CdF. O que então fez Dupuis foi redigir um breve Post scriptum, onde faz menção aos documentos recentes da CdF e defende a plausibilidade da “manutenção de um diverso modo de expressar a doutrina”, ou ainda, “uma distinta percepção da mesma fé num diverso contexto” . Curiosamente, o livro não provocou reações da CdF. Mas o futuro previa novas dificuldades, com a nomeação de Angelo Amato para secretário da CdF, em dezembro de 2002 (CJD, 139) .

O cerco vai se apertar para Dupuis nos dois anos seguintes, com as negativas de autorização de outras publicações. Por recomendação do cardeal Ratzinger, Dupuis deixa também a direção da revista Gregorianum, onde atuava como editor há dezoito anos (1985-2002). Por meio de carta do reitor da Gregoriana, Franco Imoda, Dupuis é destituído do cargo, assim como O´Collins perde a função de consultor da revista. A carta com esse informe vem recebida por Dupuis em 28 de maio de 2002 (CJD, 139 e 256).

As viagens ainda aconteceram, mas as restrições foram se ampliando. Ele tinha dado três conferências no exterior, duas em Bruxelas (maio de 2001) e outra na Polônia (setembro de 2001). O tema das conferências em Bruxelas foi publicado no número de outubro/dezembro de 2001 na Nouvelle Revue Théologique, em torno ao “desafio da teologia das religiões e do diálogo inter-religioso hoje” (CJD, 248-249). A resposta da CdF veio logo em seguida, com uma carta do cardeal Ratzinger ao pe. Kolvenbach, solicitando medidas específicas contra Jacques Dupuis. Na carta, datada de janeiro de 2002, Ratzinger cobrava do Geral um posicionamento, uma vez que, em seu parecer, Dupuis estava descumprindo o prometido, pois as coisas que andava dizendo em suas conferências estavam em contradição com a Notificação que ele tinha assinado (CJD, 251). E reitera, em sua carta, que Dupuis deveria abster-se no futuro de intervenções ou discursos que contrariassem a Notificação.

Os manuscritos que Dupuis escreveu no período, em número de 4, foram todos recusados por seus superiores; um deles, em torno de um balanço provisório do pluralismo religioso, foi proposto para publicação na Gregorianum (CJD, 209). Vale citar, em particular, o livro proposto por Dupuis, intitulado Pluralismo religioso e diálogo, que foi apresentado ao vice-reitor pe. Francisco Egaña, que tinha antes dado o imprimatur ao livro de Dupuis sobre o cristianismo e as religiões (2001), e não recebe desta vez sua aprovação . O circuito estava agora bem mais apertado, e o temor das represálias da CdF tinha se acentuado. Em carta, Egaña lembra a Dupuis que a CdF tinha insistido com os superiores da Companhia de Jesus para exercerem uma particular vigilância sobre seus escritos, e que a abertura da discussão poderia reabrir um debate que provocaria dano para todos, e também para os jesuítas (CJD, 345). A posição do vice-reitor vem corroborada pelo delegado do Geral, Guilhermo Rodrigues-Izquierdo, que em carta a Dupuis, de 07/02/2012, solicita a suspensão de abordagens que polemizem com a Santa Sé. Em outra carta, de 13/02/2002, o Geral manifesta também sua inquietação. Ele diz: “Deixa que eu te diga (...) francamente e sem ambiguidade, que nas tuas publicações e conferências não pode defender posições doutrinais que a Notificação claramente desaprovou”. Ressalta ainda a importância da prudência, no sentido de “preservar a reputação de ortodoxia da Gregoriana” e pontua que o tema do diálogo inter-religioso é um “campo minado” (CJD, 137, 254 e 353). A reação de Dupuis foi de muita tristeza. Foi para ele uma carta “traumática” (CJD, 253) e dizia: “Nessa situação não me resta senão decidir parar de escrever livros e artigos, esperando que os manuscritos referidos possam ser publicados depois de minha morte” (CJD, 345). Não se pode, porém, negar o papel de Kolvenbach em todo o processo. Talvez seja em razão de sua intermediação que a reação da CdF não foi ainda mais violenta, como o próprio Dupuis admitiu (CJD, 337).

A verdade é que com todo esse sofrimento, Jacques Dupuis adoeceu, literalmente. Em sua réplica ao cardeal Ratzinger, König já percebia isso, ao falar sobre o “dano humano” provocado em Dupuis com toda essa polêmica. Fala em piora de sua saúde e em estado de depressão (CJD, 169). De fato, Dupuis relata que sua saúde saiu bem comprometida, ressentindo-se daquele clima desfavorável. Foram vários distúrbios, incluindo uma trombose pulmonar, além de uma depressão; foram também várias internações (CJD, 195 e 235). Relatou ainda:

“Me senti, e ainda sinto-me um homem destruído, que não poderá jamais recuperar-se da suspeita que a autoridade da minha igreja – uma igreja que amo e a qual servi toda a minha vida – jogou sobre mim. A alegria de viver terminou, e talvez não virá jamais. Não recordo, nem mesmo, o momento em que, depois daquele 02 de outubro de 1998, consegui soltar uma bela risada” (CJD, 236 e 365-366).

Além disso, Dupuis sentiu-se abandonado e renegado por sua comunidade. Sublinhou que a ferida instalada não poderia jamais curar-se, e não poderia mais ser aquela pessoa feliz, marcada pelo “senso da liberdade a que todo ser humano tem direito” (CJD, 260). Ao final, sentia-se sozinho na Gregoriana, fazendo suas refeições solitariamente, num cenário onde conviviam censores do Ex-Santo Ofício. Da comunidade jesuíta não recebeu nenhum apoio ou nota de solidariedade, com exceção do amigo de sempre, Gerald O´Collins. Até questões de ordem financeira foram aventadas para livrar-se de seu “peso” ali na comunidade, como as indiretas do padre responsável pela administração econômica da casa (CJD, 369).

E o mais duro é dar-se conta que a igreja mesma foi a propulsora dessa situação, a igreja que amava. Conseguia, entretanto, diferenciar a igreja verdadeira, do “fator igreja”, ou seja, daqueles que na igreja “exercem a autoridade como imposição e não como serviço” (CJD, 260). Em torno desse “fator igreja” chegou a levantar novas questões, a alimentar dúvidas e interrogações. Foram “sérias” as ponderações suscitadas, que envolviam mesmo a indagação sobre a perseverança. Reconhecia, com alívio, que esse dom estava firme em seu coração. Não tinha dúvidas com respeito à sua fidelidade a Deus e a Jesus Cristo, que para ele era “a única paixão de sua vida” (CJD, 335). Agradece a Deus por ter mantido nele a sua fé e em Jesus, aos quais reconhece estar ligado com todas as fibras de seu ser (CJD, 236). Quanto ao “fator igreja”, não tem dúvida que ela produziu nele muito sofrimento. Ficaram os sinais dolorosos da “insensibilidade e desumanidade da autoridade central”. Como Jó, chegou a colocar questões: “Por quê? Que coisa fiz para sofrer tanto assim?” (CJD, 236). Conseguiu, então, entender a dor de teólogos como Küng, Congar, Chenu, Schillebeeckx e Leonardo Boff. Aprendeu, duramente, que “a igreja não é a cúria romana com sua burocracia. A igreja é o povo reunido em torno a Jesus Cristo” (CJD, 237). Ao rever com atenção os passos da sua vida, mesmo reconhecendo tanto sofrimento ao final da caminhada, percebe que a providência de Deus e o cuidado paterno evitaram um dano maior, regando sua trajetória com uma constante solicitude (CJD, 278).

Dupuis reconhecia que na sua “tormentosa experiência” estava em boa companhia. E agradece à sua fé por tê-lo poupado dos ataques de raiva e das tentações. Recorda ter lido uma ocasião, com certa perturbação, uma declaração de Leonardo Boff anunciado sua saída da ordem e do sacerdócio. Decidia “permanecer fiel a si mesmo e à própria vocação”. Aquilo que na ocasião causou impacto passou a ser verossímil, e, daí em diante, ele ganhou grande simpatia no coração de Dupuis, que passou a entender e aceitar a sua decisão (CJD, 237-238).

Ao completar 80 anos, a editora Orbis Books, que tinha publicado muita coisa de Dupuis, resolveu fazer um livro de homenagem ao grande teólogo belga (Festschrift). A obra foi publicada em 2003, sob a direção de Daniel Kendall e Gerald O'Collins, com o belo título: “In many and diverse ways. In honour of Jacques Dupuis”. O livro foi lançado na Gregoriana, apesar de protestos de membros da comunidade jesuíta, particularmente do pe. Ladaria, que atualmente preside a Congregação para a Doutrina da Fé .

Ao final de sua vida, Dupuis teve ainda um outro desgosto. Não recebeu a autorização de seu superior para viajar ao Canadá e proferir um curso, além de ganhar o título de doutor honoris causa na Regis College. Teria que passar sete semanas no Canadá e para isso precisava da autorização do padre Germán Arana, que na ocasião era o superior da comunidade dos jesuítas da Gregoriana. A reação do superior foi negativa, e a viagem, vista como “inoportuna”. A autorização veio então recusada, provocando muita angústia em Dupuis. No meio de todo esse “furacão”, Dupuis buscou novo contato com o Geral, escrevendo a ele uma longa carta, em 16/12/2004, detalhando tudo o que estava ocorrendo (CJD, 370-373). Não deu tempo de receber resposta, pois faleceu em 28 de dezembro de 2004, depois de ter desfalecido um dia antes no refeitório da Gregoriana. A missa de exéquias ocorreu na capela da comunidade da Gregoriana, em 30 de dezembro de 2004, celebrada por um representante do pe. Geral, Kolvenbach. Ali estavam presentes os amigos mais fiéis, entre os quais, Michael Fitzgerald, que concelebrou a missa, e Gerald O´Collins, seu advogado nas horas mais decisivas.

A comunidade teológica e a igreja perderam um grande teólogo, alguém de “alma nobre”, cuja reflexão sobre o cristianismo e as outras religiões abriu um horizonte novo para o mundo eclesial. Vemos isso com clareza na presença do papa Francisco, também jesuíta, mas com um toque de sensibilidade franciscana, que também vem abraçando o diálogo com todo carinho e rebate a cada dia a ideia de que a “diversidade é bela”. O editor do livro-entrevista de Jacques Dupuis, Gerard O´Connell, perguntou a Dupuis no final de junho de 2003, como ele prestaria contas a Cristo no final dos tempos, tendo em vista a sua produção teológica. E ele respondeu muitas coisas, entre as quais: “Acredito que o Senhor, que lê os segredos do coração, saberá que a minha intenção ao escrever o que escrevi e dizer o que disse foi simplesmente expressar da melhor forma a minha fé nele e minha total dedicação” (CJD, 35).

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