Edição 545 | 18 Novembro 2019

Cultura Pop. Na dobra do óbvio, a emergência de um mundo complexo

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Ultrapassar a aparência imediata de produtos da cultura popular oferece inúmeras camadas de compreensão da sociedade, tanto em suas dimensões éticas – valores e princípios –, quanto em sua dimensão estética – da reconfiguração do bom e do belo. Com o desejo de compreender as complexidades em jogo nesses processos, a revista IHU On-Line dedica seu tema de capa aos debates em torno da Cultura Pop, reunindo entrevistas de pesquisadoras e pesquisadores de todo o país.

Thiago Soares, professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, pensa como elementos da Cultura Pop expressam nossas contradições desigualdades sociais. “A ideia de colonialidade nos ajuda a reconhecer como a Cultura Pop assenta ideais de modernidade e globalização em países colonizados e como também faz realçar as desigualdades destes contextos”, problematiza.

Luis Mauro Sá Martino, doutor em ciências sociais pela PUC-SP e professor na Cásper Líbero, analisa os fenômenos culturais e comunicacionais em perspectiva com a possibilidade de pensarmos nosso estar no mundo pautado na relação com as alteridades. “É um esforço no sentido de chegar ao outro, esse ‘semelhante dessemelhante’, como define o poeta mexicano Octávio Paz. Nessa articulação entre o comum e o diferente, acredito, há um dos espaços possíveis para a Comunicação”, pontua.

Adriana Amaral, professora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, discute a potência teórica e epistemológica dos estudos em Cultura Pop para a Comunicação e apresenta os desafios de investigar estes objetos. “Embates como fãs e haters, resistências, questões de gênero, juventude, cultura material, interseccionalidade, políticas identitárias, relações sociais, relações de trabalho, práticas decoloniais, enfim uma série de questões contemporâneas e que aparecem no âmago dos estudos de mídias e comunicacionais podem ser pensados e visualizados de forma bastante enfática a partir das lógicas e da circulação da cultura pop”, frisa.

Simone Pereira de Sá, professora titular da Universidade Federal Fluminense – UFF, discute a circulação das expressões afetivas nos ambientes digitais e fala sobre a importância de desnaturalizar valores canônicos de apreciação estética. “Me parece que o desafio mais importante é descontruir este ‘cânone’ e desnaturalizar os valores supostamente universais da apreciação estética. A partir daí, é possível construir uma agenda para identificar um conjunto de inovações sonoras, performáticas e de criatividade popular veiculadas pelas músicas periféricas”, sustenta.

Renato Ferreira Machado, doutor em Teologia pelas Faculdades EST e coordenador da Área de Educação e Cultura e líder do Grupo de Pesquisa Universos Paralelos da Universidade La Salle, debate o filme Coringa (2019) em perspectiva com a Divina Comédia, de Dante. “O mais perturbador é como o filme mostra o que significa ser humano em nossos tempos. Afinal, a Divina Comédia também é sobre isso”, argumenta.

Gelson Weschenfelder, doutor em Educação pela Universidade La Salle, vê nos quadrinhos uma forma de trabalhar conteúdos que parecem abstratos. Mas, alerta: “cultura pop não é somente cultura de massa ou popular”.

Ainda sobre o tema de capa, o grupo de pesquisa CultPop, da Unisinos, publica periodicamente podcasts discutindo temáticas correlatas a esta edição. Os programas estão disponíveis aqui.

A presente edição conta ainda com o artigo de Faustino Teixeira, professor e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, intitulado “Jacques Dupuis: a nobreza da coerência evangélica” e a entrevista com a professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo – USP Lilia Schwarcz sobre os 130 anos da Proclamação da República. João Martins Ladeira, professor na Universidade Federal do Paraná – UFPR, publica resenha sobre o filme Parasita, de Bong Joon-ho e vencedor da Palma de Ouro 2019.

A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana!

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