Edição 208 | 11 Dezembro 2006

Silvana de Lima dos Santos

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

IHU Online

Funcionária da Associação de Funcionários da Unisinos (AFU) há 15 anos, Silvana de Lima dos Santos adora o contato com as pessoas. “Tenho uma família na Unisinos”. Muito apegada à família, Silvana tem ela por perto, em Portão, cidade onde mora desde que nasceu. Na infância, participava ativamente das atividades escolares e brincava diariamente de bonecas. Hoje, é casada e tem um filho de onze anos, Gabriel, paixão da sua vida. Conheça um pouco mais na entrevista que segue.

Origens - Nasci em São Leopoldo, mas, com uma semana de vida, fui para Portão, já batizada, onde fui registrada. Moro há 42 anos lá.

Família - Tenho um casal de irmãos mais velhos e pais maravilhosos.

Infância - Minha infância foi ótima. Sempre tive minha mãe em casa, cuidando de nós. Pão caseiro, geléia, doces com gosto de carinho. Poucos brinquedos comprados, mas muitas brincadeiras e jogos. Meu pai, hoje aposentado, trabalhava em uma madeireira. Costumava brincar muito de bonecas, mas sozinha. Minha irmã brincava mais com as amigas, e eu era mais caseira. Lembro em especial da minha boneca Susie, que tenho até hoje, muito mais bonita do que as atuais. Brinquei de casinha e boneca até os 12 anos.

Estudos - Estudava em uma escola municipal perto da minha casa em Portão. Era uma época diferente, não tínhamos o movimento de hoje na cidade. Minha professora da segunda série mora hoje na minha rua e me dou muito bem com ela, na verdade, trocamos figurinhas. Participava de tudo na escola: banda, coral, campeonatos, dança, tudo que era possível. Adorava praticar handebol nessa época.

Férias - Costumava passar férias na casa de minha madrinha, uma segunda mãe, em São Leopoldo, junto com três primos. Brincávamos de taco, carrinho de lomba, bafo e futebol. Também passava na casa dos meus avós, onde nasci, no bairro Fião, São Leopoldo. Adorava. Hoje, minha avó, com 88 anos, é viúva e mora nos fundos do meu terreno. Moram também na mesma rua que eu minha irmã e meus pais.

Casamento - Casei com a AFU, em primeiro de abril de 1992, e com meu marido, em 25 do mesmo mês e ano. Quase quinze anos nos dois casamentos. Conheci meu marido, quando gerenciava uma loja de móveis em Portão, e ele gerenciava uma loja em frente a minha. Em menos de dois anos, nos casamos.

Filhos - Tenho um filho, Gabriel, que tem onze anos. É uma criança carinhosa e amorosa. Foi um filho planejado. Ele gosta muito de dizer o quanto gosta das pessoas, de abraçar e beijar. Planejamos na verdade ter dois filhos, mas não deu certo, desistimos.

Trabalho - Meu primeiro emprego foi no comércio em Portão, seguido do meu trabalho no cartório, onde fiquei quatro anos. Depois retornei ao comércio, de onde só saí quando vim trabalhar aqui na AFU.

AFU - Estou de apoio à nona diretoria da AFU. Entrei em 1992, tendo a AFU começado em 1986. Ela cresceu com o tempo, hoje está bem estruturada, inclusive com uma sede campestre. Gostaria que a associação contasse com maior ajuda da universidade. Aqui tenho uma família, do convívio com os associados. Dentro de um espaço como é o câmpus da Universidade, criamos muitos laços. Já ensinei a algumas associadas a bordar ou fazer crochê e tricô. Na época em que entrei, a Unisinos não estava contratando, mas uma pessoa que conhecia perguntou se eu gostaria de trabalhar na Associação dos Funcionários. Fiz os testes e estou aqui até hoje. Tenho onze afilhados, dois deles, frutos de amizades com funcionários daqui. Aprendi muito com as pessoas que conheci nesses quase quinze anos, é bastante gratificante. Hoje convivo com uma colega que é muito mais do que colega, é uma verdadeira amiga.

Horas Livres - Dedico minhas horas livres à minha família, ao meu filho, às minhas folhagens, aos amigos e ao artesanato. Não tenho como deixar nenhuma dessas paixões de fora. Tomo chimarrão todos os dias, no final de tarde com a minha mãe, minha avó e meus sobrinhos e filho nos acompanhando. Tenho sempre presente à minha volta um beija-flor que criei dentro de casa.

Artesanato - Tive várias fases no artesanato. Fiz ponto cruz por muito tempo, aprendi aqui dentro e ensinei diversas pessoas. Tanto estudantes dentro do ônibus ou pessoas que vinham à AFU. Tem uma funcionária da Unisinos que diz que sou a “madrinha dos bordados dela”, porque a ensinei. Faço crochê, tricô, bordados, costuro e decoro peças de madeira. Hoje estou me dedicando ao artesanato em madeira. Não estou aceitando encomendas porque não tenho muito tempo para fazer outras coisas que gosto nessa época do ano, como a novena de natal. Já fiz também decorações, filmagens e fotos de festas infantis, salgados e doces. De tudo um pouco.

Tentativas - Estava há oito anos sem estudar quando entrei na Unisinos e prestei vestibular para Serviço Social. Pensei que não iria passar e acabei sendo aprovada em sexto lugar. Estudei dois semestres e parei. Não sei bem por quê. Talvez porque fui pega de surpresa e não tinha intenção de estudar. Depois de doze anos prestei vestibular novamente para Nutrição e passei. Estudei um tempo e parei. Meu filho questionava a minha ausência nessa época, já que meu esposo trabalha à noite. Nesse mesmo período, meu pai esteve muito doente. Sou muito apegada à minha família. Acho que é tudo válido em relação à família. Acredito que eu não volte a estudar, quem sabe ...

Viagens - Sempre viajo durante as férias para a praia, mas nem sempre é possível na companhia do meu esposo, pois não conseguimos férias no mesmo período. Ele tirou esse ano em novembro e eu tiro em fevereiro. Veraneio com meu filho e às vezes com amigos, funcionários da Universidade. Meus pais não me acompanham por opção.

Lembranças - Temos uma turma que se reúne no bar em frente à Unisinos durante o ano, por diversos motivos, muitos dos quais inventamos. Dizemos que é pela Páscoa, pelo Natal, início de semestre, final de semestre, dia das bruxas. Festejamos até um aniversário sem ninguém do grupo estar comemorando a data. É um motivo para sair um pouco do ambiente de trabalho e relaxar. Todo dia 31 de outubro, nos vestimos de preto, uma turma, e tiramos foto no meio do centro comunitário, num faz de conta: “somos bruxas”, acredite quem quiser.

Música - Gosto de qualquer tipo de música, dependendo da ocasião.

Livro - Um livro que li muitas vezes é O Caso dos Dez Negrinhos, da Agatha Christie. Li muitas obras dela, uma coletânea. Ela escreve maravilhosamente, misteriosamente.

Filme - As Férias da Minha Vida, de Wayne Wang, com a atriz Queen Latifah, é um filme que ensina bastante. O filme conta a história de uma pessoa que descobre que tem pouco tempo de vida e junta todo seu dinheiro e vai “curtir a vida”. O que a personagem não sabe é que foi um erro no exame. Nesse tempo, ela entre em contato com muitas pessoas de vários níveis sociais, conquistando muitos e ensinando mais ainda.

Dia Perfeito - Pode ser de sol ou de chuva, o que importa é ter tranqüilidade, paz de espírito e a família por perto.

Futuro - Quero criar meu filho, construir uma casa nova e fazer mais amizades. Também espero poder me aposentar aqui na AFU. Não programo muito. As coisas vão acontecendo.

Política - Não queria que o partido que se reelegeu para o governo federal tivesse continuado no poder. Não sei se o que viria no lugar não seria ainda pior. São muitas incertezas. Não gostei dos resultados, mas tenho que aceitá-los. Tomara que eu esteja enganada.

Unisinos - Quando chegamos à Unisinos não temos idéia de como é estudar e trabalhar aqui. A Universidade passa por uma fase difícil assim como o País. Ela ainda é um ponto de referência muito importante. Fala-se que muitas pessoas deixaram de estudar aqui, mas acho que foi pela crise financeira imposta e não pela qualidade do ensino, que continua muito bom. Temos um espaço maravilhoso, um câmpus invejável. Tenho paixão pela natureza, tão presente aqui.

Instituto Humanitas Unisinos - Tive contato com o Instituto em uma outra época quando fazíamos juntos a campanha do agasalho. Atendemos a várias entidades. O Humanitas contribui muito com esse tipo de trabalho, valorizando o lado humano, e, certa ocasião, fui convidada para apoiar a campanha. Hoje, com o apoio de muitos, faço-a pela A.F.U. Sou grande apreciadora e divulgadora da revista do Instituto, inclusive com alunos dentro e fora da Universidade que precisavam de material para trabalhos. Sempre encontro o que precisam, muitas matérias atuais ou não, interessantes sempre, de validade ímpar.

 

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição