Edição 495 | 17 Outubro 2016

Cidadania vigiada. A hipertrofia do medo e os dispositivos de controle

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Redação

Um dos problemas urgentes e graves do mundo contemporâneo é a segurança, e a disseminação do tema estabelece uma sensação generalizada de medo. Acossadas, as pessoas aceitam abrir mão da autonomia em troca da proteção prometida por dispositivos de controle e de vigilância social. A consequência disso é a criação de sistemas de controle social cada vez mais sofisticados. Em um cenário que combina sociedades amedrontadas e novas possibilidades tecnológicas de vigilância e controle da vida, percebe-se uma fragilização de direitos humanos fundamentais em nome da segurança. Estes temas pautam o V Colóquio Internacional IHU e VII Colóquio da Cátedra Unesco – Unisinos de Direitos Humanos e Violência, Governo e Governança, que será realizado nos dias 25 e 26 de outubro no Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Em preparação ao evento, assim como para ampliar o debate ora suscitado, a atual edição da revista IHU On-Line discute com prioridade o tema da vigilância.
Imagem da capa: Red Bull Thinker/Flickr Creative Commons

Vinícius Nicastro Honesko, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, discute a impossibilidade de melhorar o mundo e recorre a um texto de Pasolini escrito em 1968 para falar da necessidade de se impedir que tudo piore.

Para Paulo César Castro, professor associado da Escola de Comunicação  - ECO da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, os algoritmos são elemento central neste sistema de vigilância das pessoas. E como eles são invisíveis, há pouco entendimento e crítica sobre eles.

Conforme Adriano Pilatti, professor do Departamento de Direito da PUC-Rio, a insegurança legitima que ocorra mais relativização de direitos e garantias, maior rigor penal e penitenciário e uma condução ortodoxa da economia aprofundando a desigualdade e a exclusão social.

Walter Menon, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Paraná, afirma que é um truque fazer as pessoas acreditarem cada vez mais na proteção de espaços monitorados, em detrimento da crença de que uma sociedade menos violenta seja possível por meio de políticas públicas.

Para Guilherme Castelo Branco, professor de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, as categorias clássicas do soberano e da soberania já não mais existem. São figuras de um outro tempo, do passado.

Pedro Rezende, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília, avalia que está em curso um “plano ofensivo de guerra híbrida para implantar um regime dominante de vigilantismo global, necessário para consolidar e sustentar uma nova ordem social e política de alcance mundial, a pretexto do inevitável jogo de espionagem das nações”.

Nesta edição, também podem ser lidas as entrevistas com o economista e jesuíta Gaël Giraud, sobre o desafio global de se pensar um novo tipo de economia baseada na transição energética, e com Katu Arkonada, pesquisador e analista do Centro de Estudos Aplicados aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Ceadesc, Bolívia, sobre o modelo econômico da América Latina baseado no extrativismo.

A todas e a todos, uma boa leitura e uma excelente semana.

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