Edição 483 | 18 Abril 2016

Laudato Si’ e a escuta do saber

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Leslie Chaves | Fotos: Leslie Chaves/IHU

Instituto Humanitas Unisinos promove momento de reflexão sobre os desafios da questão ambiental na contemporaneidade a partir do documento apostólico
Ana María Formoso

Lançada em junho de 2015, a primeira Encíclica do Papa Francisco foi avaliada por uma série de especialistas, de diferentes áreas, como um dos documentos mais contundentes a respeito da importância do meio ambiente e da responsabilidade dos governantes e das sociedades ao redor do mundo de conter a degradação da natureza e construir modos de viver mais solidários e, principalmente, sustentáveis.

Os consistentes dados, tanto do ponto de vista científico quanto do reflexivo, de Laudato Si’ foram o foco da mesa-redonda promovida pelo Instituto Humanitas Unisinos na noite de 08-04-2016, na sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU. O evento faz parte da 13ª edição da Páscoa IHU, que neste ano traz o Ciclo de atividades O cuidado de nossa Casa Comum como fio condutor. A programação começou em 10-03-2016 e se estende até 03-05-2016 com diferentes ações com o objetivo de debater de maneira transdisciplinar temas como crise ambiental, ecologia integral, gestão ambiental, teologia da criação e diferentes iniciativas voltadas para o cuidado do meio ambiente e sustentabilidade.

A mesa-redonda coordenada pela professora Susana Rocca teve a participação de Lucas Henrique da Luz, professor e um dos coordenadores do curso de Administração da Unisinos e integrante do IHU, e Ana María Formoso, teóloga e pesquisadora da Unisinos em pesquisa coordenada pelo professor Telmo Adans.

A conversa começou com uma apresentação da Encíclica, onde foram abordados os seis capítulos do documento: O que está acontecendo com nossa casa, O Evangelho da criação, A raiz humana da crise ecológica, Uma ecologia integral, Algumas linhas de orientação e ação e Educação e espiritualidade ecológicas. “Essas questões fazem parte da minha formação acadêmica e da minha vida. Agradeço muito a oportunidade de poder dialogar sobre esses temas dentro da ampla programação desse ciclo de atividades que propõe a comunicação e integração entre os campos acadêmico, profissional, o cotidiano e os diferentes credos”, relatou a Ana María Formoso ao abordar as contribuições da Laudato Si’.

A professora ressaltou ainda o método de elaboração da Encíclica. “Esse documento é resultado da cooperação de diversos pesquisadores. Trata-se de uma metodologia que buscou escutar múltiplas vozes que ecoaram da Patagônia aos Estados Unidos, passando pelo continente africano e muitos outros recantos do mundo. Essa maneira de trabalhar vai na contramão da academia tradicional que em geral acaba valorizando o trabalho produzido individualmente pelos pesquisadores, que precisam atender à exigência de produção acadêmica”, frisa.

Lucas Henrique da Luz abordou mais profundamente o primeiro capítulo da Laudato Si’, que trata da situação do meio ambiente na contemporaneidade. “Nós aumentamos absurdamente nossa capacidade produtiva e consequentemente de intervenção na natureza. Entretanto, a evolução e capacidade de regeneração biológicas não acompanham a velocidade das grandes transformações tecnocientíficas que estamos vivendo”, contata.

Para o professor, através dessa Encíclica “o Papa nos chama a tomar a dolorosa consciência, que se refere a nos sentirmos tocados pelos problemas que estão se passando com o ambiente no mundo todo e nos mobilizarmos para pensar que contribuições podemos oferecer para enfrentar a crise sistêmica que estamos atravessando.” 

Sobre o teor das reflexões expressas em Laudato Si’, o professor ainda ressalta que “falar da Casa Comum é falar sobre nós mesmos, pois a natureza faz parte da gente e nós fazemos parte dela. Dessa maneira, esse documento diz coisas das quais já sabemos, porém saber não é o mesmo que escutar, que atentar para as questões, justamente o que precisamos nesse momento.”

 

Os conferencistas

Ana María Formoso é graduada e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS e doutora em Educação pela Unisinos, onde atualmente é pesquisadora em investigação coordenada pelo professor Telmo Adans.

Lucas Henrique da Luz é graduado em Administração com habilitação em Recursos Humanos, mestre em Ciências Sociais Aplicadas e doutorando em Administração pela Unisinos, tendo realizado estágio doutoral em Ciências da Informação e Comunicação na Université de Poitiers, França. Atualmente é professor e um dos coordenadores do curso de Administração da Unisinos e integrante do Intituto Humanitas Unisinos - IHU. 

A reportagem foi publicas nas Notícias do Dia de 12-04-2016, no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição