Edição 204 | 13 Novembro 2006

Almiro Petry

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Catarinense de Itapiranga, Almiro Petry está na Unisinos desde seu início, em 1970. Professor nas Ciências Sociais, defendeu recentemente sua tese de doutorado. Conheça um pouco mais de Almiro Petry na entrevista a seguir.

Origens - Nasci em Itapiranga (na época ainda era Território Federal do Iguaçu), Santa Catarina, em 1944. Sou o filho mais novo de sete irmãos.

Infância - Minha infância foi muito divertida e sofrida. Na parte da manhã, eu estudava e à tarde ajudava meus pais a trabalhar na roça, como se faz no interior. Fazíamos nossos próprios brinquedos, como os carrinhos de lomba. Nos fins de semana, juntávamos a turma da vizinhança e praticávamos “tiro ao alvo” com nossos estilingues. Não jogávamos bola porque não tínhamos uma.

Pais - Meu pai nasceu em 1895, em Lajeado, descendente de alemães. Meu avô veio da Alemanha em 1891, no Brasil. Ele casou com minha mãe e, em 1931, migraram para Itapiranga, que, na época, se chamava Porto Novo, uma colonização de origem alemã, assessorada por padres jesuítas. Meu pai faleceu aos 67 anos, e minha mãe em 1987, com 86 anos.

Estudos - Estudei o primário em Linha Fortaleza (interior de Itapiranga). Após fui para o seminário, que, na época, se chamava escola apostólica, em 1955, onde cursei o 5° ano. Em 1957, fui para a escola apostólica em Salvador do Sul, onde fiquei sete anos, cursando o ensino fundamental e médio. Logo depois, cursei o noviciado da Companhia de Jesus por dois anos , em Pareci Novo. Depois segui para São Paulo para cursar Filosofia, e após, fui destinado para atuar no Colégio Catarinense em Florianópolis para o Magistério. Em 1970, vim para São Leopoldo para estudar Teologia no Colégio Máximo Cristo Rei. Na mesma época, iniciou a Unisinos, onde comecei a lecionar. Após sair da Companhia de Jesus, fiz meu mestrado em Sociologia Rural, na UFRGS. Em 2000, iniciei o doutorado em Ciências Sociais, aqui na Unisinos, tendo defendido a tese no dia 1º de novembro, na semana passada.

Carreira - Minha carreira de professor está vinculada aos estudos que fiz para ser padre. Enquanto eu estava cursando Filosofia, fiz, paralelamente, o curso de Ciências Sociais. Entrei na Unisinos como professor na cadeira de Realidade Brasileira que, na época, se chamava Estudo de Problemas Brasileiros. Cursei o mestrado dentro desse mesmo tema. Foi uma opção em função da disponibilidade de cursos que havia naquele tempo. Como a Filosofia era obrigatória para os estudos eclesiásticos, cursei também Ciências Sociais para ter uma outra área de formação, estimulado na época pela Companhia de Jesus.

Casamento - Conheci a Nilsa, minha esposa, no casamento do seu irmão. Casamos em 15 de dezembro de 1973.

Filhos - Meu filho mais velho, Mauro, nasceu em 1975. Parte da minha dissertação de mestrado, fiz com ele no colo. Agora, na escritura da tese doutoral, era minha neta que me acompanhava. O Mauro é formado em Engenharia Mecânica. Minha filha, Denise, é arquiteta, formada pela Unisinos. O mais novo, Rodrigo, estuda Engenharia de Produção na Unisinos. Aliás, a Unisinos está incorporada em nossa família. A Nilsa se diplomou como nutricionista e depois se tornou professora do Curso de Nutrição, aposentando-se em 2002.

Horas Livres - Devido à minha carga horária, 40 horas na Unisinos e 20 horas na UFRGS, meu tempo livre é dedicado à correção de atividades acadêmicas, leitura e preparação de aulas.

Autor - Na área da Sociologia, gosto de Max Weber e de toda a escola da sociologia da compreensão. Entre os contemporâneos, simpatizo com Alain Touraine e agora Niklas Luhmann entrou neste rol de pensadores preferenciais.

Obra - Economia e Sociedade, de Max Weber. É um livro de cabeceira, consulto bastante.

Música - Aprecio a música clássica. Tenho preferência por Beethoven e Mozart.

Política - Não tenho filiação partidária, devido à minha formação, no entanto, cultivo princípios e valores. Também sou muito weberiano, no sentido de, como professor, não expressar as minhas preferências político-partidárias em sala de aula. É uma recomendação que Weber faz aos docentes, que não o façam na cátedra, e sim em praça pública. O momento político hoje é muito complexo, especialmente quando se trata do quadro ideológico extremamente indefinido e em transição, com novos movimentos no sentido de uma reconfiguração político-partidária do País. Nem sempre o resultado das eleições expressa isso. A democracia tem essas peculiaridades, o leitor tem a sua liberdade de expressar suas preferências em relação aos candidatos ou partido. Acredito que “direita” e “esquerda” no Brasil hoje não são mais categorias aplicáveis, estão superadas ante a realidade que se configurou. É um momento político extremamente delicado, tanto interna quanto externamente.

Férias - Gosto de viajar, mas tenho muitas restrições hoje. Passo 14 dias na Praia dos Ingleses em Florianópolis, é o que tenho feito nos últimos 10 anos.

Unisinos - A Unisinos é a minha vida, a minha atividade. Estou aqui desde o início, em março de 1970.

Instituto Humanitas - O Humanitas é um ator diferente na Unisinos. É um lugar onde se consegue refletir, não de forma estritamente acadêmica, mas realmente com um olhar diferente da realidade econômica, política e social, especialmente sobre a exclusão social. O Instituto tem isso como missão. O IHU é hoje a alma viva da Unisinos, na perspectiva da busca de um movimento para discutir-se a problemática nacional, latino-americana e mundial, exercendo uma reflexividade na busca do avivamento acadêmico.

 

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