Edição 197 | 25 Setembro 2006

Aloísio Ruscheinsky

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IHU Online

Quando criança, o professor da Pós-graduação em Ciências Sociais da Unisinos, Aloísio Ruscheinsky, inventava seus brinquedos e costumava usá-los nas lombas catarinenses, Mondaí. Cauteloso nas brincadeiras de criança, este ex-jesuíta contou a IHU On-Line um pouco da sua infância e trajetória profissional. Filho de um agricultor e de uma dona-de-casa, Aloísio reúne-se, anualmente, com os oito irmãos que estão espalhados pelo Brasil.

Origens - Nasci em Mondaí, em Santa Catarina, quase divisa com a Argentina. Meu pai era agricultor, minha mãe dona-de-casa e agricultora. Nasci em agosto de 1950. Morei em Mondaí até terminar os primeiros anos da escola.

Família – Somos nove irmãos. Era muito comum na época ter famílias extensas. A família enxuta de hoje era exceção à regra. Costumamos reunir, anualmente, os irmãos.

Infância – Lembro do tipo de diversão que tínhamos naquela época, das nossas criações para fazer o brincar. Hoje é tudo tão tecnológico, tudo vem pronto. Tínhamos uma imaginação e criávamos brinquedos: carretas, estilingue, bicicletas de madeira. Costumávamos ir para a lomba e brincar, mas sempre com cautela. Pensando hoje na sociedade risco, vejo que tínhamos um grau de avaliação do risco.

Estudos – Comecei a estudar aos sete anos. Depois de finalizar os primeiros estudos em Mondaí, fui para Salvador do Sul, aqui no RS, fazer o que chamávamos de ginásio. Fiz uma longa viagem, pois naquela época era tudo chão batido. Depois fiz em Florianópolis o científico. Ingressei na Ordem dos Jesuítas, em 1973.

Trajetória – Entrei para o curso de Ciências Sociais na Unisinos, em 1975. Depois em 1979-80 passei dois anos no Mato Grosso, trabalhando em um estágio que acompanhava o fluxo migratório de gaúchos para aquele Estado. Fiz Mestrado em Sociologia no final dos anos 1980, na PUC-SP, depois no início dos anos 1990, fiz Doutorado na USP também em Sociologia. Morei 10 anos na cidade Rio Grande, onde trabalhei como professor na FURG e, em 2005, entrei para a Pós-Graduação de Ciências Sociais aqui da Unisinos.

Autor e livros – Pensando na minha formação geral, eu diria a Bíblia, e na formação acadêmica da graduação lembro de Darcy Ribeiro, O processo civilizatório e de Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina.

Trilha sonora - Isso é muito difícil. Mas talvez Aquarela do Toquinho e Vinícius de Morais. Meu filho veio, um dia, da escola cantando e eu fiquei analisando a lógica. Eu nunca tinha parado para observar a letra do ponto de vista antropológico. Comecei a analisar a lógica da seqüência, como a música é construída. É interessante. Eu também gosto de MPB. Nos anos 1980, houve uma grande geração de músicos e letristas filósofos: Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, entre outros, e mais voltado para o rock, o Renato Russo. Hoje há poucos, mas temos ainda alguns.

Casamento - Eu fui jesuíta muitos anos, hoje sou casado com Eunice há 15 anos e tenho um filho de 12.

Dia perfeito – Um dia em que eu conseguisse fazer alguma coisa ou tudo sem estresse.

Esporte – Hoje futebol e natação.

Time - Num certo período da juventude, fui colorado. Hoje em dia sou independente. Depois de um certo período relativizei esses prazeres da vida.

Eleições - Meu voto está consolidado. Entre ilusões e decepções vou de Lula. Embora eu tenha muitas críticas ao desempenho da aliança que o sustenta, entre as propostas, ainda é a que tem alguma alternativa dentro do possível, sem ilusão de grandes mudanças.

Unisinos - Conheci a Unisinos num certo período, anos 1970, em que a liberdade de expressão na sociedade e na universidade era mais restrita, portanto como instituição não existia abertura e liberdade de expressão que na época como estudantes almejávamos. E conheço a Unisinos hoje onde escolhi para trabalhar e com toda a questão da premência de produtividade como exigência da esfera federal. O próprio sistema social existente acentua a produtividade, a excelência e a competitividade. Para além da instituição de ensino, hoje vige uma lógica utilitarista, em que toda a instituição para permanecer existente no horizonte dessa mesma sociedade, ela precisa adotar estes outros horizontes. Existe uma tensão entre o humanismo e o aumento da concorrência entre os seus pares.

Instituto Humanitas - É uma novidade com relação ao que conheço de universidade. Diria que o IHU é a expressão de uma face peculiar nesta Universidade, onde de alguma forma uma parcela tenta respirar e refletir de forma diferenciada; onde os níveis de crítica à própria sociedade tornam-se mais patentes e visíveis. Além disso, traz ao debate temas candentes e urgentes com base em renomados intelectuais.

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