Edição 376 | 17 Outubro 2011

Semicondutores estreitam laços entre Brasil e Coreia

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Graziela Wolfart

1º Fórum Brasil–Coreia do Sul em ciência, inovação e tecnologia debate a indústria dos semicondutores e a política de pesquisa e inovação dos dois países

Esta semana, de 17 a 19 de outubro, alunos, pesquisadores, professores, especialistas empresários, nacionais e estrangeiros, estarão reunidos na Unisinos para debater a indústria dos semicondutores e a política de pesquisa e inovação dos dois países.

A cadeia de semicondutores foi escolhida como tema central do fórum por ser um ponto de convergência entre Brasil e Coreia do Sul.
O Fórum integra o evento Pesquisando a Pesquisa, que teve início em 2005 e já reuniu centenas de pesquisadores, alunos e professores que debateram assuntos relacionados à conduta das pesquisas no país e na universidade. Neste ano, os participantes terão a oportunidade de assistir a apresentação de trabalhos científicos, palestras e painéis relacionados às oportunidades e impactos no desenvolvimento de estudos de alta de tecnologia no Brasil e, ainda, poderão participar de uma rodada de negócios que estará sendo promovida entre empresários dos dois países.

A atividade contará com a presença de autoridades municipais e estudais, além do embaixador brasileiro na Coreia do Sul, Edmundo Fujita.

Para repercutir a importância deste evento, a IHU On-Line entrevistou por e-mail o professor Guilherme Vaccaro, do PPG em Engenharia de Produção e Sistemas da Unisinos e coordenador do 1º Fórum Brasil-Coreia do Sul: Oportunidades e Impactos no Desenvolvimento da Indústria de Semicondutores no Brasil. Ele explica a importância da cadeia de semicondutores, justificando que é “portadora de futuro, intensiva em tecnologia e geradora de propriedade intelectual e inovação. Gera produtos de alto valor agregado e de larga aplicação em praticamente todas as atividades econômicas”. E Vaccaro exemplifica: “basta pensarmos que todo computador, celular, televisão, rádio, tablet possui diversos componentes eletrônicos que dependem dessa indústria. Um ‘quilo de semicondutores’ vale centenas de vezes um quilo de uma commodity. E o Brasil importa praticamente todos os semicondutores que utiliza, gerando um déficit de balança comercial de bilhões para o país”.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Quais os principais temas que estarão em debate no 1º Fórum Brasil-Coreia do Sul: Oportunidades e Impactos no Desenvolvimento da Indústria de Semicondutores no Brasil?

Guilherme Vaccaro – Este fórum foi pensado para enfocar ciência, tecnologia e inovação. Em sua primeira edição, selecionamos como temática a indústria de semicondutores (chips, memórias de computador, etc.) por seu impacto e relevância para o Brasil e por ser a Coreia do Sul um país que desponta neste tema. Mas o fórum aborda também questões sobre o relacionamento entre governo, universidades e empresas, mecanismos de fomento à inovação e à ciência, oportunidades de intercâmbios de estudo e pesquisa entre Brasil e Coreia do Sul, bem como discussões sobre estratégias e políticas públicas para o desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação. Como mencionei, neste ano, foca-se o tema dos semicondutores, mas com uma visão abrangente.

IHU On-Line - Qual a importância de realizar um evento sobre a indústria de semicondutores?

Guilherme Vaccaro - A indústria de semicondutores consta nas temáticas estratégicas do Programa Nacional de Desenvolvimento do governo brasileiro. É uma indústria de alta tecnologia e que influencia diversos segmentos da economia. Basta pensarmos que todo computador, celular, televisão, rádio, tablet possui diversos componentes eletrônicos que dependem dessa indústria. Um “quilo de semicondutores” vale centenas de vezes um quilo de uma commodity. E o Brasil importa praticamente todos os semicondutores que utiliza, gerando um déficit de balança comercial de bilhões para o país. O Brasil já teve um embrião de indústria, mas ela não sobreviveu à abertura de mercados. Assim, criar espaços para discussão e compreensão de países que têm larga experiência neste assunto, como a Coreia do Sul, é uma forma de contribuir para que o Brasil possa restabelecer essa indústria.

IHU On-Line – Qual o papel da Unisinos na aproximação entre Brasil e Coreia do Sul?

Guilherme Vaccaro - A Unisinos fez um movimento muito importante de aproximação, “de construção de pontes” (nas palavras de nosso reitor), aproximando-se de centros de pesquisa e universidades de ponta na Coreia do Sul. Articulou para manter seis pesquisadores por um período de quase um semestre naquele país, permitindo uma compreensão aprofundada sobre a cultura e a realidade de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e inovação sul-coreanos. Auxiliou na organização da agenda do governo do estado quando da visita da comitiva do Rio Grande do Sul à Coreia. E também tem dado suporte importante no estabelecimento da HT Micron em São Leopoldo, passos importantes para estabelecer fortes laços entre ambos os países.

IHU On-Line - Qual a importância da HT Micron no câmpus da Unisinos, considerando essa aposta na área de semicondutores para o Brasil?

Guilherme Vaccaro - Em nosso entendimento, a importância é grande. A HT Micron ingressa no mercado brasileiro com protagonismo nesse movimento. Primeiramente, por se tratar de uma joint venture entre uma empresa coreana e uma empresa brasileira, de nosso estado. Depois, por trazer conhecimento e tecnologia que a permitirá produzir grandes volumes e atender parte desse mercado, contribuindo para reduzir o déficit da balança comercial brasileira no setor. E por último, mas não menos importante, por trazer da cultura sul-coreana a forte compreensão da importância da parceria universidade-empresa no desenvolvimento de tecnologia.

IHU On-Line - Por que a cadeia de semicondutores é um assunto primordial para o governo federal?

Guilherme Vaccaro - O governo federal a considera assim, pelas razões anteriormente comentadas. É portadora de futuro, intensiva em tecnologia e geradora de propriedade intelectual e inovação. Gera produtos de alto valor agregado e de larga aplicação em praticamente todas as atividades econômicas. Sendo assim, consta em diversos documentos de políticas e estratégias governamentais, como o Livro Azul e programas do MCT (PADIS e PPB), por exemplo.

IHU On-Line - Pode falar um pouco mais sobre o Instituto de Semicondutores que a Unisinos está implementando?

Guilherme Vaccaro - A Unisinos desenvolveu, no decorrer de 2011, um projeto de instituto tecnológico focado no encapsulamento de semicondutores, isto é, focado no tipo de atividade que empresas como HT Micron, Smart Modular e outras desenvolvem no país. O instituto proverá diversos serviços tecnológicos e formação técnica e superior para o desenvolvimento de projetos, produtos e pessoal nessa área. Foi concebido para estar em contato direto com o mercado, com empresas e outros centros de pesquisa e desenvolvimento, buscando aproximar ainda mais a Unisinos desses agentes de inovação (empresas e centros de P&D). É mais uma forma de a universidade contribuir concretamente com um tema estratégico para o país.

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