Edição 307 | 08 Setembro 2009

IHU Repórter - Carlos Alberto de Oliveira Cruz

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Graziela Wolfart

Basta acompanhar o professor Carlos Alberto de Oliveira Cruz pelos corredores da Unisinos para confirmar sua popularidade e seu carisma. O novo chefe de gabinete da reitoria da Unisinos tem como marca pessoal a simpatia, o profissionalismo e a alegria de viver, o que cativa a todos e todas por onde passa. Na edição desta semana da IHU On-Line, o Beto, como é conhecido pela comunidade acadêmica, conta alguns aspectos da sua trajetória e ressalta que, para ele, “ter uma família legal é algo que realiza a pessoa. Todo o resto é secundário: cargos, conquistas... Viemos da família e voltamos para a família. Ela é a nossa origem e nosso porto seguro. Esse é o grande desafio da vida: manter uma família estruturada”. Conheça um pouco mais deste colorado, que é o pai do Pablo, marido da Ana e que tem sua história de vida entrelaçada com a Unisinos desde a infância.

Origens – Nasci em Porto Alegre, em 1965, e quando eu tinha cinco anos de idade nossa família veio para São Leopoldo. A memória de Porto Alegre me remete à vida em apartamento e a brincadeiras em praças de vez em quando. As lembranças mais claras de infância são de São Leopoldo. Nossa mudança para a cidade já foi por causa da Unisinos. Meu pai era contabilista, tinha um escritório, e estava cursando Direito aqui na universidade. Ficava ruim estudar e trabalhar em uma cidade e morar em outra. A mãe trabalhava em casa naquela época, mas assim que chegamos em São Leopoldo ela começou a fazer o curso de Direito também. Meus pais tiveram toda uma vida ligada ao Direito. Foram professores da Unisinos depois de formados. Meu pai é advogado até hoje e a minha mãe é defensora pública. Tenho um irmão mais velho, o Paulo, que concluiu o ensino médio e trabalha conosco no escritório de advocacia da família. Em função de ele ser sete anos mais velho, não brincávamos juntos quando crianças. Desse período, lembro de jogar bola nas ruas e praças de São Leopoldo, quando ainda era possível viver na área urbana andando de bicicleta, fazendo guerra de bexiguinha e outras coisas de criança.

Formação – Fiz o primeiro grau no Instituto Rio Branco, que ficava a duas quadras da minha casa. Depois, cursei o ensino médio no Colégio Sinodal. E a graduação em Direito foi aqui na Unisinos. Minha decisão não se deu apenas por influência da família, mas pelo convívio com o universo do Direito dentro da minha casa, desde criança. Nossa casa sempre foi muito frequentada por juízes, promotores, enfim, toda a vida forense de São Leopoldo se reunia frequentemente na casa dos meus pais. Sempre me identifiquei com essas pessoas. Fui o aluno com a melhor média na classificação final do curso, em julho de 1987. Por essa razão, ganhei a bolsa para cursar a Escola Superior do Ministério Público. Essa é uma escola com horas equivalentes a um curso de especialização, que é preparatória para concursos. Fiz a escola e até cogitei, na época, de fazer concurso para ser promotor ou juiz, só que depois desisti. A família já tinha escritório de advocacia, e aqui na Unisinos se abria cada vez mais para mim a possibilidade de seguir uma trajetória acadêmica, de forma que acabei nunca fazendo concurso. Mais tarde, fiz um curso de especialização em Direito Empresarial, aqui na universidade, e meu mestrado em Direito, feito na PUC, conclui em 2001.

Trajetória na Unisinos – Meio ano após minha formatura no curso de Direito, fui convidado a dar aulas na Unisinos. Eu tinha 22 anos e muitos dos meus alunos eram mais velhos do que eu. Lembro do nervosismo no primeiro dia, nem achava a sala. Tudo aconteceu muito rápido, mas sempre pude contar com a solidariedade das pessoas que já trabalhavam aqui. Em um ano como professor recebi o convite para ser o coordenador do curso de Direito da Unisinos. Fui o primeiro coordenador do curso com formação jurídica, pois até então eram outras pessoas da universidade que exerciam essa função. Estive nesse cargo por seis ou sete anos. Depois houve uma troca de gestão e fiquei apenas com a sala de aula. Mais tarde, fui coordenador de extensão, depois pró-diretor de administração do Direito. Então, vim para a reitoria, como diretor de assuntos comunitários. Com a extinção das diretorias na instituição, passei a gerente de assuntos estudantis. Nesse meio tempo, me envolvi em outros projetos. Fui presidente de comissão de bolsa filantropia e atualmente estou na presidência da Fundepe. Tive também uma experiência muito rica e interessante apresentando o programa Fórum 4, na TV Unisinos, de 2000 a 2005. Hoje estou vivendo uma mudança radical na minha vida dentro da Unisinos, em função do convite que recebi do reitor para a chefia de gabinete. É um convite que me orgulhou e me emocionou. Cada vez que me dou conta do que isso representa, sinto que é um peso que me desafia todos os dias. É uma escolha pessoal, de depósito de confiança. O ânimo e a força vêm, sobretudo, do carinho dos amigos desta trajetória na Unisinos, dos mais diversos lugares por onde andei aqui dentro, que me abraçam e se alegram por mim.

Família – Sou casado com a Ana há 22 anos. Nos conhecemos aqui em São Leopoldo, em uma festa. Temos um filho de 19 anos, o Pablo, que faz Direito aqui na Unisinos. Somos muito unidos. A experiência de ser pai e de ter um filho parceiro é algo maravilhoso. Somos bastante próximos, saímos juntos para o futebol e tenho uma alegria muito grande por ele ser colorado assim como eu. Essa é, inclusive, uma oportunidade para fazermos um programa juntos. Ter uma família legal é algo que realiza a pessoa. Todo o resto é secundário: cargos, conquistas... Viemos da família e voltamos para a família. Ela é a nossa origem e nosso porto seguro. Esse é o grande desafio da vida: manter uma família estruturada. Na hora boa, não tem graça festejar sozinho. E na hora da dificuldade é para a família que a gente corre. O grande valor que eu tenho é ter uma família. Talvez o fato de eu ser uma pessoa sempre alegre é porque tenho esse lastro.

Autor – Grande parte da minha leitura é de lazer. E nessa leitura gosto de temas ligados a advogados e à justiça. Por isso, tenho lido John Grisham. É best-seller, de qualidade discutível, mas é uma leitura de entretenimento. 

Livros Cale-se, do Caio Túlio Costa, Abusado, do Caco Barcellos, A Ilha do Doutor Castro, de Corinne Cumerlato e Denis Rousseau.

Filme Cinema paradiso, de Giuseppe Tornatore.

Nas horas livres – Em casa, com a família. Gosto também de sair para jantar, tomar um chope com a esposa, convidar o filho e a namorada dele para comer uma pizza no shopping, ou curtir uns dias com a família para Gramado.

Um sonho – Sou tão grato por tudo o que tenho e por a vida ter sido tão generosa comigo, que fica até difícil pensar num sonho. Não que eu seja acomodado, mas sou feliz com o que sou. No entanto, de vez em quando, me pego pensando que eu gostaria muito de, o dia em que decidir parar de trabalhar, poder parar com felicidade, sem sofrer por isso. Que eu possa viver na praia com a família e encontrar prazer e felicidade nisso. Talvez esse seja meu sonho.

– Sou católico e esporadicamente vou à missa. Aprecio muito o diálogo direto com Deus e isso é importante na minha vida. Dedico um tempo para conversar com Deus e comigo mesmo. No mais das vezes, sem intermediário.

Política no Brasil – É uma batalha, mas precisamos continuar brigando pela questão ética. Minha experiência na Unisinos no contato com o movimento estudantil me ensinou muitas coisas em relação a isso. Penso que participar da política é importante. Afastar-se dela é admitir que perdemos o jogo.

Unisinos – Uma instituição que se confunde com a minha vida. Já passei por tanta coisa aqui dentro, que tenho dificuldade de falar sobre a universidade de forma isenta. Quando encontro as pessoas que passaram por aqui, mas que hoje estão lá fora, o sentimento de saudades é unânime. A Unisinos tem um valor que marca as pessoas do ponto de vista afetivo. Também vejo a universidade enquanto uma força que agrega valor às pessoas e à sociedade. Jesuítas e leigos, de São Leopoldo (agora também em Porto Alegre, Bento e Caxias) para o mundo, cumprem uma linda missão.

IHU – Uma referência de valor fundamental em relação à ética cristã e à humanidade. Seu papel é importantíssimo por trazer ao debate as grandes questões do momento. Percebo que hoje o IHU é o sonho de consumo das pessoas na universidade, que gostariam de, assim como eu, poder usufruir e degustar mais das publicações e dos eventos promovidos pelo Instituto. Vou me disciplinar para poder aproveitar mais suas ofertas.

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