Edição 277 | 14 Outubro 2008

Editorial

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Lévinas e a majestade do Outro

Em tempos de intolerância religiosa, terrorismo político, crise financeira internacional e de um niilismo que, além de tudo relativizar, paralisa a ação e retira o sentido da existência, retomar o pensamento de Emmanuel Lévinas é abrir-se a uma nova perspectiva de respeito à alteridade. Para debater essa problemática, dedicamos esta edição ao pensador lituano, nascido em 1906 e falecido há 13 anos.

O filósofo francês Jean-François Mattéi, professor emérito da Universidade de Nice, menciona que nossa sociedade corre o risco de retornar à barbárie, ou à caverna numa versão tranqüilizadora. Daí a importância de reler Lévinas e tomar em consideração sua proposta de reabilitar a necessidade de transcendência que carregamos conosco. Luiz Carlos Susin, da PUCRS, frisa que a ética levinasiana considera o outro como ponto de partida e de chegada, enquanto Marcelo Pelizzoli, da UFPE, ressalta que é preciso pôr as idéias de Lévinas na prática, e não apenas teorizá-las. Para a filósofa argentina Mônica Cragnolini, da Universidade de Buenos Aires, a obra levinasiana se caracteriza pela tentativa de pensar a alteridade de forma radical. Pergentino Pivatto, da PUCRS, assinala o corpus levinasiano como imprescindível, porque aponta para uma nova sociedade, para além do vazio niilista. Ricardo Timm, também da PUCRS, analisa a contribuição de Lévinas à humanização da sociedade. Rafael Haddock-Lobo, da USP, Casa do Saber e da PUC-Rio, afirma que a filosofia levinasiana é uma resposta a Husserl, Heidegger e Buber. A influência de Lévinas sobre a filosofia da desconstrução de Derrida é o tema da entrevista com a profa. Fernanda Bernardo, da Universidade de Coimbra. Robert Bernasconi, filósofo inglês, complementa a matéria de capa, analisando aspectos incompreendidos da obra levinasiana, além dos conceitos de paz e linguagem, bem como o perdão em Hegel e Lévinas e a questão da violência e do racismo.

“Religião, para Lévinas, é ética e está promulgada em minha relação e serviço para com a outra pessoa. Crença ou descrença em Deus é irrelevante. O que importa é como agimos no mundo”, afirma, por sua vez, o inglês Simon Critchley.

Além de contribuir com uma importante entrevista, Rafael Haddock-Lobo foi o consultor, competente e generoso, na elaboração desta edição. A ele, o nosso mais sincero agradecimento.

Nesta semana, no dia 16 de outubro, a Unisinos acolherá a Caravana da Anistia. Uma entrevista com o advogado José Carlos Moreira da Silva Filho, da Unisinos, explica a sua importância e pertinência.

A poeta carioca Lígia Dabul enviou dois poemas inéditos, que completam esta edição.

A todas e todos, uma ótima leitura e uma excelente semana!

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