Edição 261 | 09 Junho 2008

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“Estou lendo Foundation of language: brain, meaning, grammar, evolution (MIT Press, 2002, 477 p.). É um livro para toda a vida. Inicio assim, porque, de fato, o lingüista Ray Jackendoff recupera nele seus primeiros estudos sobre sintaxe, passando por sua longa trajetória pela semântica, até o trabalho mais atual, no qual propõe uma arquitetura para a mente. É marcadamente técnico. Portanto, lida com conceitos chaves da lingüística gerativa, tal como a língua como fenômeno mental, a gramática universal e questões de processamento da informação. Contudo, Jackendoff não é um gerativista radical e abre espaço para temas importantes, como a perspectiva evolutiva da linguagem e o uso no contexto social, mesmo que língua e sociedade não sejam uma constante nesses estudos. É um livro introdutório, mas a variedade e a complexidade dos assuntos valem como fonte de consulta sempre.”

Adriana Riess Karnal - graduada em Comunicação Social pela Unisinos. Possui curso para o ensino dos Exames de Cambridge pela International House em Londres e é mestre em Lingüística Aplicada (UNISINOS)

“Não vou citar um livro; vou buscar um autor síntese no campo da Saúde Coletiva e escolho Maria Cecília Minayo. Mulher, brasileira, sanitarista, oriunda das ciências sociais, militante na luta pela paz, é uma das fundadoras do Centro Latino-Americano de Estudos em Violência e Saúde (CLAVES). Impressiona o seu fluido trânsito interdisciplinar, praticamente em todas as áreas que compõe o campo da Saúde Coletiva; a sua densa produção teórica e sua militância política incansável em prol dos excluídos, dos marginalizados, dos vitimados, na busca da utopia da saúde coletiva. O desafio do conhecimento – pesquisa qualitativa em saúde, obra de inúmeras edições, é um livro texto fundamental para os que procuram desenvolver pesquisas em ciências sociais e saúde. Cecília percorre o trajeto da construção da pesquisa, enfatizando o caráter provisório do conhecimento, um processo que não tem fim e não pode ser aprisionado em formalismos, “assim como não se pode prever o final do processo histórico; embora o projetemos como politicamente democrático e socialmente igualitário para ser ecologicamente saudável”. Cecília tem uma produção intensa nos últimos anos. Não podemos deixar de citar os livros recentemente organizados por ela e publicados pela Editora FIOCRUZ: Salud y equidad: una mirada desde las ciencias sociales, cujo foco está nas desigualdades em saúde, incluindo recortes em gênero, precarização do trabalho e vulnerabilidades; Crítica e atuantes – ciências sociais e humanas em saúde na América Latina, em que os autores apresentam contribuições interdisciplinares oriundas das ciências sociais e humanas em saúde, políticas públicas e cidadania; e Caminhos do pensamento – epistemologia e método, que apresenta discussões metodológicas, acenando com os referenciais da complexidade. No congresso da ABRASCO (Salvador, 2007), foi lançado Análise diagnóstica da política nacional de saúde para redução de acidentes de violências, uma avaliação das políticas públicas, invenção de indicadores e busca de caminhos. Mas é no prefácio do livro de Everardo Nunes, Sobre a Sociologia da Saúde (1999), que encontramos Cecília, com toda a generosidade, a doçura e a grandeza da alma que lhe são próprias. Ela já nos cativa, de início, com o fragmento da poesia de Miguel Hernandez: “A las aladas almas de las rosas / del almendro de nata  te requiero / que tenemos de hablar de muchas cosas / compañero del alma, compañero”  e confidencia que “gostaria de ter o poder de juntar razão e paixão, com o pretexto de fazer ciência, porém envolta e sob o ritmo e a cadência do significado humano de construí-la”. Nessa densa trajetória acadêmica e humana, Cecília se dá a conhecer: uma estudiosa da tribo dos sanitaristas, híbrida de socióloga médica e trabalhadora da saúde, cuja contribuição intelectual é densa, inovadora e coerente, produtora de subjetividades e de afetos.

Stela Meneghel - pós-doutora no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Autônoma de Barcelona. É professora-adjunta da Universidade do Vale do Rio dos Sinos e atua no Programa de Pós-graduação de Saúde Coletiva

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