Edição 347 | 18 Outubro 2010

Teologia da Libertação. Um discurso que dá razão à esperança

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Graziela Wolfart

 

IHU On-Line - Qual é a atualidade da teologia da libertação na realidade latino-americana hoje?

Olle Kristenson - Eu diria, como Gutiérrez, que, enquanto houver pobres, uma teologia que parte da opção preferencial pelos pobres é válida e necessária em um continente como a América Latina.

IHU On-Line - Como entender a hermenêutica da esperança em Gutiérrez?

Olle Kristenson - Sem dúvida o tema da esperança é central nos textos que analiso e em toda sua reflexão teológica: “Dar razão da sua esperança é parte essencial do testemunho cristão. Nesse âmbito se situa a teologia; ela é sempre uma interpretação dos motivos que temos para esperar.” (GUTIÉRREZ, G., em um texto de 2003). A um texto de 2001 ele dá o título Esperança e Vigilância que sublinha que a esperança não é somente algo que nos vem; é preciso também vigiar para que ela se concretize. Em última instância, o fundamento de sua percepção da esperança vem de sua convicção de que a vida é sagrada. Baseada na fé da ressurreição, surge sua convicção de que é a vida e não a morte que tem a última palavra na história. Isto foi o que lhe motivou como “pastor na sombra da violência” dar razão à esperança em uma situação de violência e muita incerteza.

IHU On-Line - Em 2012 acontece no Brasil o Congresso Continental de Teologia. O que seria importante discutir neste encontro?

Olle Kristenson - Quando eu soube deste congresso fiquei bastante feliz. Penso que é preciso retomar muitas ideias da Teologia da Libertação desde seu início, mas também se abrir aos novos desafios e aos novos temas. Parece-me necessário abrir um espaço onde as diferentes gerações de teólogos da libertação se encontrem e discutam. É preciso enfocar o tema dos pobres e analisar quais são “os rostos dos pobres” para retomar o que se disse em Puebla e Santo Domingo a respeito disso.

IHU On-Line - Em que direção o senhor vê que caminha a Igreja do século XXI, 50 anos depois do Concílio Vaticano II?

Olle Kristenson - Com preocupação, vejo que há grupos de tendências pré-conciliares que, todavia, têm influência. Mas também há grupos que continuam avançando em sua reflexão depois do Concílio. Por isso, me parece importante comemorar esses 50 anos com uma reflexão crítica. A forma como o episcopado latino-americano tem trabalhado o Concílio em suas conferências gerais em Medellín, Puebla, Santo Domingo e recentemente em Aparecida, com seus avanços e retrocessos, de todas as maneiras, é um sinal de que a Igreja latino-americana continua sendo relevante em seu contexto. Eu gostaria que se abrisse um pouco mais para as igrejas não católicas. Temos muitos desafios que podemos enfrentar melhor se caminharmos juntos como crentes.

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