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Graziela Wolfart e Greyce Vargas
IHU On-Line – Chávez exerce alguma influência no governo da Bolívia? Como o senhor vê a relação entre Chávez e Evo Morales?
José Virtuoso – A relação com Evo Morales tem sido muito estreita desde o começo. São aliados muito importantes. Chávez apóia as políticas bolivianas e Evo apóia as políticas latino-americanas de Chávez. No entanto, o presidente Evo Morales e o governo da Bolívia têm a sua própria dinâmica. Creio que Evo mantêm uma distância, com prudência relativa em relação a Chávez. A sociedade boliviana é também uma sociedade polarizada, dividida e a sintonia ou a vinculação de Evo com Chávez não convém na Bolívia. Por isso, o presidente Evo mantém sua autonomia com respeito a Chávez.
IHU On-Line – Que alternativas o senhor aponta aos principais desafios da América Latina hoje?
José Virtuoso – O primeiro desafio tem a ver com o modelo de desenvolvimento. A América Latina continua precisando de um modelo de desenvolvimento no qual estejamos inseridos de forma acertada na globalização, onde desenvolveremos produtividade e distribuição da riqueza e onde tenhamos gasto social eficiente, com tributação e recolhimento de impostos. Isso sem falar do desafio socioambiental, ou seja, precisamos de um desenvolvimento que permita conviver com a natureza sem destruir os recursos naturais. No âmbito político também temos o desafio de encontrar o modelo de democracia que mais nos convém. E onde combinemos as instituições clássicas, o modelo liberal e a divisão de poder com uma participação ativa e clara do povo.
IHU On-Line – Qual a principal novidade na relação dos Estados Unidos com a América Latina hoje?
José Virtuoso – É uma relação muito tensa. Os Estados Unidos continuam buscando manter sua hegemonia. São a principal potência militar na América Latina e esse poderio militar está acompanhado de uma ofensiva diplomática muito importante. Neste momento, os Estados Unidos disputam com dois pólos contrários. Um com o presidente Chávez e o grupo dos países da Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América - Alba, que contradizem e se opõem a essa presença hegemônica; e o outro com o presidente Lula, porque o Brasil tem uma vocação de ampla projeção e de interesses, até certo sentido, imperiais na América Latina. Nesse sentido, os EUA também encontram um limite no Brasil. Há alguns anos, os EUA não tinham interlocutor na América Latina, e agora tem: Brasil e Chávez.