Edição 338 | 11 Agosto 2010

A atual política cambial é absolutamente perversa quanto ao PIB

close

FECHAR

Enviar o link deste por e-mail a um(a) amigo(a).

Patrícia Fachin

 

IHU On-Line - Hoje o BNDES segue mais a linha de agente de desenvolvimento ou de instituição financeira de mercado?

José Luis Oreiro - A primeira alternativa. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o BNDES realmente tinha uma feição de banco de investimento de mercado, que tinha por objetivo patrocinar as privatizações. Hoje em dia, não. A gestão do presidente Luciano Coutinho à frente do BNDES foi positiva no sentido de restaurar ou recuperar o BNDES como um banco de desenvolvimento. No entanto, chamo atenção para essas questões relativas a usar dinheiro público para financiar o surgimento de grandes empresas multinacionais brasileiras, sem que haja uma contrapartida em termos de garantia de geração de emprego e renda no Brasil.

IHU On-Line - Qual é, atualmente, e qual deveria ser o papel do Estado na condução da economia e no desenvolvimento industrial do país?

José Luis Oreiro - O Estado deve ser o formulador das grandes vias de desenvolvimento. Quer dizer, primeiramente ele tem de garantir um ambiente macroeconômico estável – isso é fundamental. É também função dele manter suas contas em ordem, não só para sinalizar aos investidores que não haverá calote no futuro, mas fundamentalmente como garantia a realização de investimentos públicos em infraestrutura, que são absolutamente indispensáveis para o crescimento do Brasil a longo prazo.
Além disso, o Estado precisa garantir condições de concorrência para as empresas brasileiras competirem no exterior. Isso implica em garantir um câmbio competitivo de médio e longo prazo, em garantir condições de financiamento para as empresas investirem na ampliação de capacidade produtiva. Sem contar, obviamente, com financiamento à inovação e à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

IHU On-Line - A economia brasileira vem crescendo nos últimos anos. Esse crescimento irá se manter a médio e longo prazo?

José Luis Oreiro - Não com essa política cambial e com esse desequilíbrio externo. Como disse, mantido esse ritmo de crescimento, vamos ter uma crise de balanços de pagamentos em dois ou três anos.

IHU On-Line - Dependendo do resultado das eleições, quais devem ser os rumos da economia brasileira?

José Luis Oreiro - Pelos discursos que tenho acompanhado na imprensa dos três candidatos mais bem posicionados: Marina Silva, José Serra e Dilma Rousseff, o único que, até o presente momento, tem se mostrado bastante enfático na questão do desequilíbrio externo e na necessidade de mudança na política cambial, é o ex-governador de São Paulo, José Serra. Então, pelos discursos, só vejo possibilidade de mudança nesse quadro com a eleição de José Serra como presidente da república.

Leia Mais ...


>> José Luis Oreiro já concedeu outras entrevistas à IHU On-Line.
• Projeto Ômega e desindustrialização, publicada em 12-7-2010, nas Notícias do Dia. Disponível no link <http://migre.me/11ayz>;
• Crise econômico-financeira. Projeções para 2009. Entrevista publicada em 19-11-2008, nas Notícias do Dia. Acesse em <http://migre.me/11aAm>.

Últimas edições

  • Edição 552

    Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

    Ver edição
  • Edição 551

    Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

    Ver edição
  • Edição 550

    Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

    Ver edição