Edição 374 | 26 Setembro 2011

Lima Vaz, um trabalhador da filosofia

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Márcia Junges



IHU On-Line – Quais são os aspectos mais instigantes de sua filosofia?

Delmar Cardoso – Não é fácil responder a essa pergunta. Seus Escritos de filosofia chegaram a sete volumes durante sua vida. Lembro que o livro publicado neste ano como oitavo volume dos seus Escritos de filosofia, cujo subtítulo é Platonica (em latim) foi-lhe apresentado como projeto editorial em 2001. Também enquanto vivia, ele publicou os dois volumes de sua Antropologia filosófica. Esses dados nos permitem dizer que tais publicações revelam aspectos que ele próprio considera relevantes de sua filosofia. E aqui faço questão de sublinhar os dois volumes de sua Introdução à ética filosófica. Em linhas gerais, podemos dizer que seu interesse é pela filosofia que se sabe filosofia, daí que o próprio papel e tarefa de filosofia são os temas especialmente tratados por Henrique Vaz.

IHU On-Line – Sua filosofia seria uma resposta ao relativismo e ao declínio da razão ética de nosso tempo? Por quê?

Delmar Cardoso – O filósofo não existe propriamente para dar respostas, mas para questionar e questionar-se. Questionar e questionar-se a partir da filosofia. Quem acompanhou os últimos dias de vida de Lima Vaz diz que ele malmente chegou a ver seu último livro publicado, Raízes da modernidade. Esse episódio bem revela o que vem a ser um autêntico filósofo: não pode ser alguém dado a assuntos e temas badalados, mas alguém realmente preocupado em pensar seu tempo. E, para pensar o seu tempo, o filósofo tem de tomar distância e investigar. O interesse de Lima Vaz pela história das ideias não consistia simplesmente no trabalho de um arqueólogo, mas na atitude investigativa de alguém que se pergunta com os instrumentos da filosofia em vista do hoje humano.

IHU On-Line – Gostaria de acrescentar algum aspecto não questionado?

Delmar Cardoso – Só mais um ponto: gostaria de falar um pouco do Grupo de Estudos Vazianos – GEVaz, que nasceu na FAJE no começo de 2007. Sua pretensão consiste em incentivar entre os estudantes da FAJE, mas também de outras instituições, a leitura e estudo da obra filosófica de Lima Vaz. É interessante que a FAJE é, por assim dizer, a casa de Lima Vaz. Nossos professores fazem sempre referência a ele e o GEVaz se mostra como uma instância a mais dessa presença de Lima Vaz entre nós. Encontramo-nos a cada 15 dias para as reuniões ordinárias do grupo. A partir de 2008 começamos a organizar os Colóquios Vazianos. Este ano o colóquio teve sua quarta edição. Mesmo com uma divulgação bastante restrita o colóquio tem despertado interesse em muitas pessoas, principalmente de Belo Horizonte e região. Em Fortaleza-CE, há um grupo semelhante. E, como coordenador do GEVaz, muitos pelo Brasil afora me têm contatado demonstrando interesse pela obra filosófica de Lima Vaz.

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