Edição 244 | 19 Novembro 2007

Vieira: múltiplo e contraditório

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IHU Online

Na entrevista que concedeu por e-mail para a IHU On-Line, Hansen fala sobre a importância de Antônio Vieira para a literatura brasileira e afirma que “Vieira não é cartesiano nem iluminista, mas um escolástico caudatário da latinidade. Assim, ele inventa o discurso pressupondo que a mente, os conceitos, os signos e as coisas se correspondem por meio da participação ou analogia em Deus”.

João Adolfo Hansen, professor da USP, é mestre e doutor em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Ele atua na área de Letras, com ênfase em estudos comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. Entre os livros que publicou, citamos O o: a ficção da literatura em Grande sertão: veredas (São Paulo: Hedra, 2000); A sátira e o engenho (São Paulo: Ateliê Editorial, 2004);  Solombra ou a sombra que cai sobre o eu (São Paulo: Hedra, 2005); e Alegoria: construção e interpretação da metáfora (São Paulo: Hedra, 2006). Também organizou a obra Cartas do Brasil (São Paulo: Hedra, 2003), de Antônio Vieira.

IHU On-Line - De que modo a obra de Antônio Vieira pode ser inserida no estudo da literatura brasileira? Ele trouxe, como disse Oswald de Andrade, em seu Manifesto Antropófago, a “lábia” para o Brasil, ou o poeta modernista estava sendo rígido?
João Adolfo Hansen -
Acho que há vários modos. Um deles, por exemplo, constitui os preceitos das obras, determinando os modos como Vieira pensa seu tempo histórico e define “história”, “linguagem”, “homem”, “ação”, “profecia”, “sentido” etc., nas circunstâncias do tempo da sua ação entre, principalmente, 1626 e 1697. Os modos de conferir significação e sentido operam com categorias teológico-políticas, fundamentadas nas autoridades da metafísica escolástica, Santo Tomás, Francisco Suárez , Giovanni Botero  etc., e também em Santo Agostinho, Hermógenes, Cícero, Aristóteles etc. e integram-se na “política católica” ibérica mercantilista, anti-luterana e anti-maquiavélica. Evidentemente, os discursos pressupõem os gêneros – o demonstrativo, o deliberativo, o judicial, no caso da oratória; e os gêneros da ars dictaminis, a arte de escrever cartas, no caso da epistolografia. Feito isso, é possível também reconstituir as apropriações da obra de Vieira do século XVII até hoje, para determinar os valores-de-uso dela em diversos programas políticos e artísticos de orientação ideológica diferente e muitas vezes contraditória (por exemplo, as interpretações católicas; as interpretações pombalistas no século XVIII; as interpretações românticas, liberais, positivistas etc. dos séculos XIX e XX; as interpretações salazaristas, fascistas, marxistas do século XX; as interpretações modernistas, modernas e pós-modernas dos séculos XX e XXI etc.). Com a relação dos dois conjuntos - os preceitos, os modos, as funções, a comunicação, os usos da obra no século XVII e as diversas recepções históricas desde o XVII –, é possível determinar valores que evidenciam que “Vieira” é múltiplo e contraditório.

Quanto a Oswald de Andrade , não estava sendo rígido, mas apenas destrutivo, como autor de vanguarda. Como se sabe, a Antropofagia Cultural declara guerra às “religiões de meridiano”, acusando o Cristianismo de ser uma religião repressora. Vieira foi missionário jesuíta ou representante da moral católica que vestiu o índio. “Lábia”? Sim, muita lábia. Mas a retórica a prevê, pois de outro modo o discurso não é eficaz, ou seja, não ensina, não agrada e não persuade.

IHU On-Line - Sob um ponto de vista histórico, como o senhor vê a influência de Vieira no Barroco brasileiro?
João Adolfo Hansen -
Sob um ponto de vista histórico, eu começaria dizendo que “Barroco” e “Barroco brasileiro” são invenções neokantianas, romântico-positivistas, do final do século XIX e do século XX. Evidentemente, podemos usar a fórmula, mas ela implica categorias  contínuo evolucionistas do idealismo alemão, que são totalmente exteriores ao tempo de Vieira. Seu uso é anacrônico, e eu prefiro não falar de “Barroco”, substituindo a fórmula por algo material, ou seja, a arqueologia das categorias que ordenam as práticas sociais no tempo de Vieira. No século XVII, a obra dele foi imitada ou emulada como autoridade, principalmente a obra oratória, que serviu de modelo para muitos outros sermonistas da Companhia de Jesus e de outras ordens religiosas. Devemos lembrar que Vieira é jesuíta, ou seja, pensa, antes de tudo, a eficácia prática da obra nas questões do seu tempo segundo o preceito de Inácio de Loyola: “ser útil”; nesse sentido, a obra é uma intervenção interessada nas principais questões políticas, econômicas e religiosas de então. Lembremos, por exemplo, a defesa da liberdade dos índios aldeados pela Companhia de Jesus contra os coloniais escravistas e os bandeirantes de São Paulo; a defesa do abrandamento dos “estilos” do Santo Ofício da Inquisição visando os capitais judaicos que financiariam as companhias de comércio etc. Vieira também interveio profeticamente em seu tempo, em textos como a História do futuro e Clavis Prophetarum, que anunciam o advento do V Império.        
     
IHU On-Line - A obra de Vieira possui um fundo poético. De que modo ele constrói a linguagem, o jogo entre luzes e sombras, a proliferação de metáforas, analogias, paralelismos?
João Adolfo Hansen -
Vieira não é cartesiano nem iluminista, mas um escolástico caudatário da latinidade. Assim, ele inventa o discurso pressupondo que a mente, os conceitos, os signos e as coisas se correspondem por meio da participação ou analogia em Deus. Vieira compõe segundo um procedimento nuclear, que o século XVII chamou de “ornato dialético”: consiste, basicamente, numa técnica de analisar conceitos metaforizando-os. Dialeticamente, ele define as tópicas de que trata por meio de divisões que as especificam analiticamente como subtemas cada vez mais particularizados por novas divisões. Um modo muito rotineiro dessa operação dialética consiste na aplicação das 10 categorias aristotélicas - substância, ação, paixão, qualidade, quantidade, relação, posição etc. -  à tópica que se analisa, obtendo-se a cada vez 10 definições. Simultaneamente, Vieira dispõe cada definição ou conceito obtido pela análise numa ordem sintática que imita os períodos asiáticos, amplos e redondos, de Cícero. Ou, ainda, a formulação por prótase e apódose, que faz o enunciado como que subir até um ponto máximo de intensidade e, depois, descer, até o ponto final: “Se A+B+C+D então D+C+B+A.”. Quase sempre, a oração que compõe o período é simétrica, ou seja, formulada com 2 membros (A+B), 3 membros (A+B+C), 4 membros (A+B+C+D), 5 membros (A+B+C+D+F) etc., sendo seguida de outras orações com a mesma quantidade de membros, o que produz um espelhamento contínuo entre os termos. Por exemplo: “Obras da natureza feitas devagar são milagres; milagres são obras da natureza feitas depressa”. Ao mesmo tempo, a operação é retórica: Vieira pensa analogicamente as relações entre os conceitos dos termos, aproximando conceitos muito distanciados. Com isso, ele os figura por meio de metáforas e alegorias que produzem efeitos engenhosos e agudos. Por exemplo, quando estabelece relação entre “sal”, “sal da terra” e os “três Estados”, nobreza, clero e plebe. Ou quando compara a encarnação de Cristo no ventre de Maria e os círculos concêntricos produzidos na água quando uma pedra é lançada. Essas relações metafóricas podem parecer muito arbitrárias para nós; mas, em seu tempo, elas são motivadas substancialmente, pois a metafísica escolástica afirma que todos os seres e todos os conceitos dos seres participam em Deus segundo a lei natural da Graça inata. Assim, o que Vieira faz é demonstrar as conveniências explícitas e implícitas entre os seres criados, do mineral ao anjo, seus conceitos e os signos que os figuram.

IHU On-Line - O senhor escreve, no artigo “Vieira, o profeta da luz” , que “Vieira é ortodoxo e pensa que a eternidade está em todos os tempos, como participação deles no conceito absolutamente idêntico a si de Deus”. Nesse sentido, qual é a visão que Vieira possuía do futuro?
João Adolfo Hansen -
O conceito de tempo de Vieira não é iluminista, ou seja, ateu. Ele pressupõe que o tempo é criado por um ser absolutamente perfeito e infinito, Deus, que é a Causa Primeira da natureza e da história. Na atualidade da eternidade de Deus, todos os tempos humanos já estão completados. Para os homens, porém, que são finitos e vivem apenas uma parte do tempo, Deus revela o sentido da consumação final dos tempos em sinais proféticos. Assim, como Causa Primeira e Causa Final, Deus está presente em todos os tempos históricos - por exemplo, no tempo histórico dos homens do Velho Testamento, no tempo histórico dos homens do Novo testamento, no tempo histórico dos homens do Império Português no século XVII. Vieira pensa a relação entre os diversos tempos históricos como allegoria in factis, a alegoria factual ou figura da Patrística e da Escolástica: interpreta os homens e os acontecimentos (não as palavras que os representam) do Velho Testamento, por exemplo, Moisés e a saída dos hebreus do Egito, como revelações proféticas da vontade de Deus. A interpretação estabelece relações de semelhança e diferença entre os homens que vieram antes e os homens que vivem agora, demonstrando as concordâncias que evidenciam o projeto divino para a história; com isso, Vieira também pode propor o que há-de vir como História do futuro. Trata-se, sempre, de uma história providencialista, que evidencia a participação da Providência divina no tempo como aconselhamento da ação justa. No caso, com a profecia do V Império, Vieira estabelece relações entre a história portuguesa e a história bíblica, afirmando que Portugal é a nação escolhida por Deus para cristianizar todo o planeta. Toda a obra dele trabalha para consagrar a dinastia dos reis Bragança como dinastia escolhida por Deus. Nesse sentido, a obra de Vieira intervém na memória, na vontade e na inteligência dos súditos do Império Português para uni-los como uma única memória, vontade e inteligência na realização desse futuro que, no presente, é contingente, dependente do livre-arbítrio humano.

IHU On-Line - Nesse mesmo artigo, o ensaio escreve que o pensamento de Vieira é “uma metáfora qualificada do divino”. É possível aproximar Vieira do Sublime de Longino, mais artístico, ou essa passagem da metáfora para o divino ainda é intermediada pela reflexão de raiz mais religiosa?
João Adolfo Hansen -
Vieira, como demonstrou o grande estudioso de sua obra, Alcir Pécora , sempre pensa a eficácia de sua ação. Ele não é iluminista, ou seja, não conhece a classificação dos regimes discursivos e as disciplinas e os saberes que, a partir do final do século XVIII, é classificação que separa os produtos culturais como “ciência”, “filosofia”, “arte”, “religião”, “direito”, “ideologia” etc. determinando discursos específicos para elas etc. Quero dizer, quando ele compõe poeticamente, dialético-retoricamente, o fundamento da sua linguagem é sempre metafísico; e é fundamento metafísico sempre atualizado em categorias históricas, as categorias teológico-políticas da “política católica” portuguesa do século XVII. Ele conhece Longino , evidentemente, mas também Dionísio, o Pseudo-Areopagita e outros platônicos, por isso mesmo evidencia o sublime quando se refere à absoluta indeterminação do conceito de “Deus”. Ou seja: a identidade do conceito de Deus é indeterminada e impensável pela mente finita ou humana. Logo, os modos retoricamente mais adequados para falar de Deus são os modos que compõem a indeterminação do seu conceito, como modos que afirmam a impossibilidade de representar Deus. Por exemplo, no sermão de Nossa Senhora do Ó, acho que de 1640, Vieira fala de Deus como círculo que tem o centro em toda a parte e a circunferência em nenhuma. Aqui, a imagem é a mesma que encontramos como figura de “eternidade” no Hieroglyphica, o grande livro de emblemas de Horapolo.

IHU On-Line - O crítico Luiz Costa Lima falava sobre a “cultura auditiva” que há no Brasil. Como podemos visualizá-la em Vieira, levando em consideração as leituras que ele fazia em público? Havia um fonocentrismo em Vieira?
João Adolfo Hansen -
Uma das teses principais que Martinho Lutero publicou em Wittenberg, em 1517, é a da sola scriptura, pela qual determina que a traditio - os ritos visíveis da Igreja Católica - não é necessária, pois basta o fiel ter uma Bíblia e lê-la em silêncio, sozinho, esperando o auxílio divino. A tese dispensa o clero como mediador entre Deus e os fiéis. No Concílio de Trento, ela foi declarada herética e os bispos do Concílio determinaram que a divulgação da Palavra divina seria feita por pregadores que, no ato da fala, seriam iluminados pelo Espírito Santo. A Igreja Católica proibiu a posse e a leitura da Bíblia aos seus fiéis e determinou que a oralidade seria o meio de divulgação do dogma. Nesse sentido, as novas ordens religiosas criadas para combater a Reforma protestante, como a Companhia de Jesus, reativaram a retórica antiga (Aristóteles, a Retórica a Herênio, Cícero, Quintiliano, Marciano Capela etc.), ensinando-a nos colégios e seminários como técnica adequada para falar bem, de modo eficaz. Como se sabe, Vieira mesmo foi professor de retórica em Olinda. Nesse sentido, há um fonocentrismo em Vieira. (Mas ele não lia os sermões, pois isso era entendido como inépcia de mau pregador ou de pregador preguiçoso. Como outros pregadores dos séculos XVI e XVII, ele costumava usar um caderninho com lugares-comuns e conceitos predicáveis extraídos das Escrituras que aplicava à circunstância do sermão, adequando o discurso à data litúrgica, ao assunto e à condição do público. Como se sabe, ele só escreveu os sermões depois de voltar para a Bahia, em 1681. Os sermões começaram a ser publicados por volta de 1687, 10 anos antes da sua morte; mas ele os vinha fazendo desde 1626). Mas talvez também fosse preciso distinguir e lembrar, por exemplo, que a oralidade é, no caso, uma voz que repete o ditado de uma Palavra essencial que é Letra, escrita num texto sagrado em línguas sagradas, hebraico, grego, latim, a Bíblia, e em outros textos canônicos autorizados que a repetem no comentário. Nesse sentido, a voz de Vieira dirige-se aos ouvidos de um público empírico que, no caso do Brasil, era em sua maioria analfabeto. Mas esse público devia “ler”, no som e no sentido das palavras, a Letra escrita da Verdade, que era novamente revelada pelo padre como presentificação da Presença.

IHU On-Line - Pode ser feita uma aproximação do questionamento da metafísica e da linguagem de fundo barroco, que o senhor estuda em Guimarães Rosa (no estudo O o: a ficção da literatura em Grande sertão: veredas), com a obra de Antônio Vieira?
João Adolfo Hansen -
A ficção de Rosa tem muito da imaginação platônica do signo quando paradoxos e indeterminação. Por exemplo, Plotino  e a idéia da beleza intelectual e das palavras não como representação, mas como logoi spermatikoi, como “sementes” ou forças produtoras da realidade - como lemos, por exemplo, em “O recado do morro”, e praticamente em todos os textos de Rosa. É possível, certamente, fazer a comparação. Mas acredito que as determinações históricas das duas obras, Rosa e Vieira, são outras: pensemos que Rosa escreve depois dos idealistas alemães, depois do romantismo, depois das experiências vanguardistas com a linguagem, depois da Revolução Soviética, depois do modernismo de 1922, quero dizer, a obra dele pressupõe diversas determinações modernas, que implicam outras conceituações de sujeito, linguagem, realidade, ação, tempo, história, arte, representação etc. Falando genericamente, desde o final do século XVIII iluminista, com Kant, por exemplo, Deus está morto e elas são mais e mais conceituações nominalistas, que não pressupõem as unidades metafísicas da consciência, do signo e da realidade determinadas por um princípio absoluto, Deus, como sua causa e fim, como acontece em Vieira. Provavelmente, a comparação de duas metáforas, uma de Rosa, outra de Vieira, poderia evidenciar a identidade do procedimento técnico de transferência ou condensação de um signo por outro, num caso e noutro caso. Mas as determinações históricas do procedimento metafórico e a significação e o sentido dele são totalmente diferentes, bastando lembrar que Rosa viveu numa sociedade de classes em que Deus está ausente e que Vieira viveu numa sociedade definida como “corpo místico” de indivíduos e ordens sociais subordinados a um rei orientados profeticamente por Deus.

IHU On-Line - Qual era a visão que Vieira tinha da relação do Brasil com a Europa? 
João Adolfo Hansen -
Para responder esquematicamente, podemos pensar essa relação com uma triangulação, Portugal-Brasil-África, que é econômico-política, também religiosa, e que também implica o projeto de controle do Atlântico Sul. Antes de tudo, podemos pensar que o Estado do Maranhão e Grão Pará e, principalmente, o Estado do Brasil, são regiões produtoras de mercadorias vendidas por Portugal na Europa, como o açúcar, o tabaco, madeiras, peles, farinhas etc., explorando o trabalho escravo. Uma idéia nuclear de Vieira é obter os grandes capitais dos judeus que fugiram da Inquisição e que no século XVII estão refugiados nos Estados Gerais holandeses e na França, para financiar duas companhias de comércio, a Companhia das Índias Orientais, para a Índia, e a Companhia das Índias Ocidentais, para a América. Vieira previa que elas teriam grandes navios de carga vigiados por navios de guerra muito bem armados e que impediriam o saque de piratas e as contínuas perdas da produção que enfraqueciam o Império. Enquanto isso, a Coroa tem o monopólio do tráfico negreiro, fornecendo escravos africanos, buscados principalmente na Guiné e em Angola para os dois Estados, Brasil e Maranhão. Como diz Vieira, sem Pernambuco não há açúcar; sem Angola, não há Pernambuco. O monopólio determina a recolonização contínua dos colonos que dependem da Coroa para obtenção de mão-de-obra. No Brasil, a Companhia de Jesus catequiza índios e os aldeia, proibindo a escravização deles pelos colonos e só a admitindo em casos de índios vencidos em “guerras justas” ou de índios prisioneiros de outros índios para serem comidos e que são comprados ou trocados. Objetivamente, a defesa da liberdade do índio reforça a dependência colonial da mão-de-obra africana fornecida pela Coroa e concorre para garantir a posse portuguesa do Atlântico Sul. Vieira interpreta a liberdade do índio brasileiro, profeticamente, como vontade de Deus. Por exemplo, nos vários sermões que faz no Maranhão entre 1651 e 1661, principalmente no sermão da Epifania, que fez em Lisboa em 1662, depois que a Companhia de Jesus foi expulsa de Belém pelos coloniais escravistas, afirma que a América é o 4º Rei Mago que vem adorar Cristo. Os três anteriores, que estiveram na manjedoura quando Cristo nasceu, representavam os três continentes então conhecidos, a Europa, a África e a Ásia. A América existia, evidentemente, mas não conhecia Cristo. Ou seja, na primeira vez, Deus cria o mundo sozinho; mas a criação não terminou e os reis portugueses da dinastia de Avis ( D. João II, D. Manuel, D. João III, D. Sebastião), principalmente os dois primeiros, foram causas segundas ou instrumentos da vontade divina quando descobriram o Brasil. Com o descobrimento do Brasil, eles conduziram uma parte da humanidade que não conhecia a revelação de Cristo (os índios) para o grêmio da Cristandade. Como uma nova dinastia que libertou Portugal do domínio da Espanha, os Bragança (D. João IV e seus filhos, D. Afonso VI e D. Pedro II) lideram o país como príncipes escolhidos por Deus para conduzir a América a esse destino.

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